18 de maio de 2021 - 6h00
Andre Chaves* (crédito: divulgação)
Quem está há, pelo menos, 30 anos no mercado testemunhou o grande movimento dos veículos de comunicação. Poucos cresceram, muitos diminuíram ou sucumbiram, mas darei um corte especial nos maiores, os líderes.
O maior portal de conteúdo do País nasceu numa joint venture do jornal mais lido do País com um dos maiores grupos no final dos anos 1990, numa operação ousada que já de falava em IPO há 30 anos. Os novos modelos de negócio e formas de expansão estavam nas prioridades estratégicas do portal desde o início das suas operações. Assim como uma startup que busca incessantemente chegar no product market fit para começar a escalar, após diversas tentativas e erros, inclusive de gestão, o portal acertou em algumas apostas e hoje navega ao largo da crise do setor em operações lucrativas, extremamente rentáveis e continuamente ousadas.
De um outro lado, um dos maiores jornais do País, dos mais tradicionais, apostou numa gestão financeira radical, focado 100% em rentabilidade e otimização de custos. Marcas e operações eram somadas ao portfólio, incorporadas, otimizadas no limite, gerando destruição de valor em toda a cadeia. Demissões mais demissões e cortes de títulos e marcas.
Enfim, dois caminhos , dois destinos. Não sou eu que estou falando isso, os números e a história falam por si.
Este cenário faz com que tenhamos a certeza que não existe crise setorial, e sim crise de recursos humanos em trazer profissionais que não sabem gerir e não foram preparados para incrementar e impulsionar valor às marcas, comparativamente a outros que conseguem ousar, criar, se arriscar e colher saborosos frutos. Não com uma, mas muitas vezes com vários gestores.
Como diz o sábio dito popular “O tempo é o senhor da razão”, estes exemplos deveriam servir de aprendizado para os sócios e acionistas de veículos, em geral, e, ao mesmo tempo, um alerta aos profissionais na aposta dos seus destinos.
Tudo isso com o objetivo de não correrem o risco de entrar num Titanic aparentemente “sexy e luxuoso”, sem botes salva-vidas e terem dificuldade de se safar do naufrágio óbvio ululante logo ali na frente .
*André Chaves é chief growth officer da Futurum Capital