Maximídia

Rebeca Andrade: flexibilidade para ser campeã

Maior medalhista olímpica do Brasil divide sua rotina entre os treinos, os estudos e a família e já pensa no futuro

i 2 de outubro de 2025 - 13h59

Maior medalhista olímpica do Brasil, Rebeca Andrade encerrou o segundo dia de palestras do Maximidia (Crédito: Eduardo Lopes / Máquina da Foto)

Maior medalhista olímpica do Brasil, Rebeca Andrade encerrou o segundo dia de palestras do Maximidia (Crédito: Eduardo Lopes / Máquina da Foto)

Rebeca Andrade, a maior medalhista olímpica do esporte brasileiro, se preparada para competir em sua última Olimpíada. No palco do Maximidia, encerrando a programação dessa quarta-feira 1, a ginasta revelou que os Jogos de Los Angeles marcarão sua última participação na competição que a projetou como um dos maiores nomes da história esportiva do Brasil e do mundo.

A ginasta afirmou que essas provas exigem muito do seu corpo e que precisava entender a hora de parar. “Esse vai ser o meu último ciclo, tirei o solo, é o que mais exige do meu corpo. Não queria sentir mais aquela dor, apesar dos desafios, precisa ser confortável, foi com esse pensamento que eu tomei essa decisão”, explicou.

Para o futuro, Rebeca se vê como psicóloga – faculdade que está cursando – para trabalhar com outros atletas, além de ser palestrante e criar um instituto para crianças.

Cuidados com o corpo e com a mente

Apesar de todo o prestígio e reconhecimento que a ginasta tem hoje, sua trajetória também passou por momentos que exigiram de Rebeca resiliência e perseverança. Em 2015 perdeu o Campeonato Mundial devido a uma lesão no Ligamento Cruzado Anterior (LCA), que é um problema grave no meio esportivo.

Depois disso, em 2017 e 2018 também sofreu com a recorrência dessa lesão e teve que passar por um período difícil de recuperações. Embora tenha passado por períodos difíceis, Rebeca atingiu um dos mais altos patamares na vida de um atleta, coroada com um ouro no solo nos Jogos Olímpicos de Paris e reverenciada pelas rivais norte-americanas que dividiram o pódio com ela,  Simone Biles e Jordan Chiles.

“É uma posição que foi difícil de ser conquistada, eu entendo a importância e o lugar que eu tenho hoje. Temos que ter paciência e acreditar no processo”, diss,e durante o evento.

A ginasta explicou que tudo isso só é possível devido aos cuidados que ela e sua equipe têm que vão além do tratamento físico, com foco na saúde mental. Rebeca afirmou que isso é de extrema importância não só para os atletas de alta performance, como ela, mas para todas as pessoas.

“Tenho acompanhamento psicológico desde os 13 anos. Esse profissional não vai te dar as respostas, mas vai mostrar o caminho, é a melhor coisa para viver no esporte, que passamos por pressão, por momentos tristes e felizes”.

A atleta citou, ainda, a companheira de modalidade, Simone Biles, que foi uma das personagens mais importantes nos debates sobre o assunto quando em 2020, durante os Jogos Olímpicos de Tóquio desistiu de algumas p rovas para focar em sua saúde mental.

“A Simone é a melhor atleta do mundo e teve um problema, não somos robôs. Quanto mais eu puder falar de saúde mental, o cuidado que tenho comigo é a melhor coisa que eu posso fazer”, completou.

Representatividade e influência

Toda essa bagagem adquirida por Rebeca durante a sua carreira também fez com que ela entendesse o seu papel diante de jovens e crianças brasileiras que sonham em ser atleta como ela.

Tendo Dayane dos Santos, ginasta brasileira, como sua inspiração nos tablados, e sua mãe como inspiração na vida, a ginasta contou que faz o possível para que os jovens, especialmente as meninas, se vejam nela e entendam que elas podem chegar longe.

Rebeca diz que o pódio com Simone e Jordan em 2024 foi muito representativo, também, por ser a vitória de três mulheres pretas, algo que ainda não havia acontecido na modalidade. “Não foi só ganhar a medalha, mas é uma representatividade. Foi muito especial, um momento gigante e vemos a grandiosidade do que isso representa”, comentou.

A ginasta foi considerada no ano passado uma das personalidades mais influentes do Brasil segundo a pesquisa “Most Influential Celebrities” da Ipsos do ano passado. A atleta ocupava a segunda posição, ficando atrás apenas de Gisele Bündchen, que liderava o ranking pelo segundo ano seguido.

Com isso, a atleta usa as redes sociais para se conectar com os fãs. Mas, nesse caso, faz uma curadoria muito específica do que quer mostrar ou não, deixando mais privado aspectos da vida familiar e pessoal.

“Sempre fui muito ligada as redes, é um meio de estar mais conectada com os fãs, é tranquilo de lidar porque eu tenho uma equipe que me ajuda a lidar com essa parte da minha carreira. Eu posto só o que eu quero e como eu quero”, afirmou.

Relação com as marcas e patrocínio

Rosto de marcas como Havaianas, Parmalat, Sadia e Volvo, Rebeca é considerada um case de sucesso na publicidade. A atleta olímpica afirmou que só aceita fazer parcerias com produtos que ela usa e que já chegou a negar publis por não conhecer ou fazer uso.

Já as companhias que conseguem conquistar o seu coração mantem com ela uma boa relação. A ginasta contou no palco que se sente muito à vontade com as suas parcerias e que, às vezes, até participa da concepção das campanhas.

“As vezes eu participo, as vezes eles chegam com a campanha pronta, mas as marcas tem que ter valores e princípios parecidos com os meus”, disse.