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Para Itaú, agenda ESG exige visão de longo prazo

Luciana Nicola, diretora de relações institucionais e sustentabilidade, descreve presença da marca na COP30

i 12 de novembro de 2025 - 6h12

No ano passado, o Itaú anunciou que quer chegar a R$ 1 trilhão em finanças sustentáveis até 2030. A ambição faz parte da estratégia de ESG ancorada em três frentes principais: diversidade e desenvolvimento; transição climática; e finanças sustentáveis.

Os caminhos para alcançar a meta incluem o posicionamento como parceiro dos clientes na transição, com uma estratégia ESG que se traduz em produtos, serviços, compromissos públicos e investimentos, por exemplo.

luciana nicola

Luciana Nicola, diretora de relações institucionais e sustentabilidade do Itaú (Crédito: Divulgação)

Presente na COP30 com a C.A.S.E. Climate Action Solutions & Engagement, ao lado de Bradesco, Itaú Unibanco, Itaúsa, Marcopolo, Natura, Nestlé e Vale, a instituição vê na Conferência uma oportunidade de dar mais visibilidade à temática do clima, conforme indica Luciana Nicola, diretora de relações institucionais e sustentabilidade do Itaú.

Em entrevista, a executiva salienta a importância do setor financeiro no contexto da COP30, papel das instituições privadas no combate à crise climática e detalha como um plano estruturado de ESG impacta nas diretrizes de comunicação e marketing:

Meio & Mensagem – Como a participação na COP30 impacta e fortalece Itaú como marca?

Luciana Nicola – Acreditamos que a COP é uma plataforma estratégica para ampliar a visibilidade das discussões e iniciativas voltadas à transição climática. Essa é uma oportunidade única para estabelecer conexões com diversos agentes dos setores público e privado, além de organizações sociais, que são essenciais para o avanço das discussões. O ESG está no centro da nossa estratégia de negócios, e a nossa participação na COP30 refletirá esse compromisso de forma genuína. Somos parceiros na transição climática de nossos clientes e acreditamos que, ao divulgar nossas ações, podemos incentivar a adoção de boas práticas em vários setores, o que, consequentemente, reforça a imagem do Itaú como um banco comprometido com o futuro sustentável do nosso país.

M&M – De que forma estratégias de ESG bem estruturadas e alinhadas aos objetivos de negócios podem auxiliar o trabalho do marketing? De que forma a marca procura comunicar essas diretrizes?

Luciana – Quando a agenda de ESG está integrada à estratégia do negócio, a comunicação dessas diretrizes pode ser feita de maneira responsável e baseada em evidências, com foco em transparência, consistência e diálogo. No Itaú, trabalhamos para mostrar como a agenda ESG se traduz em produtos, serviços, compromissos públicos, investimentos e parcerias, reforçando que se trata de uma dimensão central da nossa estratégia de negócios. Um exemplo recente é a campanha institucional “Todos a Bordo”, composta por uma série de quatro episódios que abordam temas fundamentais da agenda climática, como transição energética, agricultura regenerativa, financiamento sustentável e gestão de recursos. A iniciativa acompanha a expedição da navegadora e escritora brasileira Tamara Klink pela sua travessia solo pela histórica Passagem Noroeste, que se tornou possível devido ao avanço do degelo no Hemisfério Norte, um reflexo direto do aquecimento global.

M&M – Como classifica a importância da articulação entre setores, sociedade civil e terceiro setor, para as empresas no cenário dos assuntos debatidos e negociados na COP30?

Luciana – A articulação coordenada entre setor privado, sociedade civil e terceiro setor é essencial para avançarmos nos temas que estão em debate na COP30. E, nesse processo, fóruns multissetoriais e espaços de construção coletiva têm um papel decisivo. No Itaú, buscamos nos posicionar de forma integrada com nossos principais pares e parceiros na indústria financeira, a fim de contribuir para a construção de soluções comuns e viáveis. Por isso, investimos no relacionamento com clientes e stakeholders e participamos de grupos de trabalho e conselhos intersetoriais que reúnem representantes do setor financeiro, reguladores, especialistas e a sociedade civil. Como parte desse esforço de articulação, uma das nossas principais ações para a COP30 é a C.A.S.E. — Climate Action Solutions & Engagement, que reúne Bradesco, Itaú Unibanco, Itaúsa, Marcopolo, Natura, Nestlé e Vale. A iniciativa apresenta soluções climáticas concretas e escaláveis já implementadas, que servem de referência para engajar e posicionar o setor privado como um agente ativo na construção de uma economia mais inclusiva e competitiva.

M&M – Quais são os caminhos para que o equilíbrio de mensuração e processos de longo prazo que a agenda ESG envolve sejam também associados ao lucro e ao crescimento sustentável?

Luciana – A agenda ESG exige visão de longo prazo, mas também abre caminhos concretos para gerar valor. Quando métricas claras, indicadores comparáveis e processos estruturados orientam a tomada de decisão, fica mais fácil identificar riscos, antecipar tendências e direcionar recursos para negócios com maior potencial de retorno no futuro. No Itaú, entendemos que associar ESG ao crescimento passa por integrar esses critérios às nossas análises de crédito, investimentos e produtos, fortalecendo modelos que capturam riscos ambientais e sociais – e transformam esse conhecimento em oportunidades. O equilíbrio entre mensuração e retorno é alcançado quando conseguimos demonstrar, por dados e resultados, que práticas sustentáveis reduzem ineficiências, ampliam competitividade e fortalecem relações com clientes e investidores. Assim, tornando mais claro o vínculo entre sustentabilidade, lucro e crescimento de longo prazo.

M&M – Que tipo de responsabilidade, ética, econômica ou estratégica, recai hoje sobre bancos, fundos e investidores na luta contra as mudanças climáticas?

Luciana – O setor financeiro tem desempenhado um papel importante como financiador da economia e articulador de oportunidades, mobilizando recursos para uma economia mais verde, de baixo carbono e inclusiva. Como banco, temos padrões de avaliação de riscos e oportunidades centrados em temas ESG, produtos e soluções que respondam aos desafios dessa agenda e direcionamos os fluxos financeiros de crédito e investimento para o fortalecimento de uma economia sustentável.

M&M – A empresa planeja alguma nova ação ou movimento, em termos de ESG ou de marketing no pós-COP30?

Luciana – Sim. Para o pós-COP30, estamos organizando um evento de download direcionado a clientes e parceiros, previsto para dezembro. A nossa ideia é compartilhar os principais debates, tendências e encaminhamentos discutidos durante a conferência, traduzindo os temas globais para a realidade dos setores com os quais atuamos. Queremos que o que for construído e debatido na COP seja reverberado de forma clara entre nossos clientes, apoiando suas tomadas de decisão e fortalecendo nosso papel como um parceiro na transição para uma economia de baixo carbono.