Maximídia

Mônica Martelli: “A cultura do lugar que vivemos é determinante para formar a nossa identidade”

Atriz, autora e humorista conta como foi a sua trajetória para alcançar o sucesso profissional e reflete sobre o modelo de padrão de vida atual

i 3 de outubro de 2025 - 15h14

Mônica Martelli fala de carreira e sucesso no palco do Maximidia (Crédito: Eduardo Lopes / Máquina da Foto)

Mônica Martelli fala de carreira e sucesso no palco do Maximidia (Crédito: Eduardo Lopes / Máquina da Foto)

Mônica Martelli, Atriz, autora e humorista, subiu ao palco na quinta-feira, 2, no encerramento do Maximídia 2025, para contar um pouco da sua história, por acreditar que poderia gerar muita identificação, já que é repleta de tentativas, tropeços e recomeços.

Formada em jornalismo e em teatro, Mônica contou que sempre se sentiu um pouco deslocada dos padrões estabelecidos para o desenvolvimento profissional e até mesmo pessoal, na formação de uma família. Para ela, vivemos em uma sociedade que faz as pessoas acreditarem que existe somente um modelo bibliográfico para construir uma família.

“É mais ou menos assim: com 23 anos você se forma, com 28 anos você começa a namorar. Com 30 anos você se casa, já começa a ganhar dinheiro, fica bem de vida. Com 35 anos, você já está maravilhosa, morando numa casa linda”, disse. Mas reforçou que nem sempre é assim que deve ser, já que ela própria foi ter o seu almejado reconhecimento profissional com 38 anos e sua filha com 41.

Para a atriz, isso se deve a forma que o ambiente leva as pessoas a acreditarem e confiarem nesse modelo. “A cultura do lugar em que vivemos é determinante para a criação e para a formação da nossa identidade. Assim vai formando nossos valores, formando nossas crenças e nossos desejos. A cultura é o chão que a gente pisa”, afirmou.

Carreira e sucesso

Isso impactou diretamente na sua percepção do que é sucesso e na sua carreira. “O outro deve achar que uma coisa é sucesso para você, para sua vida, mas você não acha que seja. Hoje eu posso dizer: ‘sucesso para mim é eu caminhar de encontro a mim mesma, é tentar ser a melhor versão de mim mesma, dar passos em direção à minha verdade’. Porque se eu faço isso, eu vou celebrar o que é o sucesso”, disse durante a sua apresentação.

Depois de passar por diversos papeis menores na televisão e até mesmo fazer participações em programas infantis, tendo que usar uma fantasia de tartaruga, Mônica teve que se diversificar para conseguir recomeçar e viu na sua mãe, eleita vereadora aos 35 anos, feminista que lutou pelo direito de banheiros femininos em locais públicos, uma inspiração para se reinventar como profissional.

“Ela virou e falou para mim e disse: ‘Mônica, o que que você tá esperando da vida? Que alguém tenha olhos para você? Não fica esperando isso, meu amor. Pega um caixote, vai para a praça, sobe em cima e fala seu texto para o mundo. Mostra para o mundo quem você é’”, contou.

Isso a levou a ser a atriz e escritora que é hoje: protagonista de filmes como Minha vida em Marte, Os Homens são de Marte, Trair e Coçar é só Começar, e ter participado de novelas da Globo, como Beleza Pura e Tititi, além das peças que apresenta, mesmo depois de ter feito papeis que nem sempre brilhavam aos olhos.

A relação com o fracasso

Depois de ter a sensação de ter encontrado a sua tribo e de descobrir o que realmente queria fazer, Mônica entendeu que a sua trajetória foi construída por conta de todos os recomeços que ela teve que fazer.

“Hoje eu sei que a mulher e a profissional que eu sou é resultado dessa trajetória que tive e de tudo isso que eu passei. Hoje eu sei que o fracasso nos fortalece e que o fracassar é não fazer, não tentar. O pior que pode acontecer é não dar certo”, comentou.

Para ela, a palavra que melhor a define é entusiasmo, que vem do grego e significa Deus interior. As pessoas que transmitem essa expressão são as que têm brilho nos olhos.

“A pessoa entusiasmada tem brilho, tem força e alegria. Mesmo sendo uma pessoa muito entusiasmada, eu passava por momentos tristes, momentos desesperançosos”, completou.