Opinião
Cripto, a moeda da vez, escolhe os games como vitrine
Uma indústria que cresceu usando os games para alimentar milhares de esfomeados que perderam seus empregos pelo mundo afora
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12 de novembro de 2021 - 6h00
Não é novidade para ninguém que os games se tornaram vitrine nessa pandemia. O que muita gente não sabe é que nos bastidores da notícia uma outra indústria cresceu e se consolidou, usando os games para alimentar milhares de esfomeados que perderam seus empregos pelo mundo afora: as criptomoedas.
O herói dessa história foi o vietnamita Axie Infinity, o mais conhecido dos jogos Play-to-Earn – jogos que permitem aos jogadores ganhar criptomoedas, ou moedas digitais, que podem ser trocadas por dólares americanos. Hoje temos mais de 30 desses jogos.
Durante a pandemia, Axie Infinity salvou famílias na zona rural das Filipinas. Nesse jogo, o player investe alguns dólares para comprar os Axie, personagens fofinhos baseados nos Pokémon, que são um tipo de Tokens não fungíveis, os NFTs – personagens virtuais exclusivos que vão se valorizando -ou não – ao longo do tempo.
O jogo consiste em comprar, treinar, procriar e vender essas criaturinhas fofas que já unem um milhão de jogadores ativos por dia. Os Axie valorizam e podem ser transacionados no jogo, que tem sua própria moeda, a SLP, que por sua vez são convertidas em dólar nas corretoras de criptomoedas. Os melhores jogadores conseguem ganhar até US$ 250 por dia! Nas Filipinas, eles rendem entre US$ 200 e US$ 300 no mês, mais do que os empregos fixos. O Brasil foi o quinto mercado de Axie Infinity em 2020. Atrás das Filipinas, Indonésia, Estados Unidos e Venezuela. Semana passada, uma mocinha de 24 anos, do Recife, largou o emprego para dedicar-se ao jogo, que lhe rende o dobro do salário mínimo que ela ganhava.
As grandes publishers de games ainda não operam, mas estão de olho nesse negócio. A Ubisoft, uma das maiores do mundo, discutiu o assunto ao apresentar os lucros do segundo trimestre. Frédérick Duguet, diretor financeiro da Ubisoft, falou muito sobre os impactos potenciais que a tecnologia de Blockchain -que faz esse sistema funcionar – pode ter na indústria de jogos: “O Blockchain permitirá mais jogos para ganhar, o que permitirá que mais jogadores tenham conteúdo próprio, e achamos que isso vai fazer a indústria crescer bastante. Temos trabalhado com muitas pequenas empresas que estão fazendo Blockchain e estamos começando a ter um bom know-how sobre como isso pode impactar a indústria”.
De forma resumida, Blockchain é um sistema que permite rastrear o envio e recebimento de alguns tipos de informação pela Internet. É esse sistema que permite o funcionamento e transação das chamadas criptomoedas, ou moedas digitais.
Seguindo essa tendência de grandes empresas apoiando as pequenas para ver no que vai dar, 24 empresas de games americanas baseados em Blockchain tiveram investimento de meio bilhão de dólares no primeiro semestre deste ano.
Há um ano, a BlueBenx divulgou um estudo onde os Estados Unidos era a nação que mais aceitava Bitcoins – que está avaliado em mais de R$ 368 mil (ou US$ 65 mil). Sim você leu certinho. Um Bitcoin valia isso em 8 de Novembro de 2021, data em que o mercado de criptomoedas superou pela primeira vez a quantia de US$ 3 trilhões.
As plataformas que distribuem games digitalmente divergem sobre o assunto. O Steam, a maior e mais tradicional, proibiu os jogos baseados em Blockchain, já sua concorrente, a Epic Games, abraçou a oportunidade de levá-los para sua plataforma.
O CEO Tim Sweeney tuitou que a Epic não tem planos de usar “cripto” em seus próprios jogos – Fortnite é o maior deles. Ele tuitou anteriormente que a Epic não está procurando usar NFTs porque “todo o campo está atualmente emaranhado com uma mistura intratável de golpes”.
Infelizmente este é o outro lado da moeda. Há golpistas e NFTs desaparecendo ou despencando no dia seguinte ao lançamento, e investidores vendo seu dinheiro sumir. Este mês, Axie Infinity teve o bot de sua comunidade no Discord usado para anunciar uma falsa venda de NFTs para roubar as moedas virtuais e o prejuízo foi de R$ 700 mil.
Também temos o bilionário Elon Musk, dono da Tesla, se divertindo com os altos e baixos de uma delas, a criptomoeda meme Dogecoin (DOGE), que tem um cachorro como símbolo. Musk é conhecido como um dos seus maiores entusiastas. Em fevereiro, postou uma pequena sequência de frases e isso já foi o suficiente para fazer com que o preço subisse 50% em um único dia. Em outubro, ela estava perdendo força por causa do crescimento das NFTs rivais como a SHIB, mas teve um novo impulso de preço após Musk revelar que a criptomoeda faz parte do seu plano de criar uma universidade de tecnologia no Texas. As mensalidades seriam pagas com a DOGE e quem tiver um cachorro vai ganhar desconto.
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