Opinião
Qual o futuro da mídia?
Obcecado por dados, com um olhar mais para negócio, menos para formato
Obcecado por dados, com um olhar mais para negócio, menos para formato
8 de outubro de 2021 - 6h04
Atuando há seis anos com gestão e planejamento de mídia, uma das questões que sempre me ocorre é: qual o futuro da mídia do amanhã, considerando as transformações dos veículos de mídia no Brasil e no mundo, a nova jornada do consumidor após os últimos dois anos pandêmicos, bem como os novos comportamentos do público e as oportunidades de negócios.
Tive a oportunidade bem recente de trocar ideias com executivos de algumas grandes marcas nacionais – como Kantar Ibope, Eletromidia, Grupo Jovem Pan, Globo e Itaú Unibanco – e aproveito este espaço para alguns insights.
50% da efetividade da mídia está relacionada à capacidade criativa
É evidente a recente mudança no comportamento de consumo. Cerca de 62% das pessoas consomem tevê e internet simultaneamente e, em média, cada pessoa usa 2,8 fontes de informação para decidir sobre a compra (em 2015 eram 2,2 fontes de informação).
Isso traz desafios ao profissional de marketing, sendo que considero cinco como principais: definição do perfil de público em todos os touchpoints de mídia, a otimização do budget entre canais de mídia e a falta de alcance e frequência crossmidia.
A capacidade de assimilar informação não evolui da mesma forma que o crescimento exponencial de dados gerados. Assim, capturar a atenção passa a valer muito mais, visto que ela está cada vez mais dispersa. Para isso, indicaria cinco caminhos fundamentais para alcançar o público: ser relevante e conectado aos interesses do consumidor, a publicidade despertar emoção com criatividade, usar plataformas adequadas, ser eficaz e também resiliente.
Um novo olhar para a mídia exterior
A mídia exterior vem adquirindo cada vez mais importância no novo cenário pós-pandemia. Um dos fatores que contribuíram para esse crescimento foi a organização e consolidação do modelo de concessões no transporte público, mobiliário urbano e aeroportos, o que revolucionou o formato e as possibilidades da mídia exterior.
Essa oferta estruturada do modelo de concessões permitiu à indústria avançar de forma organizada, consolidando um mercado que antes era extremamente pulverizado. Isso permite levar ao mercado uma oferta mais preparada, facilitando a interlocução com clientes e agência para comprar e dar andamento ao OOH.
Destaco, ainda, a tecnologia embarcada no setor como sendo um caminho sem volta, ao resultar em duas variáveis: dados e métricas (para levar conforto às marcas para investir mais) e a oferta de forma sistemática.
A sempre atual liderança da tevê
Ainda que tenhamos cada vez mais possibilidades digitais, não podemos esquecer da empresa atual televisão. Acredito que se trata de um veículo com um importante papel social de compartilhamento, de estar junto com a família. É por isso que acredito que, mesmo com todas evoluções e novidades, o consumo de conteúdo na tela grande continuará sendo a paixão nacional, mas de forma mais fluida, com interatividade e conectividade.
Regionalização, customização e experiência
Para atrair a atenção do consumidor, reforço ainda a importância de os veículos oferecerem mídia de forma regionalizada.
É fundamental propiciar ao consumidor uma experiência sem atritos com a marca, mas observando, entendendo e respeitando o universo onde ele está inserido. Campanhas macro são importantes sim, mas não pode sair do radar jamais ações específicas para atingir e conversar com o público de forma a ser compreendido, considerando todas as peculiaridades do seu cotidiano.
Perfil do profissional de mídia do amanhã
Olhar apurado e sofisticado, um profissional mais opinativo, criativo e menos administrador de demandas. Integrador de meios e conhecedor da jornada do consumidor. Obcecado por dados, com um olhar mais para negócio, menos para formato.
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