Mídia

Marketplaces viram território para influenciadores

Empresas como Casas Bahia, Dove, Mercado Livre e outras investem em programas para profissionalizar creators, transformando-os em revendedores e embaixadores

i 21 de novembro de 2025 - 6h01

marketplaces influenciadores

(Crédito: PeopleImages/Shutterstock)

O Brasil conta com mais de 14 milhões de pessoas que podem ser consideradas influenciadores digitais, de acordo com o Censo de Criadores de Conteúdo do Brasil, divulgado em abril pela empresa de marketing de influência Wake Creators.

Nesse grande grupo, estão criadores de conteúdo de diferentes estilos, alcance e quantidade de seguidores, mas a grande maioria está longe de alcançar um patamar semelhante aos influenciadores que se tornaram grandes personalidades. Segundo o estudo, 71% possuem menos de 50 mil seguidores, sendo que, entre esses, 33% têm menos de 10 mil pessoas acompanhado seu conteúdo.

Ser um micro ou nano influenciador, no entanto, não é algo impeditivo para que essas pessoas construam uma comunidade e, também, passam a ser requisitada por marcas que queiram se conectar com consumidores específicos.

Por conta desse engajamento e poder de conexão, esses influenciadores menores têm sido alvo de um movimento, feito por grandes marcas e marketplaces para formar bases de influenciadores capazes de serem, de certa forma, revendedores de seus produtos.

Na semana passada, a Casas Bahia apresentou o programa Acelera CB, que pretende, até maio do próximo ano, ajudar a profissionalizar 10 mil criadores de conteúdo, de todo o Brasil. A ideia é fazer com que esses influenciadores aprendam a gerar conteúdo que possa ser utilizado para promover os itens do marketplace.

Para isso, o programa contará com trilhas de conteúdo sobre roteiro, produção audiovisual, varejo e construção de comunidade, com atividades transmitidas por lives e workshops. As aulas serão conduzidas por Bia Reis, Martinn, Midtrack e o setor de marketing da Casas Bahia. O projeto foi idealizado pela agência W3haus, com apoio da Mfield e Playnest.

Segundo a gerente executiva de marketing do Grupo Casas Bahia, Amanda Assis, a ideia é aumentar de 20% para 40% o investimento da empresa com influenciadores. “Hoje, essa porcentagem é o que fazemos com contratação direta de alguns influenciadores, mas a ideia é que cada vez mais consigamos ter esse share aumentando, mas basicamente vou ganhando mais visualizações e vou tendo mais alcance com um custo menor”, explicou a porta-voz.

Na prática, os influenciadores cadastrados na plataforma receberão semanalmente uma missão alinhada à campanha vigente da Casas Bahia. Cada uma dessas missões permitirá a criação de até cinco vídeos, remunerados conforme o número de visualizações.

Embaixa Dove

Também neste mês, a Dove apresentou um programa que, segundo a marca, quer estreitar e aprofundar suas relações com uma comunidade engajada.

Com apoio da plataforma MIS, da BR Media, o programa, chamado EmbaixaDove, prevê a escalação de 300 participantes nessa primeira fase. Essas pessoas terão acesso, em primeira mão, a conteúdos e produtos da marca, recompensas exclusivas e um canal direto de interação.

A ideia, no início, é priorizar criadores de conteúdo com experiências prévias em campanhas de reverberação. Posteriormente, a Dove promete abrir a seleção para outros influenciadores.

Na fase inicial, o programa será estruturado em formato de “missões”, em que os participantes receberão kits personalizados com produtos e acessórios para criação de conteúdo, sendo recompensados conforme o nível de engajamento.

Creator da Shô

Outro marketplace a querer trazer os criadores de conteúdo para seu território e aproveitá-los como força para impulsionar as vendas é a Shopee.

Em janeiro deste ano, a plataforma trouxe ao Brasil o programa Creator da Shô, cuja ideia é ajudar a profissionalizar influenciadores, com suporte e briefings direcionados, para que eles se tornem aptos a falar – e vender – a nichos específicos.

A expectativa da Shopee era, até o final deste ano, alcançar a marca de 7 mil nano e influenciadores cadastrados. A estratégia do marketplace, contudo, era diferente do projeto das Casas Bahia. Nesse caso, os influenciadores do projeto receberiam um saldo de R$ 1 mil para comprar produtos da Shopee e produzir conteúdo a respeito dos itens. A empresa ficaria responsável por repostar os melhores vídeos em seus canais oficiais.

Mercado Livre

Em março, o Mercado Livre também elaborou uma estratégia para ampliar sua presença digital – e gerar mais negócios – com apoio dos influenciadores. A empresa reformulou o programa Afiliados e Criadores para ampliar as possibilidades de monetização de quem divulga os produtos da plataforma.

Na época, o Mercado Livre explicou que os participantes do programa poderiam recomendar produtos por meio de links exclusivos, que gerariam recompensas de até 16% sobre o valor dos itens. Além disso, criadores de conteúdo com mais de 10 mil seguidores no Instagram ou TikTok poderiam gerar renda com seus vídeos nas redes sociais e participar de campanhas especiais.

“O programa foi criado para que criadores de conteúdo diversifiquem suas fontes de renda, tenham mais autonomia e ampliem seu alcance além da bolha da influência. Nosso objetivo é democratizar o acesso à monetização, conectando o Mercado Livre a perfis que, de outra forma, talvez não tivessem essa oportunidade dentro do modelo tradicional da indústria”, disse, na época, Renata Gerez, gerente sênior de social commerce do Mercado Livre.

Influencer Magalu

O investimento em criadores de conteúdo não é algo novo para o Magazine Luiza. No ano passado, a rede de varejo aproveitou sua presença no programa Domingão com Huck para divulgar seu programa de revendedores, que oferece comissão para quem ajudar a promover e vender os produtos do marketplace.

De acordo com o Magalu, essa plataforma de revenda é composta por criadores de conteúdo de diferentes alcances, sobretudo por microinfluenciadores, que podem receber de 2% a 12% de comissão por cada produto vendido. A ideia é recrutar seguidores independentemente da quantidade de seguidores.