Nova campanha Volvo: É propaganda? É conteúdo? Quem se importa …
As barreiras antes claras entre os formatos publicitários clássicos vem sendo disrompida há anos, tendo como um ícone dessa transformação o projeto The Hire, da BMW, de 2001. Agora a Volvo cria sua própria série. É a inovação novamente.
A evolução de formatos, duração, linguagem e dinâmica do storytelling, para não falar da explosão de novos suportes e canais de distribuição, vem transformando este setor da economia que chamamos de “indústria da propaganda” já há alguns anos.
Há um momento icônico nessa trajetória, que foi o The Hire, série de médias metragens estilo meio James Bond do projeto BMW Films, em que grandes diretores de Hollywood assinavam 9 produção diferentes, todas de alta qualidade cinematográfica, tendo como elo comum o fato dos modelos BMW aparecerem aqui e ali em cena, além da presença do ator protagonista de todas as peças, o inglês Clive Owen, no papel do motorista.
Aqui você pode assistir o episódio The Star, com Madonna, dirigido pelo excelente Guy Ritchie, que tempos depois se tornaria seu marido.
Todo esse rico conjunto de pequenas obras-primas da comunicação comercial foi exibido exclusivamente na web, numa época em que não havia redes sociais e os aparelhos mobile nem de perto conseguiam exibir vídeos com qualidade.
Estávamos em 2001 (Uma Odisseia no Espaço?) e a concepção e coordenação geral do projeto foi da Fallon.
Durante a exibição do The Hire no ano seguinte no Festival de Cannes, ovacionado de pé, o projeto acabou por não se enquadrar direito em nenhuma categoria até então existente, e foi por conta dele que teria sido criada a categoria Cyber (reza a lenda), para projetos de internet.
Em 2016 houve uma re-edição da série, mas sem o mesmo sucesso. Não se disrompe nada duas vezes.
Agora a Volvo, sem imitar seu concorrente direto, mas certamente tendo como inspiração a série que virou cult da BMW, coloca no ar também uma série de vídeos com duração não convencional de TV, todos com mais de 5 minutos, em que os seus carros nem de longe são protagonistas.
A criação é da inglesa Valenstein & Fatt e foca nas conquistas humanas (“Human Made Stories”). É emocionante.
Mas é propaganda? É branded content? Que cacete afinal é isso?
Não importa. São peças absolutamente envolventes em que a marca sai enobrecida e que certamente irão cativar multidões de fãs, também não importa onde.
Não se disrompe nada duas vezes. Por isso toda tentativa de evolução da indústria com experiências fora da caixa deve ser sempre celebrada com enorme reverência.