Marketing

Na Natura, Amazônia é ativo de negócios e transformação

Ana Costa, VP de sustentabilidade, jurídico, reputação e comunicação corporativa da marca, destrincha cultivo da sociobioeconomia da região e ações na COP30

i 14 de novembro de 2025 - 6h02

Natura

Ana Costa, vice-presidente de sustentabilidade, jurídico, reputação e comunicação corporativa da Natura (Crédito: Roberto Setton/Divulgação)

A Amazônia faz parte da história da Natura há mais de 20 anos. A regeneração é o norte da empresa para os negócios com impacto positivo nas frentes ambiental, social, econômica e cultural.

O conceito também foi a base para a atualização do plano Visão de Sustentabilidade, com o documento Visão 2025-2050, que inclui metas mensuráveis para 2030 e objetivos transformadores até 2050. Entre os compromissos da companhia estão o de zerar as emissões líquidas próprias até 2030, por exemplo. Já para 2050, há a ambição é ter 100% de plástico de origem renovável e compostáveis em seu portfólio.

Os compromissos atrelados aos objetivos de negócio servem como base para ações de comunicação que demonstram a coerência entre discurso e prática, contribuindo para que a empresa seja reconhecida por stakeholders como um agente de transformação real.

Série “Marcas na COP30”

“Estar na COP30 significa mais do que representar o setor privado. É reafirmar que a Amazônia é parte da solução para a crise climática”, declara Ana Costa, vice-presidente de sustentabilidade, jurídico, reputação e comunicação corporativa da Natura. Na Conferência, apostam em articulações estratégicas para transformar experiências isoladas em soluções de escala, fortalecendo políticas públicas, atraindo investimentos e integrando inovação científica, biodiversidade e inclusão social.

Ao Meio & Mensagem, a VP destrincha a relação da Natura com a Amazônia, métricas para atrelar lucro à sustentabilidade, e destaca importância da COP30 em Belém:

Meio & Mensagem – Como a participação na COP30 impacta e fortalece a Natura como marca?

Ana Costa – A presença da Natura na COP30 reforça seu papel histórico como referência em inovação socioambiental e sua liderança na construção de uma economia regenerativa. Há 25 anos, a empresa cultiva a sociobioeconomia amazônica em parceria com comunidades da floresta, e, neste marco global, leva um portfólio de soluções testadas e escaláveis que demonstram ser possível gerar lucro, impacto positivo e conservação simultaneamente. Nosso modelo de negócios está materializado em todo nosso portfólio, mas em especial, na marca de cuidados pessoais Ekos. Estar na COP30 significa mais do que representar o setor privado. É reafirmar que a Amazônia é parte da solução para a crise climática. A Natura atua como ponte entre governos, empresas, investidores e sociedade civil, ampliando seu alcance institucional e fortalecendo o vínculo com consumidores e parceiros que enxergam na empresa um agente de transformação real.

Meio & Mensagem – De que forma estratégias de ESG bem estruturadas e alinhadas aos objetivos de negócios podem auxiliar o trabalho do marketing? De que forma a marca procura comunicar essas diretrizes?

Ana – Na Natura, a regeneração está no centro da estratégia de negócio e orienta todas as decisões da companhia. Essa integração permite ao marketing comunicar de forma legítima e consistente, traduzindo compromissos em histórias, produtos e experiências que conectam propósito e resultado. A estratégia de comunicação parte da coerência entre discurso e prática, traduzindo indicadores concretos, como avanços em bioeconomia, circularidade e finanças sustentáveis, em mensagens que inspiram e mobilizam. Alguns exemplos de ativação de marketing da Natura durante a COP30 foi o lançamento de um termômetro de rua que alerta para a temperatura da cidade em 2050. O Out of Home especial, em Belém, busca chamar atenção e alertar para as consequências da crise climática. Instalamos também um painel que reforça o conceito de regeneração e integra esse conjunto de ações. Essa estratégia inclui um túnel imersivo no Aeroporto Internacional de Belém, que celebra a conexão da marca com a Amazônia por meio de um manifesto e da nova fragrância Ekos Ryos Floresta. Temos ainda diversos pontos de mídia espalhados pela cidade — como mobiliários urbanos, barcos flutuantes, ônibus envelopados, painéis de LED. Ainda com foco no tema “o amanhã”, recentemente Natura lançou a campanha #PerguntasParaOFuturo, que reuniu um squad de formadores de opinião para promover reflexões sobre o impacto das ações humanas no meio ambiente durante os próximos anos. Por meio de vídeos publicados nas redes sociais, nomes como Dira Paes, Isabelle Nogueira, Alane Dias, Tais Araújo, Kadu Alvorada, Mari Krüger, entre outros levantam questionamentos sobre temas ambientais, sociais e culturais, dentre eles “Qual o clima do Brasil daqui a 30 anos se não pararmos de desmatar as florestas?” ou “Como as marcas de beleza podem apoiar a regeneração do planeta?”. O objetivo era estimular a audiência a refletir sobre possíveis caminhos para um futuro mais sustentável e regenerativo.

Meio & Mensagem – Como classifica a importância da articulação entre setores, governo, sociedade civil e terceiro setor, para as empresas no cenário dos assuntos debatidos e negociados na COP30?

Ana – A COP30 é, por natureza, um espaço de convergência. E a Natura acredita que só por meio da colaboração entre setores, público, privado e sociedade civil, será possível promover mudanças sistêmicas de verdade. Trabalhamos em diferentes frentes. Lideramos, por meio do nosso CEO, o grupo de trabalho de Bioeconomia da Sustainable Business COP (SBCOP), somos mantenedores do Parque da Bioeconomia e apoiamos espaços de diálogo como o C.A.S.E. (Climate Action Solutions & Engagement), o espaço de cultura Casa Apoena e a TED Countdown House. Essas conexões são estratégicas porque transformam experiências isoladas em soluções de escala, fortalecendo políticas públicas, atraindo investimentos e integrando inovação científica, biodiversidade e inclusão social.

Meio & Mensagem – Quais são os caminhos para que o equilíbrio de mensuração e processos de longo prazo que a agenda ESG envolve sejam também associados ao lucro e ao crescimento sustentável?

Ana – O modelo de negócio da Natura comprova que impacto e prosperidade são interdependentes. A empresa mede seu desempenho por meio do Integrated Profit & Los, métrica que considera, além dos resultados financeiros, os impactos ambientais e sociais de cada operação. Hoje, sabemos que a cada R$ 1 em receita da Natura, R$ 2,50 são gerados de impacto positivo para as pessoas e a natureza. Essa metodologia demonstra que práticas regenerativas, como cadeias produtivas inclusivas, uso de bioinsumos e inovação em baixo carbono, não apenas reduzem riscos, mas fortalecem eficiência, reputação e competitividade. O desafio e o diferencial estão em mensurar o valor criado a longo prazo e traduzi-lo em indicadores compreensíveis para investidores, consumidores e parceiros.

Meio & Mensagem – O Brasil tem um papel de destaque no debate sobre biodiversidade e bioeconomia. Como o setor de beleza pode usar sua força de marca para amplificar essa narrativa durante a COP30?

Ana – O setor de beleza tem um poder simbólico e comunicacional único, ele inspira tendências e conecta milhões de pessoas em torno de valores. A Natura leva à COP30 o exemplo concreto de que é possível unir ciência, natureza e comunidade para construir cadeias produtivas justas e regenerativas. Ao valorizar ativos da sociobiodiversidade, como nas linhas de Ekos Andiroba, Castanha e Priprioca, e associá-los à inovação cosmética e tecnológica, mostramos que a Amazônia não é um limite de exploração, mas uma fronteira de conhecimento e prosperidade.

Meio & Mensagem – A empresa planeja alguma nova ação ou movimento, em termos de ESG ou de marketing no pós-COP30?

Ana – A COP30 é um ponto de inflexão, não de chegada. Após o evento, a Natura seguirá expandindo o movimento Regeneração, aprofundando sua atuação em bioeconomia e ciência aplicada à floresta. Entre as frentes previstas estão o fortalecimento do Centro de Inovação Amazônia, a ampliação das agroindústrias comunitárias e a consolidação do Parque da Bioeconomia do Pará como legado da conferência. Todos esses pontos estão alinhados com à Visão 2050 da Natura, que traz nossos compromissos para nos tornarmos uma empresa plenamente regenerativa, indo além da sustentabilidade para gerar impacto positivo sobre a natureza e a sociedade. A ambição é restaurar mais do que consumir, contribuindo para o equilíbrio climático, a conservação da biodiversidade e o fortalecimento das comunidades com as quais se relaciona. O pós-COP será dedicado a transformar compromissos em impacto mensurável e a inspirar novos atores a se somarem a esse movimento global pela Amazônia viva.