Assinar
Meio e Mensagem – Marketing, Mídia e Comunicação

Você já ouviu falar de smart money?

Buscar
Publicidade


6 de junho de 2022 - 12h40

(Crédito: Rafapress/Shutterstock)

O dinheiro inteligente é um conceito bastante abstrato, mas muito usado no mundo de investimentos em startups, sendo um dos maiores e mais importantes ativos intangíveis que podem ser aportados em uma empresa. Sem dúvida, o dinheiro é a força vital do empreendedorismo, mas o que alguns fundadores ainda não perceberam é que o investidor certo pode oferecer benefícios adicionais que vão além do capital.

São muitos os fundadores céticos a respeito do quanto um investidor pode ajudar no desenvolvimento de uma startup. Afinal, o que uma empresa precisa quando busca um investimento é dinheiro, certo? Sim, mas… esse capital pode vir atrelado a conhecimento de mercado, acesso a outras empresas, experiência financeira, jurídica, governança, enfim, uma série de atributos, que podemos chamar de smart money.

Temos que lembrar que escolher o investidor nem sempre é um privilégio possível em mercados, ou em tempos em que o capital não é tão abundante. Mas é cada vez mais comum vermos gestoras se especializando na criação de valor e sendo alavancadas por essa estrutura para serem reconhecidas como as melhores sócias de uma startup. Isso não quer dizer que os investidores sempre irão ajudar, ou mesmo resolver os problemas que surgirem. Acho importante deixar isso claro: não é trabalho do investidor fazer com que a startup funcione. Ele abre portas, mas é muito importante saber fazer uso deste relacionamento e buscar oportunidades para destravar benefícios mútuos.

Mas, como se beneficiar do smart money?

Tire o máximo de proveito dos seus investidores, para muito além do próprio investimento… uma boa conversa com diferentes investidores pode trazer insights muito interessantes. Por isso, vale se preparar para as reuniões e fazer perguntas para ter uma melhor compreensão de dinâmicas do mercado e identificação de fraquezas e oportunidades.

Depois do investimento realizado é preciso nutrir este relacionamento e manter o seu investidor bem informado. Reuniões com o seu investment manager, que usualmente é o representante do investidor no conselho, e também com os demais membros da gestora, devem ser agendadas com frequência. O ideal é manter, pelo menos, um contato mensal, mas claro que essa periodicidade é mutável, de acordo com a fase da empresa e dos problemas que ela vem enfrentando. Além dessa conversa regular, também é importante apresentar dados e métricas atualizadas, lembrando que não deve se limitar a mostrar apenas números crescentes. Ao contrário, deve-se, sim, ser transparente e educar os investidores sobre os desenvolvimentos e os problemas que você está enfrentando, para permitir que eles o ajudem com a solução certa.

Várias gestoras possuem times dedicados à criação de valor e fazem com que esta atividade seja planejada, organizada e multiplicada, além de encorajar o seu time a investir tempo buscando novas formas de contribuir para o suporte a determinada empresa. Logo que a pandemia começou, por exemplo, os contatos com as empresas do nosso portfólio tornaram-se semanais, senão diários, para fazer uma checagem da saúde e do modelo de negócios. Além disso, semanalmente, todo o time da gestora se reunia para ponderar qual a melhor solução para os principais problemas do portfólio. Todo o time de investimento e backoffice participava dessa verdadeira operação de guerra para apoiar e criar mais valor para as empresas investidas. De certa forma, isso ajudou o time todo a conhecer melhor a situação de cada empresa e a criar uma conexão especial com o desenvolvimento delas, sobretudo pela sensibilidade que o momento pedia.

Algumas áreas nas quais tenho certeza de que o seu investidor poderá ajudar:

Recrutamento:

Investidores geralmente têm grandes redes e portfólios construídos para possibilitar acesso a eventuais investidores para o seu próprio fundo, ou mesmo para realizar novos investimentos. Ou seja, têm acesso a muita gente! Use esta capacidade de conexão e peça ajuda para recrutar profissionais com um conjunto específico de habilidades mais difícil de encontrar, como um CFO, por exemplo.
Várias gestoras criam, no seu portfólio, redes específicas de RH, com a participação de todas as empresas investidas (em diferentes estágios) e esta conexão com diferentes CHROs traz resultados surpreendentes, não apenas em áreas como recrutamento, mas também em políticas de contratação, diversidade, remuneração, atração, enfim… são diferentes ângulos de um mesmo tema que valem sempre ser explorados dentro do “pacote de investimento”.

Mais capital/Validação:

O investidor certo pode ter efeitos positivos duradouros para o futuro financeiro de uma startup, pois, em geral, fundos de venture capital coinvestem, e um investimento de um fundo pode ter um efeito muito atraente e positivo em termos de leads para novos investidores, que podem acompanhar, ou até mesmo continuar, a investir em rodadas de financiamento posteriores.

Conexões:

Da mesma forma que o dinheiro inteligente pode ajudar no recrutamento, bons investidores também podem usar suas redes para fazer conexões. Quando uma startup está procurando negócios ou parcerias estratégicas, a rede de um investidor pode ser utilizada em benefício da startup. Do mesmo modo, não é incomum que os fundos criem suas próprias “comunidades”, das quais todas as empresas do portfólio participam e fazem uso destas conexões comuns. O efeito multiplicador deste tipo de comunidade cria uma ligação muito forte entre os participantes, que dividem também seus sucessos e fracassos.

Influencers:

Investidores estão interessados ​​no sucesso a longo prazo da startup e podem ser os melhores embaixadores dos produtos de uma empresa, promovendo e compartilhando esses produtos com novos investidores, clientes e mercados.

Aconselhamento:

Investidores, geralmente, não funcionam muito bem em posições executivas dentro das empresas do portfólio, mas são excelentes para ajudar executivos nos processos de tomada de decisões difíceis: reestruturações, M&As ou estabelecimento de parcerias estratégicas. Nesses momentos, vale alavancar a visão de negócio e experiência operacional de seus investidores para navegar melhor nestas tomadas de decisão. Entretanto, veja que a reputação de um investidor não torna uma empresa bem-sucedida, enquanto o sucesso de uma empresa faz a boa reputação de um investidor. Ou seja, se um investidor tiver uma opinião sobre o funcionamento do seu negócio não significa, necessariamente, que ele sabe tudo. Você é responsável pelo seu próprio sucesso e por conhecer melhor o seu mercado.

Treinamento:

Investidores experientes trabalham regularmente com todos os tipos de líderes e estilos de liderança e podem compartilhar as melhores práticas com empreendedores para ajudá-los a ser os melhores líderes para suas empresas. Vários fundos têm playbooks básicos de treinamento que ajudam muito a dar aquele primeiro passo quando a startup não tem os ativos necessários para focar nessa atividade.

E tem mais smart por aí…

O ecossistema também tem um papel fundamental nesta criação de valor: temos apoiadores desse ciclo virtuoso do empreendedorismo que podem ajudar, seja por padronizarem documentos, disponibilizarem mentorias, conexões… Enfim, profissionais que estão sempre dispostos a apoiar o desenvolvimento de startups, mesmo sem ter investido nelas. Vale sempre pesquisar e buscar essas redes de suporte.

O smart money pode viabilizar atalhos importantes, abrir portas, e trazer a experiência de profissionais que já passaram por vários desafios empresariais, introduzindo perspectivas diferentes e trazendo velocidade e agilidade em uma caminhada que se favorece com o apoio de verdadeiros parceiros de jornada. O investidor é o seu 12º jogador: use a experiência, o conhecimento e o networking dele, e de todo o ecossistema para voar ainda mais alto e mais rápido.

Publicidade

Compartilhe

Veja também