EUA retira tarifas sobre café, carne bovina e outros itens

Os Estados Unidos anunciaram na  quinta-feira, 20, a retirada das tarifas de 40% sobre a importação de certos produtos brasileiros, como café, carne bovina, frutas, como banana e tomate, entre outros.

Presidentes Trump e Lula durante encontro em Kuala Lumpur, na Malásia, no final de outubro: conversa abriu caminho para negociações (Crédito: Andrew Harnik/Getty Images)

De acordo com ordem executiva publicada pela Casa Branca, a decisão do presidente Donald Trump foi fruto de conversa com Luiz Inácio Lula da Silva ainda no início de outubro, quando concordaram em iniciar negociações e abordar preocupações sobre o decreto que impôs a tarifa adicional a uma série de itens. Lula e Trump também chegaram a se encontrar na Malásia no final de outubro.

O país já havia anunciado a redução das tarifas de forma retroativa sobre centenas de produtos na última semana. Entre as razões para a diminuição estiveram a consideração de informações e recomendações de autoridades, bem como a demanda e capacidade interna de produção por determinados produtos.

Em postagem no X, Lula apontou que “derrubada da taxa de 40% imposta pelo governo norte-americano a vários produtos agrícolas brasileiros é uma vitória do diálogo, da diplomacia e do bom senso”.

Em vídeo ao lado do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, negociadores junto ao governo norte-americano, aponta a decisão da isenção como um sinal importante para a relação comercial entre os dois países.

Já Alckmin indica que a retirada das tarifas abre uma avenida de entendimento entre os parceiros, cujos avanços significam desenvolvimento e empregos na seara do comércio exterior.

Associações celebraram o avanço nas negociações. Em nota, Pavel Cardoso, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), apontou a conquista como resultado do trabalho diplomático do Brasil, bem como da mobilização de toda a cadeia produtiva do café.

“Com esta nova ordem fica evidenciado que o café brasileiro é um produto essencial e estratégico para a economia americana, abrindo, inclusive, espaço para ampliação da presença dos cafés industrializados brasileiros no varejo norte-americano, com ganhos diretos para toda a cadeia produtiva, da indústria ao produto”, indica o comunicado.

Já a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) aponta que a “reversão reforça a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para a carne bovina brasileira”.

Para a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) a retirada das tarifas aos 238 produtos agrícolas gerou expectativa quanto ao avanço dos termos sobre bens industriais.

“A complementariedade das economias é real e agora precisamos evoluir nos termos para a entrada de bens da indústria, para a qual os EUA são nosso principal mercado, como para o setor de máquinas e equipamentos, por exemplo”, diz o presidente da CNI, Ricardo Alban, em nota.