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Netflix investe US$8 bi para ser dona do si mesma e matar Hollywood e a TV no caminho.

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Netflix investe US$8 bi para ser dona do si mesma e matar Hollywood e a TV no caminho.

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Blog do Pyr

Netflix investe US$8 bi para ser dona do si mesma e matar Hollywood e a TV no caminho.

Esse valor será investido em conteúdo original proprietário e deixa claro para a indústria de Holywood e de televisão que seu objetivo é acabar com as duas.


29 de outubro de 2017 - 10h24

Serão 8 bilhões de dólares investidos para a produção original de conteúdos a serem consumidos em aparelhos conectados (tvs, celulares e, em breve, sabe-se mais lá o que, com  chegada da Internet das Coisas) e em conteúdos para serem consumidos, inicialmente mas não só, nas salas de cinema.

O desavisado de plantão diria … “ah, entendi, conteúdo para televisão e cinema”.

Pois para os desavisados de plantão vai uma vez mais uma consideração: TV e cinema serão em breve coisas do passado, porque as barreiras dividindo esses silos deixarão de ser claras e não haverá mais “televisão”, nem “cinema”. Hoje já fica difícil dizer onde essas fronteiras existem. O conteúdo online do Globo Play é TV ???

Haverá, como coloquei acima, conteúdos para serem consumidos on demand, onde quer que seja.  E a Netflix sabe muito bem disso. Aliás, parece que sabe disso bem antes do que todos os demais players de Hollywood e do setor de … bem … hummm… digamos… televisão.

O objetivo desse investimento de chapar o côco é ser dono da maior parte possível do seu próprio conteúdo e sinalizar para Hollywood e todo o ecossistema de distribuição de TV (aberta, a cabo, etc.) de que não está para brincadeiras. E que seu objetivo é ser o maior e mais poderoso player da indústria do entretenimento, acabando de vez com cinema e TV como os conhecemos até hoje.

Lembremos que toda essa modificação e o próprio surgimento de um novo player tão poderoso quanto Netflix está diretamente ligado a digitalização da distribuição de conteúdos por streaming e ao poder da internet, que é sobre a qual viaja o mundo OTT.

Para fazer frente a essa revolução, os estúdios tradicionais de produção de conteúdo, ou seja, toda a cadeia que envolve os estúdios de Hollywood e os “canais” de televisão, as emissoras de TV a cabo/por assinatura, estão tendo agora que admitir que essa nova plataforma deverá ser dominante e que precisam achar um jeito de estar nela também. O grande desafio do setor.

Parte dessa cadeia, a de conteúdos de longa duração, filmes e documentários, (ok, se você quiser, o cinema) antes começava em Hollywood, passava pela TV e, há muitos anos, terminava na Blockbustrer, lembra? Ou seja, o conteúdo era produzido originalmente para as salas de cinema e, depois, ia em cascata para outras formas de distribuição, até chegar nos bairros das grandes cidades. O mesmo conteúdo, portanto, monetizado várias vezes. Sendo que era na última milha, exatamente sob o formato de CDs e depois DVDs, que os investimentos realmente se pagavam e geravam montanhas de lucros.

Pois foi por essa ponta final da cadeia que surgiu Netflix, distribuindo DVDs on demand para, logo depois, criar esse seu modelo matador, de distribuição pela web.

Netflix assassinou bunito a Blockbuster e seguiu revolucionando a indústria, de fora para dentro, quando começou a produzir seus próprios conteúdos originais, algo que 100 entre 100 empresários e executivos de cinema e televisão acharam então uma completa insanidade.

Como podemos ver agora, não era bem assim.

Pois essa evolução, nem de longe, vai parar de se sofisticar.

Conteúdos distribuídos pela web podem, por exemplo, ser comprados pela via programática, certo? Isso já começa a acontecer (publicamos aqui no ProXXIma o recente movimento da Smartclip nesse sentido). Muitos investimentos dos anunciantes serão carreados para esse ecossistema automatizado, em tempo real, mensurável na veia e, salvo engano, altamente rentável.

Netflix domina esse cenário chamado de “walled gardens”, jardins com muros, numa tradução chula, em que alguns players de Hollywood tem também suas iniciativas.

Hulu é uma joit ventures da NBC UNiversal, Fox Entertaiment e ABC Inc para distribuição via streaming, na web, como Netflix, de produções dos estúdios MGM, Warner Bros., Sony Pictures Television, entre outros. É um waled garden.

Vai bem. Mas a briga é feia e nela temos também a chegada da Amazon.

Em breve, deveremos ver como Netflix planeja expandir, ainda mais, sua lógica e estratégia de distribuição. Aguarde.

Por enquanto, fiquemos com a informação de que os 8 bilhões de dólares são o preço que a companhia acha razoável pagar para ser dona de seu próprio destino.

Até que, um dia, quem sabe, ela mesma também se veja impelida a atrelar seu destino a alguém ainda maior. Who knows.

(*1) Agora um pouco de polêmica aparentemente inútil.

Tem-se chamado esse mundo ao qual me referi aí acima de mundo do video (video on demand, video streaming, por aí…). Pois eu acho esse nome “video” esdrúxulo, porque ele tenta designar um formato que contém imagens em movimento, assim como audio tenta definir o formato que contém sons. Só que video contém sons e, portanto, deveria ser chamado de audio-video, coisa que ninguém em sã consciência vai fazer. Fico nessa punheta do nome, porque esses conteúdos aos quais estamos nos referindo aqui não são mais televisão, porque o conceito de televisão implica em imagens em movimento distribuídas por sinais aerotransportados, o que não é o caso da internet. Video veio de videotape, conteúdos de imagens em movimento gravados em tapes eletromagnéticos, o que também não é o caso aqui. Estamos falando aqui de conteúdos com imagens em movimento gravados por equipamentos digitais e distribuídos pela internet. Isso não é vídeo nem ferrando. Discutir esse tipo de designação faz enorme sentido porque estamos falando de uma indústria em transformação, em que zilhões de dólares estão sendo investidos. Não tem ninguém investindo zilhões de dólares mais em “televisão”, nem em “vídeo”. Coisa nenhuma. A indústria nascente é a de conteúdos capturados por vias digitais com imagens em movimento distribuídos na web. Isso é o que é. Ponto. Deveria se chamar motion web content ou algo por aí. Uma hora dessas, essa punheta a que me entrego aqui virá à tona. Aposto.

(*2) Para entender mais desse complexo, multi-multi-multi facetado mundo, se tiver interesse, leia a série que escrevi no jornal impresso Meio & Mensagem e aqui no ProXXIma, chamada de “O Futuro da TV”. Foi uma série com quatro artigos. Os 4 você pode ter acesso abaixo.

Futuro da TV (1)

Futuro da TV (2)

Futuro da TV (3)

Futuro da TV (4) 

 

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