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Cinco lideranças femininas que desbravam o mercado da tecnologia

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Women to Watch

Cinco lideranças femininas que desbravam o mercado da tecnologia

Apesar do aumento de profissionais mulheres na área de TI, elas ainda enfrentam dificuldades para ascender a cargos de liderança


23 de agosto de 2022 - 8h10

Por Lídia Capitani

Nos últimos cinco anos, houve um crescimento de 60% na participação feminina na área de tecnologia da informação (TI), o que representa um salto de 27,9 mil mulheres para 44,5 mil, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O dado demonstra uma tendência de aumento das mulheres atuando com tecnologia, área historicamente ocupada por homens. 

Mas o buraco é mais profundo: na indústria da tecnologia, as mulheres ainda enfrentam grandes desafios para alcançar cargos e salários mais elevados, sofrem por falta de confiança e lidam com muitas dificuldades no cotidiano da profissão. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) de 2020 demonstram que apenas 33% dos cargos de diretor e gerente são ocupados por mulheres na área de tecnologias da informação e comunicação (TIC).

Essa disparidade, entretanto, não se deve por falta de ambição. Pelo contrário, mulheres são mais propensas a buscar promoções num espaço de três anos, 47% delas frente a 42% dos entrevistados homens, segundo relatório global conduzido pelo Boston Consulting Group e o Women’s Forum

O mesmo estudo avalia que mulheres precisam enfrentar mais desafios no seu caminho para a liderança, tais como responsabilidades que resultam em licenças mais longas, poucos modelos e pares para apoiá-las e orientá-las e maior pressão para provar habilidades, principalmente tecnológicas. Além disso, elas tendem a depender mais de orientação de grupos de apoio e aconselhamento em comparação com os empreendedores homens, que tomam decisões a partir da sua própria autoconfiança.

Não é à toa que temas como diversidade e inclusão e a agenda ESG estão em alta: pesquisas demonstram os benefícios de um time diverso e a alta performance das empresas com lideranças inclusivas. Um relatório realizada pela McKinsey & Company em 2020 revelou que, na América Latina, as organizações com equipes executivas diversificadas em termos de gênero têm mais probabilidade em 14%  de superar a performance de seus pares na indústria. 

Pensando nisso, compilamos uma lista de cinco lideranças femininas que se destacam no universo da tecnologia e de startups. Elas falam sobre as dificuldades que enfrentam no cotidiano e as vantagens de investir em times diversos.

 

Paola Behs, head de Marketing da PM3

Paola Behs é head de Marketing da PM3 (Crédito: Divulgação)

A PM3 é uma edtech brasileira de formação em product management, uma disciplina que ganha cada vez mais relevância no mercado no nosso país. Paola Behs é head de marketing da escola e produz anualmente “O Panorama de Mercado de Product Management no Brasil”, a fim de compreender os avanços da área. Apesar das mulheres enfrentarem desafios no mercado de tecnologia, a liderança afirma que o perfil feminino entre product managers tem uma boa recepção. 

“Para atuar como product manager, algumas habilidades muito presentes no perfil feminino são valorizadas, tais como a comunicação acolhedora, importante para fazer o gerenciamento de stakeholders; escuta apurada, super útil para realização de discovery; e liderança colaborativa, fundamental para gerir times multidisciplinares como squads. Acredito que aos poucos as organizações estão se dando conta dessas vantagens, mas, ao mesmo tempo, acredito que ainda há muito espaço para ambientes mais diversos dentro da área. Mesmo observando um aumento de mulheres neste setor, quanto mais subimos na estrutura organizacional, menos mulheres vemos. Não à toa há pouquíssimas mulheres CPOs ou VPs de tech no Brasil”, avalia Paola.

 

Laura Coló, cofundadora e CFO da Yapoli

Laura Coló é co-founder e CFO da Yapoli (Crédito: Divulgação)

A Yapoli é uma plataforma de governança corporativa, gestão e distribuição de ativos digitais para grandes corporações, com mais de 15 anos de experiência. Laura Coló é co-founder e CFO da empresa, mas, antes de fundá-la, teve duas experiências empreendendo nas áreas de publicidade, fotografia e cinema. Em 2018, decidiu investir na criação da primeira startup especializada em gerenciamento de ativos digitais por meio da tecnologia DAM (Digital Asset Management) do Brasil, a Yapoli. Ao longo desses quatro anos, ela afirma que enfrentou frequentemente o preconceito de gênero, inclusive em reuniões com fundos de investimentos.

“Precisei passar por um processo de autoconhecimento para enxergar que o meu sucesso foi por mérito próprio. Hoje aprendi a bater palmas para as minhas conquistas. O meu currículo e a minha história falam por mim. Ainda que com obstáculos, pretendo continuar investindo em inovação, afinal, a tecnologia viabiliza sonhos, é criar e pensar algo novo, que vai mudar e simplificar a maneira como uma coisa tem sido feita. Isso [a tecnologia] se tornou uma paixão”, relata.

 

Cáh Morandi, fundadora e CEO da B.done

Cáh Morandi é fundadora e CEO da B.done (Crédito: Divulgação)

A B.done é uma startup de matchmaking entre marcas e agências de comunicação no Brasil, da qual Cáh Morandi é fundadora e CEO. Na sua organização interna, a empresa busca sempre ocupar os seus cargos de liderança e de equipe com perfis femininos e diversos, para aumentar a diversidade do time.

“Percebo grandes mudanças no nosso mercado de atuação, muitas conduzidas pelas próprias marcas, que têm exigido times diversos nas suas contratações de agências. Naturalmente, esse movimento obriga empresas a transformarem sua cultura em relação a contratações e desenvolvimento de novas lideranças. Hoje, nosso desafio é, além de diversificar os talentos com outras etnias e deficiências, fomentar a inclusão na nossa cultura. Acreditamos que quanto mais diverso o time, mais repertório conseguimos reunir para discutir ideias, construir projetos, melhorar processos e fomentar uma cultura interna cada vez mais saudável”, pontua Cáh.

 

Gabriela Acoorsi (CPO e COO) e Luciana Mendes (CEO) da La Decora

Gabriela Acoorsi e Luciana Mendes comandam a startup La Decora (Crédito: Divulgação)

Gabriela Acoorsi e Luciana Mendes são as executivas à frente da startup La Decora, empresa cujo objetivo é democratizar o acesso ao planejamento de decoração de interiores por meio de consultorias online. As C-level concordam que o fomento da diversidade nos níveis de liderança é uma característica que diferencia e destaca qualquer organização frente aos concorrentes.

“Vejo que cada vez mais as empresas estão se diversificando, principalmente em cargos de liderança. Por isso, acredito que as companhias tech lideram naturalmente a preferência de muitos clientes e usuários. Além disso, atuo como mentora de um programa de aceleração em São Paulo e tenho observado um crescimento muito grande no número de mulheres que estão à frente de empresas de tecnologia. Não à toa, hoje elas são mais de 50% dos inscritos. No último semestre graduamos 75% mulheres, um avanço e tanto”, reflete Luciana.

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