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NFTs e o que eles podem fazer pelas marcas

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NFTs e o que eles podem fazer pelas marcas

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24 de março de 2021 - 6h00

Daniel Martins (Crédito: Divulgação)

NFT é a sigla em inglês para tokens não-fungíveis. Essas três letrinhas ganharam espaço na mídia nas últimas semanas e viraram assunto até do Fantástico. Isso porque no dia 11 de março uma obra de Beeple, nome artístico do norte-americano Mike Winkelmann, foi vendida por US$ 70 milhões na Christie’s, uma das casas de leilão mais famosas do mundo. A obra, totalmente virtual, porém com certificado de propriedade, se tornou uma das três mais caras já comercializadas por um artista vivo.

Embora o conceito não seja exatamente novo – os NFTs nasceram em 2012 em tentativas de se usar as menores unidades dos Bitcoins, o satoshi, para transportar informações específicas de propriedade – agora ele ganha contornos de aplicabilidade mais amplos. Já são realidade nas artes e as marcas também estão atentas.

Uma ida ao dicionário traz a primeira explicação do que são esses tokens. “Fungível” significa trocável, substituível. Logo, algo “não-fungível” é único, singular e insubstituível. E token é um símbolo, um código, como aqueles que usamos nas operações bancárias. Então temos um código único, com a segurança e conveniência de blockchain, mas para um ativo específico com um valor específico.

O ecossistema de tokens não-fungíveis de hoje é amplo, variado e está em constante crescimento. Dezenas de empresas encontram novos usos para NFTs, como nomes de domínio, mundos virtuais, finanças descentralizadas, mercados de arte, museus de criptografia e itens colecionáveis.

E o que as marcas têm a ver com isso? Tudo. Com a possibilidade de criar algo único e exclusivo, o céu é o limite. Um exemplo é a marca de batatinhas Pringles, que lançou nesta semana um novo sabor na forma de um NFT. O CryptoCrisp é um sabor virtual representado por uma obra de arte do artista Vasya Kolotusha. Limitado a apenas 50 versões, o “sabor” é um arquivo MP4 1080×1080 que mostra uma lata de Pringles dourada girando. A partir de 0,0013ETH, cerca de US$ 2, o preço médio de uma lata de Pringles, o sabor virtual está disponível no Rarible.

Outros segmentos estão atentos à tendência dos NFTs. A Forbes norte-americana listou há duas semanas alguns pontos para os quais as as marcas devem olhar quando o assunto é NFT. Ao explorar o campo da nostalgia, a NBA Top Shop oferece cartões colecionáveis com cenas reais capturadas em jogos. No universo das celebridades, o ator William Shatner criou NFTs de fotografias de sua vida pessoal e carreira cinematográfica que lançou no blockchain WAX. Lindsay Lohan lançou um colecionador digital no Rarible chamado Lightning. Em seu pico, um NFT foi vendido por 33 ETH (Etherium) ou US$ 57 mil. No mundo das redes sociais, o  primeiro tweet, de 2006, do CEO do Twitter Jack Dorsey, deve ser vendido por US$ 2,5 milhões.

Outra fronteira a ser explorada é a dos imóveis virtuais. Como nas apropriações de domínios de URL no início da era pontocom, as apropriações de terras digitais estão indo para a casa dos milhões. Desde sua abertura para um público mais amplo, em fevereiro de 2020, a Decentraland vendeu US$ 1 milhão em terrenos virtuais. No Axie Infinity, um ecossistema virtual cripto-Tamagotchi, um membro da comunidade comprou nove lotes digitais de terra como um lote para o 888.25 Ether. Na época, o 888,25 Ether valia US$ 1,5 milhão.

Moda, arte e entretenimento são outros dos campos que podem se apropriar dos NFTs.

Já é possível revender ou trocar itens digitais, ou equipar seu avatar e casa digital. O designer argentino Andrés Reisinger vendeu dez peças de móveis virtuais no Nifty Gateway. A peça mais cara, inexistente no mundo real, foi vendida por quase US$ 70 mil. Os móveis podem ser colocados em qualquer espaço 3D ou mundo aberto como Decentraland, Somnium Space ou Minecraft.

As experiências internacionais certamente são um bom farol para o que pode ser feito pelas marcas em território nacional. Diferentemente de outras tendências tecnológicas que fizeram muito barulho, mas não se tornaram concretas, os NFTs têm o potencial real de tornar tangíveis experimentos das marcas no mundo virtual. Neste sentido, love brands merecem atenção especial, pois têm a capacidade de se apropriar da tecnologia e conciliá-la ao afeto que têm de seus consumidores.

Uma tendência, sem dúvida, para gente ficar de olho.

*Daniel Martins é CTO da Ogilvy Brasil

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