Paramount e Warner têm as bençãos do governo Trump
Transação pode ter análise por concentração de publicidade e streaming e agências internacionais

Paramount e Warner Bros.: eventual fusão tem apoio da administração Trump (Crédito: IAB Studio/Shutterstock/Eamonn M. McCormack/Getty Images)
Paramount e Warner: quais são as perspectivas?
Enquanto as negociações acerca da venda da Warner Bros. Discovery (WBD) prosseguem sem conclusão aparente, veículos como o New York Post e The Wrap fazem análises sobre o que significaria a aquisição pelos interessados.
Embora a Paramount Skydance esteja à frente, nomes como Apple, Amazon, Comcast e Netflix têm sido ventilados como potenciais interessados na compra de parte ou o todo da WBD.
Por sinal, a WBD, independentemente da dança em torno de si, segue a vida.
Em junho, a Warner Bros Discovery comunicou a separação em duas empresas distintas e de capital aberto a fim de liberar valor aos acionistas e acelerar os negócios à medida em que cada uma se estruturará de maneira individual.
A Streaming & Studios servirá como guarda-chuva para a Warner Bros. Television, Warner Bros. Motion Picture Group, DC Studios, HBO, HBO Max e Warner Bros. Gaming Studios, bem como conteúdo de filmes e televisão.
Já a Global Networks adotará o nome de Discovery Global.
A denominação da companhia dá reconhecimento e afinidade às marcas de entretenimento, esporte e notícias, como CNN, TNT Sports nos EUA, Discovery e os principais canais abertos na Europa.
Paramount e WDB têm Trump a favor
O New York Post publicou que o governo Trump é favorável à aquisição da WBD pela Paramount Skydance.
Os rivais interessados, no entanto, provavelmente enfrentarão fortes obstáculos dos reguladores dos EUA.
Mas o CEO da WBD, David Zaslav, acredita que pode argumentar com o governo Trump para eventuais negócios além do interesse da Paramount Skydance.
Os potenciais pretendentes à compra da WBD, como Netflix, Amazon, Apple e Comcast, teoricamente, têm bagagens jurídicas que poderiam, eventualmente, dificultar as aprovações da transação pelas principais agências dos EUA.
Entre essas agências, estão a Federal Communications Commission (FCC, equivalente à Anatel brasileira) e a divisão antitruste do Departamento de Justiça (DOJ.
No caso da Comcast, essa “bagagem” inclui a cobertura anti-MAGA (Make America Great Again) do canal pago MSNBC, bem como a rede NBC, que, em programas de entretenimento como Saturday Night Live, costuma ridicularizar Trump.
“As chances de que (o CEO da Comcast) Brian Roberts consiga expandir e comprar a CNN ou o que quer que seja da WBD são baixas”, disse um funcionário do governo americano.
Netflix e Amazon
Para a Netflix e a Amazon, que podem ou não estar de olho em partes da WBD, inclusive suas unidades de estúdio e streaming, os obstáculos envolvem preocupações antitruste.
A Netflix já é o streamer nº. 1, enquanto a WBD é a nº, 3.
A Amazon está sob decreto de consentimento da Federal Trade Commission (FTC, equivalente ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica – Cade brasileiro) sobre supostos abusos de marketing.
No início deste mês, Makan Delrahim, chefe da divisão antitruste do DOJ durante o primeiro mandato de Trump, foi contratado pela Paramount Skydance para argumentar que o CEO da WBD, provavelmente, não terá escolha a não ser vender para David Ellison, CEO da Paramount Skydance.
Na quinta-feira passada, Zaslav, CEO da WBD, iniciou um leilão para a aquisição da empresa em negócio que pode chegar a US$ 80 bilhões.
Até agora, a WBD Zaslav rejeitou três ofertas de Elllison.
Com o leilão da WDB, o CEO da empresa de mídia espera que haja oferta pública hostil da Paramount Skydance.Parte inferior do formulário
Obstáculos da Paramount
Em carta ao conselho da WBD, David Ellison argumentou que a Paramount seria o “melhor parceiro” para se fundir e citou “obstáculos significativos (talvez intransponíveis)” para outros potenciais compradores devido às suas “posições dominantes no mercado”.
Mas, isso não significa que um acordo Paramount-WBD não teria seus próprios desafios regulatórios.
Ao contrário da aquisição da Paramount pela Skydance, a aquisição da WBD não exigiria revisão pela FTC, pois não há transferência de licenças de transmissão.
Contudo, eventual acordo estaria sujeito à mesma revisão antitruste padrão a qual outros licitantes enfrentariam, sem mencionar o ônus financeiro que viria com a dívida de cerca de US$ 35 bilhões da WBD.
Hollywood já foi atingida por várias consolidações desse porte e um acordo de tal magnitude atrairá a atenção em vários níveis.
Assim, os reguladores podem ver desinvestimentos ou outros compromissos de longo prazo para compensar o poder e alcançar uma empresa combinada que sairia da fusão Paramount-WBD.
Para qualquer interessado em adquirir a WDB, a revisão do DOJ analisaria o impacto de uma empresa combinada na concentração de mercado em áreas como teatro, streaming, publicidade e esportes.
Streaming concentrado
Portanto, a empresa combinada que, provavelmente, fundiria a Paramount + e a HBO Max em um único serviço, poderia deixar o mercado de streaming “moderadamente concentrado”.
Outro obstáculo seria o portfólio combinado de direitos esportivos da Paramount-WBD e a publicidade, que passariam de moderadamente concentrados para altamente concentrados.
A fusão poderia, ainda, reduzir o poder de barganha para criadores e artistas, consolidar o mercado de talentos e licenciamento de conteúdo e resultar em milhares de cortes de empregos por meio da união de negócios sobrepostos.
Além da permissão do DOJ, a Paramount e a WBD teriam que obter autorização antitruste dos reguladores internacionais, que precisariam revisar os efeitos competitivos transfronteiriços.
Esses órgãos reguladores incluiriam a União Europeia, a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido e a Comissão de Rádio, Televisão e Telecomunicações do Canadá.