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Manifesto da Inovação: inovação aberta é conexão

Manifesto da Inovação Aberta propõe boas práticas para inovação aberta com propósito de auxiliar corporações que querem desenvolver áreas para inovação


3 de maio de 2022 - 6h00

 

Os 15 primeiros signatários se reuniram em reunião virtual em 20 de março e manifesto foi lançado na semana seguinte (Crédito: Divulgação)

Em 29 de março, foi lançado o “Manifesto pela Inovação Aberta”, documento que propõe ser um guia fácil, com princípios resumidos e curtos, que sugerem condutas para empresas ao desenvolverem a área de inovação aberta. Foram 15 coautores, representantes e líderes de inovação aberta de empresas como Accenture, Vale, Ab-Inbev e Companhia Siderúrgica Nacional. Depois de um mês do lançamento, são cerca de 115 signatários.

O guia se inicia com os quatro princípios apresentados: capacidade de errar rápido e aprender com o erro acima do medo de errar, priorização de projetos sustentáveis acima de ganhos exclusivamente financeiros, busca por resolução de problemas acima de uma mobilização desnecessária da rede e disposição para fomentar a cultura de inovação acima do interesse em rankings, eventos e mídia.

Quem desenvolveu a ideia e articulou os 15 signatários iniciais foi Stephanie Blum, matemática de formação e líder de inovação na multinacional estadunidense de alimentos Mondelez. Na faculdade de engenharia, durante seu mestrado nos EUA, na Brown University, a executiva alimentou o desejo de mostrar as produções desenvolvidas na universidade e quis buscar um pouco da conexão da academia com o mundo corporativo, diferente do universo que viveu na faculdade pública no Brasil.

Ao Meio & Mensagem, Stephanie detalha o contexto do projeto.

Meio & Mensagem – Como você definiria o conceito de inovação aberta?Stephanie Blum – Inovação aberta, definindo em uma palavra, seria conexão. É conseguir conectar as grandes corporações com universidades, com startups e abrir as portas para que a inovação venha de outras fontes que não sejam da equipe de TI, de P e D e, justamente, fazer essa troca. Assisti a uma palestra com o João Barreto [Diretor de Planejamento Estratégico & Desempenho e Sustentabilidade ESG] do iFood e ele falou algo muito parecido: uma grande corporação é um transatlântico e startups são jet skis. É possível mandar jet skis para muitos lugares ao mesmo tempo para pegarem coisas, mas eles precisam trazer de volta e ter a estabilidade do transatlântico, que de fato vai cruzar e conseguir abraçar todas as coisas. Então, acredito nisso: as grandes corporações têm vários benefícios, mas a agilidade e velocidade para desenvolvimento não é um deles.

M&M – Qual o contexto desse projeto? Por que criá-lo agora? 
Stephanie – Comecei a trabalhar com inovação aberta faz um pouco mais de três anos. Tive muita dificuldade no começo e achava que era só comigo: como vou contornar o time de contas para que eles contratem uma startup porque o processo é diferente? E para fazer o jurídico entender que contratos com startups têm que ser feitos de uma forma mais flexível? Nessa dificuldade, comecei a me conectar com alguns outros gestores de inovação aberta e fazer um bate-papo para saber o que eles faziam. Comecei a perceber que as dores eram muito iguais. Era uma coisa que estava faltando. Não havia um espaço de troca e nem como definirmos melhores práticas, eu tinha que ativamente buscar as pessoas para entender um pouquinho mais de o que que a poderíamos fazer. Para quem está chegando agora, a inovação aberta é um mundo bem maluco. De um e um eu fui falando, “vamos escrever juntos?” Tem muita coisa legal dentro das universidades e fazer essa conexão, trazer essas tecnologias para dentro de grandes corporações é complexo. Parece fácil: você põe a startup para dentro e ela traz inovação, mas não é assim que funciona. Tem uma questão cultural e contratual. Só queríamos facilitar esse processo para os outros gestores.

M&M – Você fez uma analogia entre startups e jet skis, que vão, mas retornam. Com o lançamento do manifesto, o que vocês esperam de retorno, pensando nas razões pelas quais vocês construíram isso?
Stephanie – Primeiramente, construí isso para que fosse um material de apoio para os outros. Foi uma coisa que eu senti falta quando eu comecei.  O que eu deixo aqui é um guia rápido para quem está começando. Esse é o primeiro “entregável”. Mas a parte de networking foi muito forte. Algum tempo depois, descobri que existe um grupo de WhatsApp de gestores de inovação aberta que está lotado há anos. Então ninguém entra, não tem novidade chegando. São os mesmos gestores de três, quatro anos atrás e acho que é uma uma nova oportunidade para mais pessoas se conectarem com a inovação aberta.

M&M – Algumas empresas estão construindo áreas de inovação aberta. Como o manifesto pode ajudar a estruturá-la? 
Stephanie – O manifesto serve para embasar um pouco essa questão das empresas, para elas entenderem o real motivo pelo qual elas têm uma área de inovação lá dentro. Há muito buzz e “oba oba” para falar de contato com startups e às vezes essas empresas não entendem que o motivo para criação desse espaço é fazer conexão, trazer novas tecnologias e tentar deixar o mercado mais disruptivo. Então, através do manifesto ela se conscientiza um pouco de qual é a função da inovação aberta. Se há uma empresa com uma cultura na qual não se pode errar, por exemplo, ela entende que aquela área específica de inovação aberta vai errar, isso é uma certeza, é a gestão da mudança.

M&M – Vocês se inspiraram no manifesto ágil, de 2001, para fazer o manifesto pela inovação. Poderia explicar quais foram os critérios e a metodologia aplicada? Por que o conteúdo do manifesto está dessa forma?
Stephanie – Quando li o manifesto ágil, achei que fosse algo um pouco simplista. Mas às vezes o óbvio precisa ser escrito. Quando pensei em escrever esse guia de melhores práticas, lembrei do manifesto: tem que ser uma coisa simples. Quando as pessoas estão em dúvida de o que fazer, elas deveriam se lembrar dessas quatro frases para conseguir determinar qual rumo deveriam ter.

M&M – A partir de agora, a ideia de vocês é conseguir mais signatários para espalhar o documento? De que forma vocês estão se articulando?
Stephanie – Nossa rede está muito focada em São Paulo, sudeste, então gostaria que ela fosse um pouco mais longe para encontrar as empresas que têm sede em outros estados e que queiram utilizar inovação aberta. Mas o número de signatários não é o mais relevante. Lógico que é muito legal falar, mas acho que nossos próximos passos agora são começar a entrar nas empresas: de repente, oferecer um workshop, “olha você está criando sua área de inovação aberta, tenho aqui 15 autores do manifesto que podem te ajudar”—- e de graça porque nos comprometemos a ajudar quem está começando. Queremos agora entrar nas empresas para que elas façam um pacto de que elas vão apoiar o empreendedor, de que os projetos vão ser sustentáveis e que isso é bom para todo mundo, para economia e para a sociedade. 

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