Marco Venturelli: cultura como motor da ambição criativa
Presidente e CCO global da Leo falou sobre como a cultura pode ser um diferencial no valor agregado criativo
Manter a motivação dos times para a construção de bons trabalhos é, para Marco Venturelli, presidente e CCO global da Leo, um dos grandes desafios das agências na atualidade. Com avanços tecnológicos, como a inteligência artificial generativa, em velocidade acelerada e impacto real no dia a dia, surge a urgência de tentar preservar e estimular a ambição criativa das equipes.

Marco Venturelli, presidente e CCO global da Leo foi o terceiro entrevistado da trilha Conexão Global (Crédito: Eduardo Lopes/Máquina da Foto)
O crescente uso da IA, inclusive, tem sido motivo debates dentro e fora da publicidade, por conta da automação de vários processos antes realizados por pessoas. A preocupação, nesse sentido, é o quanto a tecnologia pode afetar essa motivação diária e, até mesmo, o próprio sentido de significado dos profissionais, analisa o executivo, que também preside e lidera a criação da Publicis Conseil. Ele foi entrevistado na quinta-feira, 2, último dia de Maximídia 2025.
“No criativo, essa discussão é particularmente relevante, porque a sensação de que você está criando algo único e de que, de certa forma, você é parte desse processo é muito importante. Frente a isso, precisamos redobrar a aposta na cultura. Temos que tentar criar um ambiente onde a cultura esteja nutrindo os talentos e gere esse elemento invisível de motivação”, opinou.
Para o executivo, essa é uma forma de impulsionar a ambição de buscar além das respostas sequenciais das ferramentas de inteligência artificial e, dessa forma, conquistar vantagem competitiva. “Essa será a batalha número um do nosso setor nos próximos anos; como encontrar uma maneira de ir além e valorizar a busca pela excelência? Não é por acaso que há uma tensão entre o valor humano da ideia e a inovação tecnológica”.
Cultura diversa
Investir em olhares multiculturais é, conforme Venturelli, um jeito de manter viva essa ambição criativa, fator comum em agências que fazem parte de holdings, como a Leo, pertencente ao Publicis Groupe. Assim, a diversificação de talentos se torna um ativo forte, principalmente, em um processo de brainstorming.
“Nosso trabalho é sempre de procurar qual é a vantagem competitiva para os negócios dos clientes. Ter um ponto de vista muito diferente permite que cheguemos àquele ponto cego que os outros não veem. A barreira para acessar ferramentas e recursos vai diminuir cada vez mais, de modo que a diferença, repito, será sobre a cultura”, reforçou.
Além disso, com as fronteiras mais finas devido à globalização, a multiculturalidade também reverbera na efetividade de conteúdos, que precisam performar local e globalmente de forma simultânea, um desafio constante para grandes marcas. Sendo assim, a busca das agências por valor agregado é igualmente perene.
“Há essa camada extra de complexidade onde culturas, no plural, podem ser uma resposta muito forte. Precisamos desse valor extra para algo que precisa ser muito verdadeiro em um lugar específico e, ao mesmo tempo, ressoar em um nível global ou vice-versa. Então, hoje, em um pitch global, a pluralidade de pontos de vista dá um significado à entrega de um ótimo trabalho”, ressaltou.