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Acessibilidade: assunto para as pessoas com (e sem) deficiência
Em uma sociedade que está envelhecendo mais, limitações motoras e sensoriais precisam entrar na agenda do poder público e privado
Acessibilidade: assunto para as pessoas com (e sem) deficiência
BuscarEm uma sociedade que está envelhecendo mais, limitações motoras e sensoriais precisam entrar na agenda do poder público e privado
Bárbara Sacchitiello
26 de março de 2024 - 19h05
“Se você não morrer no auge da forma física certamente se tornará uma pessoa com alguma deficiência”. A afirmação de Amanda Lyra, consultora de acessibilidade digital e D&I e Novos Negócios da Asid Brasil colocou o debate sobre inclusão, promovido no Women to Watch Summit nesta terça-feira, 26, em um patamar diferente.
Tratada muitas vezes como uma questão de uma pequena parcela da população, a acessibilidade precisa ser pensada – e, principalmente, viabilizada – como algo para toda a população.
“Quem não tem, atualmente, alguma limitação motora ou dificuldade para ouvir ou se movimentar, pode ter isso quando ficar mais velho. Precisamos pensar que nosso futuro será o de pessoas com deficiência e, por isso, a acessibilidade será um tema de todos”, pontuou Amanda, que foi moderadora de um painel que abordou o grau de envolvimento do mercado corporativo com o tema.
No palco, foram dados exemplos de negócios que tratam a acessibilidade como uma questão central. Como a Supersônica, uma editora de audiolivros que tem como sócia e curadora Maria Stockler.
Maria levou uma vida sem qualquer limitação até os 13 anos de idade, quando perdeu a visão em cerca de dois meses. A partir dali, tarefas que eram rotineiras, como ir à escola, ao cinema ou ler um livro foram extraídas de sua vida. Até que, anos depois, essa percepção de um mundo inadequado às suas limitações a levaram a pesquisar e empreender na área da acessibilidade.
“Nosso objetivo é produzir audiolivros como projetos artísticos, com vozes de grandes artistas brasileiros. Acho que é muito importante que consigamos olhar para as oportunidades que as limitações perturbadoras nos trazem”, declarou Maria.
Diferentemente de Maria e da Amanda, Ana Clara Schneider não é uma pessoa com deficiência. O fato de não enfrentar na pele as limitações impostas por outras pessoas, no entanto, não a impediu de se incomodar a ponto de querer tornar a acessibilidade seu projeto de carreira.
Após deixar o trabalho em agência de publicidade, ela fundou a Sondery, consultoria dedicada a auxiliar marcas e empresas a se comunicarem com as pessoas sem barreiras sensoriais.
“Em primeiro lugar, temos a necessidade de diminuir o entendimento de que acessibilidade é só para pessoas com deficiência. E, quando somamos a criatividade a esse contexto, é preciso retirar a ideia de que a acessibilidade atrapalha ou gera mais trabalho em um plano de comunicação. Se estamos desenvolvendo uma nova embalagem, por exemplo, por que não pensar em como as pessoas irão abri-la ou manuseá-la?”, questionou.
A respeito da evolução do mercado, Maria diz ver uma movimentação das marcas e empresas, mas ainda de forma muito incipiente. “Parece que somos pessoas do futuro debatendo sobre algo que ainda é pouco falado. As pessoas e empresas que não entendem do assunto precisam consultar quem sabe e procurar especialistas em acessibilidade e inclusão”, alertou.
Ana citou um exemplo prático da pouca evolução da pauta. Ela se recorda que, quando começou a pesquisar o assunto, encontrou um estudo britânico, feito em 1989, que alertava para o fato de que instituições, especializada em auxiliar pessoas com deficiência, não consultavam ninguém desses grupos para elaborar campanhas publicitárias.
“Será que, hoje, isso mudou tanto assim? Não é questão de começar a incluir, mas de parar de excluir”, destacou.
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