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Qual foi o propósito da participação das marcas na COP30?

Reportagem ouviu marcas de sete setores distintos para entender motivações e estratégias de negócio para o combate às mudanças climáticas

i 25 de novembro de 2025 - 6h04

A COP30, realizada em Belém, no Pará, terminou no último final de semana com a participação de 194 países e 56 mil pessoas inscritas, entre funcionários, delegações, voluntários, sociedade civil e organizações observadoras, indicam dados da Convenção-Quadro da ONU sobre a Mudança do Clima (UNFCCC).

COP30

Empresas participaram da COP30 apresentando soluções práticas para e contribuindo para discussões sobre o combate às mudanças climáticas (Crédito: Shuttertim82/Shutterstock)

Especialistas vinham apostando que a COP30 fosse a COP da implementação. Ou seja, esperava-se que as negociações envolvessem planos concretos para que os compromissos firmados anteriormente fossem colocados em prática.

Em quase 15 dias de negociações, a Conferência assistiu à consensos – como a aprovação do Belém Action Mechanism, para a transição justa para a economia de baixo carbono; a inédita Meta Global de Adaptação aos países, e o compromisso de triplicar financiamento para adaptação a eventos climáticos extremos até 2035 –, mas algumas frustrações permaneceram, com fracas decisões sobre o fim da adoção de combustíveis fósseis, por exemplo.

Pautas do tipo aparecem também nas agendas ESG de empresas de diversos setores, que marcaram presença na COP30 para estimular as estratégias e estabelecer articulações em prol de suas metas e objetivos.

Nas duas últimas semanas, reportagem de Meio & Mensagem conversou com marcas de sete setores distintos da economia para entender o que há por trás da participação na Conferência das Partes e seu papel na contribuição ao combate às mudanças climáticas junto a seus stakeholders e, claro, no escopo das estratégias de negócios.

Em 2024, o Itaú anunciou a ambição de alcançar R$ 1 trilhão em finanças sustentáveis até 2030. O banco viu na COP uma oportunidade para estabelecer conexões com diversos agentes dos setores público e privado, além de organizações sociais, essenciais para o avanço das discussões. Em Belém, uma das principais ações foi a C.A.S.E. (Climate Action Solutions & Engagement), ao lado de Bradesco, Itaú Unibanco, Itaúsa, Marcopolo, Natura, Nestlé e Vale. A iniciativa apresentou soluções climáticas concretas e escaláveis já implementadas.

Com um portfólio de marcas robusto, que abrange Dove, Comfort, Omo, Hellmann’s, Seda, Kibon e outras marcas, a Unilever acredita que participar da COP30 funciona como uma oportunidade de reforçar sua autoridade na agenda ESG como também de aproveitar sua força de negócios para ajudar a mobilizar diferentes setores em tornos de pautas em comuns. Neste ano, a companhia aproveitiu a empresa em Belém para apresentar o Renova Terra, um de seus maiores projetos globais, que está sendo implementado no Cerrado brasileiro para transformar o cultivo de praticamente toda a soja utilizada por Hellmann’s.

A Natura, presente na Amazônia há 25 anos, marcou presença não apenas representando o setor privado, mas reafirmando a floresta como parte da solução para a crise climática. A empresa procurou levar à COP30 o exemplo concreto de que é possível unir ciência, natureza e comunidade para construir cadeias produtivas justas e regenerativas associadas à inovação cosmética e tecnológica, muito por meio da valorização de ativos da sociobiodiversidade em linhas de produtos.

Mostrar como o setor de energia brasileiro vem passando por uma transição da lógica de negócios para uma geraçao mais limpa foi objetivo da Neonergia, que aproveitou os encontros ao longo da agenda da COP30 para apresentar dois projetos: o Noronha Verde, que pretende fazer de Fernando de Noronha a primeira ilha habitada da América do Sul com abastecimento de 100% de energia solar, além de reforçar como o patrocínio ao Comitê Olímpico Brasileiro auxilia na construção da jornada de inclusão e de sustentabilidade também pelo esporte.

Na mineração, a Vale evidenciou o propósito do setor em contribuir para a descarbonização e a transição energética no planeta. Um dos objetivos climáticos inclui reduzir em 33% as emissões de Escopo 1 e 2 até 2030 e zerar as emissões líquidas até 2050. O foco da empresa também é voltado para a conservação da Amazônia, aliando conservação ambiental e atividade econômica. Por meio de parceria com o ICMBio na operação de Carajás, conserva uma área de 800 mil hectares de floresta.

Como representante do varejo de moda têxil, a Riachuelo é ciente de que seus impactos no meio-ambiente vão desde a utilização da energia até o reaproveitamento de tecidos para a fabricação de suas coleções. A companhia aproveitou o evento para se aprofundar nas conexões com cooperativas e iniciativas da região da Amazônia e, também, para analisar a ampliação de projetos que já fazem parte de seu escopo, como a produção de algodão agroecológico e o tingimento de fios de tecidos a partir de plantas.

Já no segmento de alimentos e bebidas, a PepsiCo desenvolve suas estratégias voltadas a sistemas alimentares resilientes, segurança hídrica e transição energética – os principais pilares da PepsiCo Positive (pep+), que foca em ações de impacto positivo, como práticas regenerativas e baixo carbono que tenham como pano de fundo, sobretudo, a inovação para ampliar projetos de agricultura regenerativa, energia limpa e proteção da biodiversidade, por exemplo.