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Natura detalha visão de futuro com foco em regeneração até 2050

Na COP30, marca pretende reforçar sua presença na Amazônia, impulsionar o debate sobre bioeconomia e mobilizar novos investimentos para a região

i 4 de julho de 2025 - 18h04

João Paulo Ferreira, Presidente da Natura durante evento Natura Visão 2050

João Paulo Ferreira, presidente da Natura durante evento Natura Visão 2050 (Crédito: Larissa Santiago)

A Natura anunciou a atualização do seu plano Visão de Sustentabilidade com o documento Visão 2025-2050, com metas mensuráveis para 2030 e objetivos transformadores até 2050. A empresa afirma ter um novo sonho, baseado em uma nova mentalidade: a regeneração.

“Adotar essa terminologia exige coragem, assim como foi no passado com a sustentabilidade. Mas sustentar o mundo como ele é hoje não parece uma boa ideia. Precisamos ir além: curar, restaurar, regenerar. Criar soluções em que o esforço coletivo gere mais saúde, abundância e valor para a sociedade do que o estado original em que nos encontramos”, disse João Paulo Ferreira, presidente da Natura durante evento realizado pela marca nesta sexta-feira, 4. 

A companhia afirmou que rejeita retrocessos, buscando avançar sua visão de cosmética pela economia da floresta em pé, com foco na Amazônia, região onde atua há 25 anos e busca ampliar em 50% a área conservada até 2030, totalizando 3 milhões de hectares protegidos. 

Atualmente, a Natura atua junto a 46 comunidades da sociobiodiversidade, com R$ 48,5 milhões investidos, beneficiando mais de 10 mil famílias. São 46 bioingredientes, 94 cadeias de fornecimento e mais de 2 milhões de hectares de floresta conservada.

“Nossa visão se baseia em ambição, compromisso e ação para impacto positivo, com a resiliência como nova eficiência, a colaboração como nova competição e a regeneração como novo caminho”, destacou Ana Costa, vice-presidente de sustentabilidade. 

Regeneração ambiental como essência do produto

Além da atuação direta no bioma amazônico, a redução das emissões de carbono — com a meta de zerar as emissões líquidas próprias até 2030 — e a gestão de resíduos também são pilares centrais da estratégia.

Até 2050, a Natura também se compromete a ter 100% de plástico de origem renovável e compostáveis em seu portfólio.

“Nossa longevidade depende diretamente da nossa capacidade de contribuir com o desenvolvimento da sociedade. É isso que orienta nossas decisões de negócio, hoje e no futuro”, pontuou Ferreira.

“O produto é o principal elo entre nós e nossos clientes. Ele deve promover a regeneração de forma acessível, com performance cosmética, fórmulas e embalagens minimalistas, livres de combustíveis fósseis e com impacto positivo nas cadeias de valor”, disse Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade.

Compromisso com o capital natural e social

Além disso, a Natura planeja implementar uma lógica de simbiose industrial, integrando cadeias e plantas proprietárias com outras empresas, fornecedoras e até mesmo concorrentes, para racionalizar o uso de recursos e maximizar o reaproveitamento; quadruplicar até 2030 as compras de insumos vindos da sociobioeconomia da Amazônia; e dobrar os recursos que compartilha com as comunidades amazônicas que são suas fornecedoras.

Sobre equidade e impacto social, as metas destacadas incluem fomentar o progresso social das comunidades, com o aumento da equidade racial e de gênero, com a melhora da educação, da saúde, do bem-estar e da cidadania; aumento em 10% do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das consultoras de beleza até 2030 e garantir que todas tenham renda digna até 2050; e pagamentos por serviços ambientais para 100% das comunidades fornecedoras até 2050.

Essas e outras estratégias serão mensuradas por meio do Integrated Profit & Loss (iP&L), metodologia que atribui valor monetário a impactos socioambientais.

Atualmente, a ferramenta indica que a cada R$ 1 de receita da marca, R$ 2,50 são retornados à sociedade. A meta para 2030 é de R$ 4 de impacto socioambiental positivo para cada R$ 1 de receita.

“Nosso maior desafio até 2050 é converter o único capital que ainda é negativo — o capital natural — em capital positivo. Hoje, já temos impactos positivos nos capitais social e humano, e seguimos avançando para que todos os quatro capitais sejam positivos de forma independente”, explicou Angela.

Mas como comunicar todos esses objetivos? Ana Costa destacou que a Natura possui muita credibilidade e consistência, e o desafio está em transmitir isso para clientes e consultoras, especialmente utilizando uma linguagem simples e próxima da realidade delas.

“Trabalhamos muito juntos — marketing, sustentabilidade e inovação — para gerar esses insights. Tentamos sempre agir com verdade e consistência para transmitir a mensagem da melhor forma possível, sempre colocando o cliente no centro”, disse.

COP30

A Natura também estará presente na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que acontecerá entre os dias 10 e 21 de novembro em Belém, no Pará.

Ana Costa reforçou que o evento será uma vitrine importante para mostrar o que está sendo feito nos territórios, especialmente na região amazônica.

Será a primeira vez que o Brasil sediará uma edição da conferência – a COP25, prevista para ocorrer no País em 2019, foi transferida primeiro para o Chile e depois para a Espanha.

“A COP30 é uma grande vitrine, uma oportunidade para mostrarmos o que está no território, o que acontece de fato no campo. Muitas pessoas nem sabem o que é bioeconomia ou para que ela serve. É fundamental entender, na ponta, o que significa a bioeconomia, a importância de manter a floresta em pé e conhecer as pessoas que estão por trás das árvores, por trás de toda essa preservação”, explicou.

Ela destacou, ainda, o papel do evento como plataforma para amplificar vozes e atrair novos investimentos.

“Será também uma grande oportunidade para que as pessoas se expressem, sem repressão ao ativismo, ouvindo e aprendendo com essas vozes, ampliando e amplificando discursos. Do ponto de vista institucional, territorial e de geração de valor, é uma oportunidade que o Brasil não pode perder”, observou.

“Como marca, é exatamente essa a discussão: colocar a Amazônia no centro, ela é berço da natureza. Então, é hora de aproveitar esse momento também como uma marca com consistência, que está presente, que tem credibilidade para mobilizar novos atores a investir nesse território e trazer esse valor para a construção de um consumo mais consciente”, completou.