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Mulheres transformam comunidades por meio dos negócios

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Opinião

Mulheres transformam comunidades por meio dos negócios

Há uma mudança poderosa no cenário do empreendedorismo brasileiro: mulheres que, em vez de esperar oportunidades, estão criando as próprias -- onde pisam


23 de maio de 2025 - 7h02

(Crédito: Shutterstock)

Há uma mudança visível e poderosa no cenário do empreendedorismo brasileiro: mulheres que, em vez de esperar oportunidades, estão criando as próprias, diretamente de dentro das suas comunidades. Essas mulheres, muitas vezes, não aparecem nos holofotes do mercado tradicional, mas estão transformando territórios inteiros com seus negócios. Elas não apenas vendem produtos ou serviços: elas criam soluções reais para problemas locais.

A mulher periférica, a mulher do interior, a empresária de base local… todas carregam em si um modelo de liderança com propósito e pertencimento, que é relacional, regenerativo e coletivo. Empreendem porque é necessário, mas também porque é estratégico. E fazem isso com potência transformadora.

Esse movimento começa com um passo silencioso, mas revolucionário: o de reconhecer-se como empresária. É nessa virada de chave que nasce o autoconhecimento necessário para assumir a liderança do próprio negócio com clareza, visão e confiança.

Estratégico, necessário e autêntico, o impacto direto dos empreendimentos femininos altera, na prática, a realidade ao redor. Quando um pequeno salão gera empregos na comunidade. Quando uma mercearia cria confiança e abastece uma área negligenciada. Quando uma construtora liderada por uma mulher legaliza territórios inteiros e transforma o acesso à moradia digna.

São negócios enraizados, literalmente, em sua comunidade. Nascem da escuta, da dor, da urgência. E por isso são profundamente eficazes: resolvem problemas reais com soluções viáveis, replicáveis e sustentáveis. É o que chamamos na Ebem de “empreender onde se pisa”, usar o conhecimento territorial como diferencial competitivo. Essa é a base de uma formação prática e humanizada, que respeita a realidade das empreendedoras e as prepara para resultados consistentes.

Essa não é apenas uma narrativa inspiradora. É uma visão de futuro. Cada vez mais, grandes marcas e investidores olham para negócios de impacto social como parte estratégica da nova economia. E o que essas mulheres fazem já está alinhado com pilares de ESG, inovação social e regeneração econômica, mesmo sem nomeá-los assim.

Na Ebem, temos a honra de caminhar ao lado de empreendedoras que lideram movimentos com enorme relevância e potência de escala. São mulheres que transformam seus territórios com estratégias alinhadas à realidade em que vivem, conectando propósito, impacto e sustentabilidade. Tudo isso com apoio de uma rede de colaboração estratégica, que promove trocas entre empresárias, mentoras e especialistas, criando um ecossistema fértil para o crescimento.

E mais: fazemos isso com a convicção de que equidade de gênero não é discurso, é estrutura de gestão.

Um exemplo potente é o da Helen Moraes, advogada e fundadora da HB Brasil Incorporadora e Construtora, que atua com habitação popular e regularização fundiária em comunidades de baixa renda. Sua empresa oferece moradias equipadas e acessíveis para famílias das faixas mais vulneráveis, promovendo dignidade, segurança jurídica e infraestrutura para territórios historicamente negligenciados. Helen lidera uma transformação urbana concreta e, com isso, gera impacto econômico, social e simbólico para milhares de pessoas em todo o país.

Apesar da potência, o caminho do empreendedorismo comunitário feminino ainda é repleto de obstáculos estruturais. Falta de acesso a crédito, à tecnologia, à capacitação e ao mercado formal são barreiras recorrentes. Segundo o Sebrae (2023), 55% das mulheres empreendedoras brasileiras não têm acesso a financiamento formal. Muitas também acumulam múltiplas funções: são mães, cuidadoras, provedoras e líderes — tudo ao mesmo tempo.

Mas o cenário está em movimento. Soluções como redes de mentoria, microcrédito acessível, digitalização humanizada e formações empreendedoras com recorte de gênero, território e identidade já vêm mostrando resultados concretos. Quando as oportunidades se moldam à realidade dessas mulheres, e não o contrário, todo o ecossistema de negócios e impacto cresce junto.

O mercado precisa abrir os olhos e enxergar o que nós, mulheres empresárias e líderes, já vimos e aplicamos em nossos negócios: inovação não é só tecnologia, também é cultura, conexão, identidade e regeneração. Crescer não significa se afastar das raízes, mas, sim, ampliar o alcance daquilo que importa. E liderar com valores pode, sim, gerar performance, inclusive financeira.

Essas mulheres estão promovendo uma verdadeira mudança de mentalidade e lapidando a forma de empreender no Brasil. E eu vejo isso todos os dias, de perto. Elas me lembram — e deveriam lembrar a todos nós — que negócios realmente relevantes não se medem só por faturamento ou market share, mas pelo impacto real que deixam nas vidas que tocam.

A mudança e inovação estão nas mãos de mulheres que empreendem onde pisam, com coragem, visão de futuro e um senso profundo de pertencimento.

Apoiar essas empreendedoras não é uma ação pontual. É uma estratégia baseada em identidade, equidade, formação real e rede de apoio — os pilares da nova economia feminina.

E é nisso que acreditamos todos os dias.

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