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Opinião

O poder está em nossas mãos

O papel das marcas para a conscientização socioambiental em diferentes esferas


27 de setembro de 2022 - 6h00

(Créditos: Shutterstock)

ESG, a sigla para Environmental, Social and Governance (que é traduzida como Ambiental, Social e Governança) e que foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) é um tema cada vez mais importante de ser discutido não só pelas empresas, mas por toda a sociedade. Especialmente diante do aumento dos impactos socioambientais negativos gerados pela ação humana, como o desmatamento desenfreado, que atinge não só a flora e a fauna, mas sobretudo as populações dessas regiões. Se, antigamente, atuar por meio de práticas que contribuem para a conservação da natureza e para o cuidado com as pessoas era considerada uma atitude inovadora, uma questão de escolha das marcas, hoje observamos que se trata de uma causa primordial.

Dados inéditos disponibilizados pelo PlentaMata – plataforma de monitoramento da Amazônia desenvolvida por MapBiomas, InfoAmazonia, Natura e HackLab – demonstraram que mais de 400 milhões de árvores foram derrubadas entre janeiro e setembro de 2022 em território brasileiro, o que equivale a seis cidades do Rio de Janeiro (7.190 km²). O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também detectou um aumento de 51% em focos de incêndio no bioma amazônico nos primeiros nove meses deste ano em comparação a mesma época em 2021, que pode ser considerado o maior número de queimadas neste período desde 2010. E, recentemente, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) emitiu um alerta por meio da divulgação do seu novo relatório coordenado, o United in Science, onde aponta que as concentrações de gases de efeito estufa continuam a subir a níveis recordes.

As consequências desses danos estão cada vez mais nítidas e visíveis: mudanças climáticas, desastres naturais, incêndios florestais, secas prolongadas, perda de biodiversidade, diminuição da demarcação de terras indígenas e impacto em comunidades tradicionais são algumas e que estão se tornando mais frequentes, podendo trazer prejuízos irreversíveis ao colocar em risco todas as formas de vida que habitam a Terra. A Amazônia possui a maior biodiversidade do mundo e é essencial para o equilíbrio de diversos ecossistemas presentes em nosso planeta. O bioma também é um diferencial de riqueza do Brasil, pois possui uma imensa variedade de espécies importantes para a produção de insumos utilizados em medicamentos, alimentos e outros tipos de produtos, contribuindo para a movimentação da economia do país e sobrevivência de populações locais.

E como as marcas podem, e devem, se movimentar em prol da transformação dessa realidade? Como empresas, precisamos utilizar o nosso gigantesco poder de influência em diversas esferas sociais – como setor público ou privado, organizações não-governamentais e consumidores – para estimular o combate à devastação da floresta e a construção de um modelo econômico que priorize o bem-estar socioambiental. Aí entra desde ativações incentivando a reciclagem de resíduos, ou o lançamento de uma campanha para colaboradores e consultoras incentivando o Voto Consciente, pensando no tema socioambiental, até o apoio à coleta de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular “Amazônia de Pé”, que tem como objetivo destinar 57 milhões de hectares de florestas públicas na região para a conservação do bioma e proteção dos povos locais.

A comunicação também tem um papel crucial nesse debate como uma ferramenta muito poderosa e transformadora, que pode e deve ser utilizada por marcas que desejam utilizar suas vozes para incentivar mudanças de comportamento por meio da disseminação de conhecimento, da sensibilização sobre o tema e do estímulo à mobilização social. Um exemplo é a campanha “O Poder Está em Nossas Mãos”, que chama atenção para a importância do consumo consciente e das escolhas do dia a dia na conservação e regeneração da Amazônia, visando divulgar informações sobre desmatamento e abrir espaço para o diálogo entre pessoas interessadas no tema, ativistas, lideranças, especialistas e profissionais que desejam se engajar em defesa da região.

Vale reforçar que tanto consumidores, quanto investidores estão cada vez mais de olho em companhias que geram impactos positivos para o mundo. Nos últimos anos, a sigla ESG também ganhou maior visibilidade também no mercado financeiro, que cada vez mais considera práticas sustentáveis como fatores de decisão para a análise de riscos de investimentos. O relatório “Cinco tendências para 2022 e além”, do IBM Institute for Business Value, também revelou que 54% das pessoas estão mais dispostas a pagar mais caro por itens e serviços que não prejudicam o meio ambiente.

Além disso, a concepção de que não é possível crescer economicamente quando se prioriza práticas sustentáveis é completamente ultrapassada. É perfeitamente possível obter lucro, ao mesmo tempo em que se utiliza recursos naturais de maneira responsável. Hoje, já temos um mercado voltado para compensação de carbono e mecanismos de pagamento por serviços ambientais, que tornam a conservação da biodiversidade algo mais rentável que a sua destruição.

Desenvolvimento econômico, progresso social e conservação da biodiversidade devem caminhar sempre juntos. Por isso, é fundamental que o setor privado assuma seu papel social nesse sentido, tenha consciência sobre os impactos que geram por meio de suas atividades e busque minimizá-los ou extingui-los completamente, adaptando seus modelos de negócios e ações de comunicação para inspirar toda a sociedade a se conscientizar e se movimentar também. É apenas desta maneira que empresas e consumidores serão capazes de criar soluções, juntos, para contribuir com a resolução dos desafios socioambientais atuais e tornar o Brasil um país líder em economia sustentável, capaz de gerar riqueza, renda e maior valor compartilhado para todos e todas.

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