4 de junho de 2021 - 6h00
(Crédito: Cihatatceken/istock)
Em seu recente estudo 2021 Meaningful Brands, a Havas nos entrega um perfil nada animador e certamente desafiador para as marcas, constatando que os consumidores estão, hoje, nada menos do que cínicos diante das marcas.
Por cínicos, entendamos: “até consumo você, mas você não me engana. Não mais”. Em português, talvez pudéssemos melhor traduzir como “ceticismo”. O fato é que a fé dos consumidores nas marcas está cada vez mais instável. A pesquisa revela que 71% dos consumidores entrevistados têm pouca fé que as marcas cumpram suas promessas.
O estudo, que é global, revela que o cinismo do consumidor atingiu seu ponto mais alto nos últimos anos e, enquanto apenas 47% dos 395.000 consumidores pesquisados de todo o mundo afirmam que as marcas são vistas como confiáveis, esses mesmos entrevistados afirmam que 75% das marcas poderiam desaparecer da noite para o dia e a maioria das pessoas não se importaria ou poderia facilmente encontrar uma marca substituta.
Além disso, apenas 34% dos consumidores pesquisados globalmente acham que as empresas são transparentes sobre seus compromissos e promessas.
“Neste estudo, as pessoas não se contiveram em deixar as empresas saberem como se sentem”, disse Mark Sinnock, diretor de estratégia global de criação da Havas, à Adweek.
“As pressões existenciais causadas pela Covid, a insegurança econômica, as crescentes desigualdades sociais e injustiças e a catástrofe climática expuseram uma tensão crescente entre as empresas e seus clientes que os proprietários e gerentes de marcas realmente precisam digerir e reconhecer.”
Em análise da Adweek, a pandemia, se não foi diretamente responsável por esse crescente cinismo, certamente não ajudou. Como o estudo vem sendo feito recorrentemente ao longo dos últimos anos, a tendência do cinismo já vinha sendo acompanhada.
Este foi o 12º ano consecutivo em que o estudo encontrou um declínio no valor que a maioria dos consumidores vê nas marcas. E um ano politicamente instável, desinformação crescente e uma crise global de saúde só piorou a opinião das pessoas sobre as marcas. Três quartos dos cidadãos globais sentem que estamos vivendo em uma crise global em quatro áreas principais: saúde pública, economia, política e meio ambiente. A confiança na marca é mais baixa na América do Norte, com 39%, e no Leste Asiático, com apenas 24%.
Enquanto a confiança das marcas está em baixa, as expectativas para que elas possam mudar esse quadro segue em alta. Dos pesquisados, 73% acham que as marcas devem agir agora pelo bem da sociedade e do planeta. Além disso, 64% das pessoas agora estão agindo, preferindo comprar de empresas com uma reputação de propósito – um aumento de 10 pontos desde 2019. E 53% das pessoas irão ainda mais longe, dizendo que estão dispostas a pagar mais por uma marca que se posiciona.
Cinismo ou ceticismo, a dura realidade é que as marcas enfrentam hoje seu maior desafio histórico diante de uma sociedade, de resto, crítica e cética com muitas outras coisas mais.
Entender-se como parte integrante dessa sociedade, engajando-se nela como nunca antes, parece ser a única saída para tudo isso.
Conheça e consulte o estudo da Havas aqui.