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Como fomentar a diversidade em empresas de tecnologia?

Liliane Rocha, fundadora e CEO da Gestão Kairós, fala sobre o teto invisível aplicado a carreira de grupos minorizados


24 de agosto de 2021 - 7h30

Segundo dados da pesuisa “Quem Coda o Brasil”, homens são 68,3% das equipes de tecnologia (Crédito: Jacob Lund/ Shutterstock)

Em 2019, uma parceria entre a iniciativa PretaLab e a consultoria global de software ThoughtWorks desenvolveu a pesquisa “Quem Coda o Brasil”, com o objetivo de traçar um panorama sobre os profissionais que compõe o mercado de tecnologia nacional. O resultado materializou a falta de diversidade no setor. Entre os profissionais pesquisados, 68,3% eram homens e 58,3% eram pessoas brancas. Segundo o levantamento, na época, 21% dos entrevistados afirmaram não ter nenhuma mulher em sua equipe e 32,7% disseram não trabalhar com nenhuma pessoa negra.

A falta de representatividade abrange outros grupos minorizados. De acordo com 85,4% dos respondentes, suas equipes não contavam com nenhuma pessoa com deficiência e em 95,9% dos casos havia uma total ausência de pessoas indígenas. Para além da falta desses grupos na composição das equipes, Liliane Rocha, fundadora e CEO da Gestão Kairós, consultoria de sustentabilidade e diversidade, suscita outro obstáculo imposto aos grupos minorizados – o teto invisível. Esse conceito é usado para definir as barreiras sociais e culturais que são impostas a esses grupos para crescerem em suas carreiras e alcançarem posições de liderança na hierarquia das empresas.

Teto invisível
Pensando nisso, Liliane defende que ações de comunicação não são o suficiente para mudar a cultura organizacional das empresas. As companhias precisam agir contratando e promovendo pessoas com marcadores identitários de diversidade, assim como mudar seus processos para torna-los mais inclusivos. “A Gestão Kairós desde o começo tinha um objetivo claro, o de trazer uma perspectiva de governança e gestão para a atuação das empresas em diversidade e inclusão”, conta a executiva sobre o trabalho da consultoria.

Liliane Rocha, CEO e fundadora da Gestão Kairós (Crédito: Mario Bock/ Divulgação)

O avanço do debate sobre a falta de diversidade no meio corporativo vem levando as empresas a adotarem um posicionamento mais incisivo e compatível com a urgência do tema. A CEO da Gestão Kairós destaca que, em tecnologia, o olhar para a educação é essencial para mudar esse cenário. “O setor está atento à questão da diversidade, até porque há uma demanda da sociedade, mas certamente, falta uma atuação consistente na formação educacional dessa parcela da população, por meio de apoio a instituições que atuem em prol da equidade, bem como processos de contratação que assegurem o ingresso dessa força de trabalho nas empresas”, conta Liliane.

Aposta na educação
No início do ano, a escola de programação Digital House anunciou o programa Código Preto. Nele, 50 profissionais negros, em começo de carreira, serão selecionados e contemplados com uma bolsa integral no curso de programação web full stack para aprender a programar sistemas do zero. A iniciativa é uma parceria com o Quinto Andar. Ao final do curso, os alunos poderão participar de um processo seletivo para integrar a equipe de engenharia de software da imobiliária digital.

Ao fomentar a diversidade dentro de suas equipes, as empresas de tecnologias também garantem que suas ferramentas e soluções não sejam responsáveis por reproduzir preconceitos. “Por exemplo, todo aplicativo que se destina a embelezar pessoas, quando usados por pessoas negras tendem a clarear o nosso tom de pele. Isso é o racismo estrutural replicado nessas ferramentas”, conta Liliane Rocha. “Nesse sentido, entendo que os algoritmos precisam garantir uma perspectiva inclusiva de distribuição das informações, conteúdos e vozes”, acrescenta a executiva.

*Crédito da foto no topo: Oleg Magni/Pexels

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