Mídia

Warner e Netflix: coisas estranhas acontecem no streaming

No mundo normal, a Paramount já fez três ofertas, sem sucesso, para adquirir a WBD

i 4 de novembro de 2025 - 6h03

O mundo invertido de Stranger Things, cuja última temporada estreia no final do mês, a realidade é distorcida, assim como mundo das fusões e aquisições (Crédito: Reprodução)

Warner e Netflix: no mundo invertido de Stranger Things, cuja última temporada estreia no final do mês, a realidade é distorcida, assim como no mundo das fusões e aquisições (Crédito: Reprodução)

Entre Warner e Netflix ou Warner e Paramount ou Warner e demais players, qual é o mundo real e qual é o mundo invertido?

Fato: a Paramount Skydance fez, até este momento, três ofertas pela aquisição da Warner Bros. Discovery (WBD). Rumores: a Netflix desponta como forte concorrente pela compra de partes ou o todo da WBD. Por fora, correriam outros players como Amazon, Apple e Comcast.

A Amazon detém o Amazon MGM Studios, a Comcast tem o Universal Studios e a Apple concentra o conteúdo (próprio ou de terceiros) no Apple Studios. Todas têm serviços de streaming: Prime Video (Amazon), Xfinity (Comcast) e Apple TV (Apple).

No pano de fundo do entretenimento, está o futuro do entretenimento, que envolve tanto o streaming quanto o cinema. Que se cruzam, mais uma vez, no final deste ano, na batalha pela audiência mundial.

Netflix, Warner, Comcast, Walt Disney

Três lançamentos importantes no final deste ano expõem essa guerra de telas: no dia 27 deste mês, a Netflix estreia a sexta e última temporada de Stranger Things (em português literal, coisas estranhas, série cujo mundo invertido é a dimensão paralela, sombria e distorcida, do mundo real).

No cinema, o burburinho começa antes: no dia 20 deste mês, chega Wicked: Parte 2 (Universal Pictures, que é da Comcast). Finalmente, Avatar: Fogo e Cinzas (da Walt Disney Studios) chega ao Brasil dia 18 de dezembro. Esses três títulos têm amplitude global e devem desdobrar a atenção do consumidor de conteúdo nas salas de casa e dos cinemas.

Netflix acessa mundo da Warner

Mas, o que tem a ver o mundo invertido da Netflix com as coisas estranhas que podem acontecer com o streaming?  Na semana passada, a WBD concedeu à Netflix acesso ao seu data room (ou informações financeiras) como parte do processo de possível oferta de aquisição.

A despeito do fato de, na mesma semana, o coCEO da Netflix, Ted Sarandos, ter dito a investidores que a empresa “não tem interesse em controlar redes de mídia legadas.” No entanto, uma das funções dos CEOs é despistar suas estratégias, principalmente, em relação aos concorrentes. Sarandos falou em “redes de mídia legadas” que, no caso da WBD, inclui CNN, TBS, HGTV e Food Network.

Mas isso já teve solução porque a WBD se separou em duas empresas distintas: a Streaming & Studios, que une Warner Bros. Television, Warner Bros. Motion Picture Group, DC Studios, HBO, HBO Max e Warner Bros. Gaming Studios, bem como conteúdo de filmes e televisão e Global Networks (sob o nome Discovery Global), que abriga canais como CNN, TNT Sports nos EUA, Discovery e os principais canais abertos na Europa.

Ou seja, as “redes de mídia legadas” ditas pelo coCEO da Netflix se fatiam do filé mignon da WBD, entre os quais os estúdios de cinema, games e o streaming HBO Max.

Tempo e dinheiro

A venda da WBD, de qualquer forma, é questão de tempo e do dinheiro oferecido. O interesse da Netflix vem legitimado pelo fato de a empresa ter contratado o banco de investimento Moelis & Co. (que, não coincidentemente, é o mesmo que auxiliou a Skydance Media de David Ellison na aquisição da Paramount para “avaliar uma oferta em potencial”, que pode ou não ser sobre a WBD.

Já Mike Cavanagh, coCEO da Comcast, disse a analistas que “o sarrafo é alto” para a empresa considerar uma grande fusão ou aquisição. Mas não descartou nada – e sugeriu que a capacidade da Comcast de garantir a aprovação federal para qualquer transação melhoraria assim que a cisão de seus canais a cabo lineares na Versant fosse concluída ainda este ano.

A Versant é o nome da nova empresa de mídia que a Comcast criou a partir do spin-off da maior parte de suas redes de TV a cabo da NBCUniversal, como a USA Network, MSNBC, CNBC e Syfy.

Paramount no páreo

Contudo, a Paramount Skydance continua fortemente no páreo. A não ser que haja algum anúncio de avanços esta semana, a próxima segunda-feira, 10, com a teleconferência de resultados do terceiro trimestre da empresa é aguardada ansiosamente pelos atores, hollywoodianos ou não, envolvidos.