Os desafios da mulher empreendedora no Brasil

Buscar
Publicidade

Summit

Os desafios da mulher empreendedora no Brasil

Ana Fontes abordou os principais desafios dessa jornada da mulher empreendedora, em conversa com Daniele DaMata, Emily Ewell e Luana Ozemela


26 de março de 2024 - 12h14

Ana Fontes, presidente da Rede Mulher Empreendedora, começou o painel “Negócios criados sob medida para necessidades femininas”, se autodescrevendo e pedindo para que Daniele DaMata, CEO da DaMata Makeup, Emily Ewell, co-fundadora e CEO da Pantys, e Luana Ozemela, co-fundadora da BlackWin e VP de impacto social no iFood, também fizessem o mesmo.

Desafios empreendedora

Da esq. para a dir: Daniele DaMata, Emily Ewell, Luana Ozemela e Ana Fontes (Crédito: Eduardo Lopes/Imagem Paulista)

Depois, a presidente deu um contexto sobre o atual momento do empreendedorismo no Brasil. “Hoje no Brasil, quase metade dos pequenos negócios são liderados por mulheres”. “Não é negocinho, não, a mulherada está fazendo a diferença!”, enfatizou Ana.

A executiva ainda elencou os três principais desafios enfrentados pelas mulheres empreendedoras nesse contexto. O primeiro é a falta de acesso ao capital; o segundo é a falta de recursos sobre o “como vender”; e o terceiro é a falta de rede de apoio, principalmente para mulheres mais vulneráveis.

Neste sentido, Ana questionou Daniele, Emily e Luana sobre os principais desafios enfrentados por elas em suas jornadas pessoais como empreendedoras no Brasil.

A CEO da DaMata Makeup e consultora de desenvolvimento de produtos para a pele negra, Daniele, ressaltou que na sua trajetória pessoal, o seu maior obstáculo foi fazer a indústria da beleza entender que as mulheres negras também consomem e conscientizar as marcas nesse sentido.

Por outro lado, para a co-fundadora da Pantys, primeira marca da calcinhas absorventes do mercado nacional, o maior desafio foi a adequação de mercado e inspirar uma mudança de hábito, algo bem complicado na visão de Emily.

Além disso, a executiva também abordou a questão do preconceito dentro desse mundo do empreendedorismo no Brasil, principalmente, em um negócio extremamente feminino como a menstruação e, consequentemente, a falta de investimento por esse motivo. “Muitas vezes as pessoas nem queriam tocar os produtos. Até hoje não temos nenhum investimento fora o de nós dias. Crescemos sem capital externo, o que é muito raro”, frisou.

Para Luana, a principal barreira em sua carreira como empreendedora foi a subestimação. “Quem está do outro lado da mesa já me colocou num lugar e num patamar de sucesso limitado. Enfrentamos isso todos os dias”, ressaltou a co-fundadora da BlackWin, primeira rede de mulheres negras investidoras anjo no Brasil.

Em sua posição de mulher negra empreendedora, Luana salientou ainda que o seu maior desafio é como ser assertiva sem se tornar um homem branco hétero. “Como mantemos a nossa autenticidade sem que a gente precise propagar padrões e condutas de comportamento recorrentes no mercado?”, indagou.

A VP de impacto social no iFood também destacou a importância de as mulheres, principalmente, as mulheres pretas terem uma rede de apoio nessa jornada de empreendedorismo no Brasil, mas não só uma rede de que identifica bons negócios, sem vieses, mas uma rede que fomenta a troca entre negócios maduros.

Além da troca entre negócios, a troca com a comunidade também é importante para o fomento de negócios voltados as necessidades femininas, como é o caso da Pantys. Emily reforçou que o mercado de menstruação e os produtos para menstruação ficaram 100 anos sem inovação, porque a maioria dos CEOs e COOs dessas empresas são homens.

“Temos a vantagem competitiva de estarmos realmente conectados com a comunidade e termos um olhar diferente”, disse. “O desafio é estar aberto para esse diálogo aberto com a comunidade”, completou a CEO.

Fazer colaborações com outros negócios também é essencial na visão de Emily. A Pantys, inclusive, tem parcerias com concorrentes, como a Sempre Livre. “Não precisamos competir, podemos juntar para agregar e fazer uma coisa melhor para o futuro.”

Como mudar o jogo?

Após pontuarem todos esses desafios, mais ao final do painel, as executivas alertaram o que preciso fazer para que a mudança aconteça e para que as mulheres consigam construir empreendimentos de sucesso. “Ter uma equipe 100% preta hoje faz total diferença”, comentou Daniele. A CEO da DaMata Makeup ainda fez um pedido a plateia do evento: “Vamos colocar pessoas pretas na liderança. Essas pessoas são muito boas, e elas precisam ser remuneradas igual”.

Ainda em tom de apelo, Ana Fontes pediu para todos os presentes investirem em negócios liderados por mulheres. “Precisamos botar dinheiro na mesa das mulheres, porque o que vai fazer diferença é termos acesso a recursos financeiros. É importante vocês todos olharem para investirem em negócios liderados por mulheres. Precisamos colocar mulheres à frente dessas movimentações, pois senão não vamos conseguir mudar o jogo.”

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • W2W Summit 2024: A executiva por trás da personagem

    W2W Summit 2024: A executiva por trás da personagem

    Assista na íntegra a entrevista de Mônica Sousa, diretora-executiva da Mauricio de Sousa Produções, à jornalista Adriana Ferreira Silva

  • Quem está filmando as histórias das mulheres?

    Quem está filmando as histórias das mulheres?

    Desequilíbrio de gênero e de oportunidades na indústria audiovisual faz com que as oportunidades para as mulheres no cinema ainda sejam escassas