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A estratégia da EMS para o mercado de canetas emagrecedoras

Meta da farmacêutica é de que a linha represente 25% do faturamento em dois anos

i 12 de agosto de 2025 - 6h04

Na última semana, a EMS deu início às vendas de seus primeiros medicamentos que compõe a classe dos agonistas de GLP-1, conhecidos popularmente como canetas emagrecedoras.  Foram dois lançamentos: Olire, que é indicado para o tratamento de obesidade, e Lirux para o controle de diabetes tipo 2.

A estratégia da EMS para o mercado de canetas

Lirux e Olire, da EMS, já estão sendo vendidos nas farmácias (Crédito: Divulgação)

Enquanto outras farmacêuticas nacionais já sinalizaram que esperam a queda da patente da semaglutina, princípio ativo de Ozempic e Wegovy, que pertence à Novo Nordisk, para entrar nesse mercado, EMS optou por começar o desenvolvimento com a liraglutida.

Na entrevista abaixo, Marcus Sanchez, vice-presidente da EMS, explica que a entrada no mercado com uma molécula consolidada e com patentes expiradas permite que a companhia crie base tecnológica, fabril e comercial para avançar na concorrência com a semaglutina no próximo.

Ele também divide a expectativa de que a linha responda por 25% do faturamento da empresa nos primeiros dois anos. Já nos próximos oito anos, EMS projeta faturar cerca e US$ 2 bilhões no Brasil e outros US$ 2 bilhões com exportações. Confira a entrevista:

Meio & Mensagem – Hoje, qual o diferencial competitivo de Lirux e Olire no mercado de canetas emagrecedoras? O que os diferencia frente à concorrência?

Marcus Sanchez – Lirux e Olire são os primeiros análogos de GLP-1 produzidos integralmente no Brasil. Utilizam tecnologia de síntese química de peptídeos, garantindo pureza elevada, maior escala produtiva e menor custo frente à biotecnologia tradicional. Além disso, têm preços até 20% abaixo dos medicamentos de referência e contam com fornecimento nacional, o que assegura previsibilidade e independência de importações, uma vantagem importante em um mercado marcado por escassez e alta demanda.

M&M – EMS sinalizou um investimento de R$ 1 bilhão na inauguração da fábrica de peptídeos, em Hortolândia. Para além da planta fabril, que outros investimentos foram necessários para o início da produção?

Sanchez – Além da nova fábrica, a EMS investiu em centros internacionais de P&D, na Sérvia, Itália e Estados Unidos; no desenvolvimento da tecnologia UltraPurePep; no aprimoramento do IFA e em ações de educação médica continuada. A unidade RBBL (Rio Biopharmaceuticals Brasil Ltda) recebeu mais de R$ 100 milhões, sendo R$ 48 milhões via BNDES. A operação também gerou cerca de 150 empregos diretos e mil indiretos, fortalecendo toda a cadeia nacional.

M&M – Como está estruturada a estratégia de entrada no mercado de agonistas de GLP-1? Por que começar com a liraglutida?

Sanchez – A EMS optou por iniciar com a liraglutida por ser uma molécula consolidada para obesidade e diabetes, com patentes expiradas. Isso permitiu o desenvolvimento local sem entraves legais. A empresa dominou a cadeia produtiva, valorizando a inovação incremental. Essa escolha cria base tecnológica, fabril e comercial para, no futuro, lançar a semaglutida e outras moléculas, com vantagem competitiva já estabelecida.

M&M – Em 2026, com a queda da patente da semaglutida, outras farmacêuticas nacionais já sinalizaram seu interesse em investir nesse mercado. Como a EMS se prepara para o aumento da concorrência? Quais os planos para liderar esse processo?

Sanchez – A EMS já anunciou o lançamento da semaglutida em 2026. Até lá, consolida sua liderança com a produção nacional de liraglutida, infraestrutura robusta e credibilidade técnica. A empresa conta com um portfólio em expansão, estrutura de exportação e investimentos contínuos em P&D. Além disso, está presente junto às especialidades médicas e stakeholders-chave, garantindo confiança e posicionamento estratégico antecipado frente à nova concorrência.

M&M – Quais as prioridades da estratégia de comunicação e compra de mídia da farmacêutica neste segundo semestre de 2025? Está previsto um aumento nos investimentos?

Sanchez – A comunicação foca na consolidação do posicionamento de Lirux e Olire como tratamentos nacionais, seguros, acessíveis e respaldados por inovação. Há um esforço contínuo para reforçar a imagem da EMS como pioneira no segmento de análogos de GLP-1. A estratégia inclui ampliação de presença em veículos de saúde, cobertura de congressos médicos e ações de educação voltadas a prescritores e pacientes. Está previsto, sim, um aumento gradual nos investimentos em mídia e presença digital.

M&M – Qual o impacto esperado/estimado do início das vendas nos negócios e receita da EMS? O que esse mercado deve representar a longo prazo?

Sanchez – A EMS espera comercializar 150 mil canetas inicialmente, chegando a 250 mil até o final de 2025 e 500 mil até agosto de 2026. A linha deve representar cerca de 25% do faturamento da companhia nos dois primeiros anos. A longo prazo, o mercado global de análogos de GLP-1 pode alcançar US$ 150 a 200 bilhões por ano até 2030, e a EMS projeta faturar cerca de US$ 2 bilhões no Brasil e outros US$ 2 bilhões com exportações até os próximos oito anos.