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Economia prateada cresce no Brasil, mas desigualdade de gênero persiste

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Economia prateada cresce no Brasil, mas desigualdade de gênero persiste

Embora o consumo das pessoas maduras deva dobrar até 2044, mulheres 50+ ainda gastam R$ 3 mil a menos por ano do que os homens


3 de junho de 2025 - 9h13

(Crédito: Shutterstock)

Novo estudo do Data8 revela que a economia prateada no Brasil irá duplicar em vinte anos. No País, o consumo da população com 50 anos ou mais chegou a R$ 1,8 trilhão em 2024, e poderá aumentar até R$ 3,8 trilhões em 2044, representando 35% do consumo total. Atualmente, ele corresponde a 24% do consumo privado total. Essas conclusões foram retiradas da pesquisa inédita “Mercado Prateado: consumo dos brasileiros 50+ e projeções”, que dimensiona a cesta de consumo da população madura a partir de uma perspectiva econômica e setorial no Brasil.

Apesar do grande potencial de consumo, o recorte de gênero também atravessa a população madura e impacta o consumo feminino. As mulheres prateadas consomem, em média, R$ 3 mil a menos por ano do que os homens de sua geração. Mensalmente, o consumo per capita entre homens é de R$ 4.383, enquanto entre as mulheres é de R$ 4.124, conforme retrata o estudo.

A economia prateada é a soma de toda a atividade econômica que atende às necessidades das pessoas com 50 anos ou mais, incluindo os produtos e serviços que compram direta ou indiretamente. No mundo, existem aproximadamente 2 bilhões de pessoas 50+, de acordo com a ONU. Por ano, este setor movimenta US$ 22 trilhões, com expectativa de aumento no futuro próximo, visto o acelerado envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida.

A América Latina é a região que envelhece mais rápido atualmente. Entre 1950 e 2020, a taxa de fecundidade na região caiu de 6 para 2 filhos por mãe. No mesmo período, a expectativa de vida aumentou 25 anos. Dessa forma, até 2050, 3 em cada 10 latinos terão mais de 60 anos. Neste quesito, o Brasil é protagonista, com 27% de sua população tendo mais de 50 anos. A previsão destacada pelo estudo é que até 2044, eles representarão 40% da nossa população.

Invisibilidade e decisão de compra

No Brasil, 76% dos brasileiros acima de 50 anos são responsáveis pela principal fonte de renda da família. Mesmo assim, 54% deles não se sentem representados pela mídia e pelas marcas. Além disso, 4 em cada 10 brasileiros nesta faixa etária não encontram produtos e serviços voltados para demandas da sua idade. Tal invisibilidade acaba sendo refletida nas decisões de compras. Enquanto a população abaixo dos 50 movimenta diferentes setores como vestuário, transporte, educação, higiene e cuidados pessoais, os principais setores de consumo dos prateados são focados em suas necessidades básicas, como moradia, alimentação, transporte e saúde.

Segundo o estudo, um consumidor de 80 anos ou mais, comparado a outro entre 50 e 54 anos, tem, em média, um consumo mensal similar em valor, mas distinto quanto às suas demandas, chegando a gastar quase o dobro em serviços de saúde. Esta distinção também é refletida entre os gêneros: enquanto as mulheres investem 15% em saúde por mês, esse valor é de 14% para os homens. E, enquanto eles investem 17% do consumo mensal em transportes, esse número cai para 14% entre as mulheres.

“O Brasil Prateado é feminino. As mulheres vivem, em média, sete anos a mais que os homens, e isso se reflete diretamente em seus hábitos de consumo. Elas investem mais em saúde, priorizam o autocuidado e seguem exercendo um papel central no cuidado com toda a família. São elas que tomam as decisões de consumo, não apenas em relação a si mesmas, mas também no que diz respeito às pessoas ao seu redor. São as prateadas que definem prioridades e movem o mercado, mesmo quando não estão no centro das campanhas”, destaca Cléa Klouri, cofundadora do Data8 e uma das coordenadoras da pesquisa.

Cléa Klouri, cofundadora do Data8 (Crédito: Divulgação)

A diferença de classes sociais também impacta as decisões de consumo. Enquanto as classes mais altas diversificam e movimentam mais setores, as classes mais baixas investem muito mais percentualmente em necessidades básicas como moradia e alimentação. Para os prateados de classe A, o maior consumo mensal passa a ser no setor de transportes, que inclui aquisição e manutenção de veículos, transporte urbano e viagens esporádicas, enquanto para a classe D, a habitação representa o setor com maior consumo mensal.

A pesquisa destaca que, com o envelhecimento da população e aumento percentual da faixa etária acima de 50 anos, alguns setores estarão mais aquecidos que outros, porém, esse movimento impactará diferentes segmentos. O estudo aponta o crescimento do setor de saúde e habitação, mas também indica uma diminuição do consumo de produtos e serviços de educação.

Esta pesquisa faz parte de uma série de estudos chamada “Brasil Prateado”, que trará oito insights sobre economia prateada brasileira em comemoração aos oito anos do Data8, hub de inteligência sobre o tema na América Latina. Os próximos insights serão divulgados ao longo do ano.

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