Uma carta aberta para todos que não acham que merecem
Não é simples sair desse ciclo de síndrome do impostor e ainda não saí. Mas descobri que essa jornada não pode ser solitária
Não é simples sair desse ciclo de síndrome do impostor e ainda não saí. Mas descobri que essa jornada não pode ser solitária
11 de março de 2023 - 11h31
Ano de 2020. Recebo o reconhecimento da liderança do meu trabalho com um convite: ir para o SXSW 2020. Junto com uma felicidade indescritível, vêm o medo do convite e pensamentos que me jogam para baixo:
“E o seu inglês? Você não tem experiência com viagens para fora. Como vai ser numa cidade que não é tão turística? E quando seus chefes e parceiros descobrirem que você não é tão fluente assim?”
Pensamentos que aceleram o coração só de escrever agora. Confesso que já estou acostumado com esses pensamentos. Naquele momento, me desviei desses pensamentos e segui em frente, tentando não sofrer até o dia da viagem.
Fevereiro de 2020. Viagem planejada. Ansiedade a mil pela infinidade de temas que SXSW oferece. Uma pandemia vem e derruba tudo.
Pode parecer estranho pra maioria e é difícil até dizer isso agora, com a liderança lendo meu texto: essa notícia soava como um alívio na minha mente povoada de medos e fracassos que só aconteceriam nela mesma. Corta pra 2023. Convite renovado pela liderança. E agora?
Você acha que alguma coisa mudou desde então? Estudei e melhorei meu inglês. Fiz minha parte, mas…
Esse mesmo sentimento ainda me persegue, como um amigo imaginário. Aprendi a ignorá-lo? Jamais. Mas a jornada do autoconhecimento, motivado inclusive pelo programa de mentoria do Grupo Dreamers, liderado pela incrível Debora Moura, trouxe mais elementos para esse momento.
Nessa longa caminhada, como recém pessoa preta descoberta, estudante de escola pública com pais de criação humilde, percebo que não é sobre ignorar, mas reconhecer, perceber e contornar.
Não é simples sair desse ciclo de síndrome do impostor e ainda não saí. Mas descobri que essa jornada não pode ser solitária. Somente com pessoas incríveis ao seu lado (tenho um grupo de amigos e gestores incríveis, chefes sensíveis e próximos, equipe sensacional e uma grande mulher ao meu lado), o fardo se tornará leve e você será capaz de enxergar quem você é de verdade.
Ansioso, temeroso, mas ao mesmo tempo corajoso e vulnerável. Nesses dias, vou tentar trazer meu olhar sobre tudo o que vou viver. Pode ser que saiam coisas interessantes. Pode ser que não. Mas, se posso assumir um compromisso neste SXSW, é de ser a bandeira, para todos os pretos e pretas e estudantes de escolas públicas, de que devemos sonhar. Sonhe!
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