Para além do desemprego: 15% das mulheres em idade ativa não conseguem emprego
Relatório sugere que as diferenças de gênero relacionadas ao trabalho são maiores do que as estatísticas apontam
Para além do desemprego: 15% das mulheres em idade ativa não conseguem emprego
BuscarRelatório sugere que as diferenças de gênero relacionadas ao trabalho são maiores do que as estatísticas apontam
Lidia Capitani
20 de março de 2023 - 16h35
Um estudo da Organização Mundial do Trabalho indica que as condições de trabalho para as mulheres não melhoraram como esperado nas últimas duas décadas. A instituição ainda afirma que o progresso para diminuir as desigualdades está “decepcionantemente lento”. Além das disparidades salariais, o relatório destaca que as condições de trabalho e acesso às oportunidades são ainda mais precárias para as mulheres.
Os dados mostram que 15% das mulheres em idade ativa não conseguem encontrar emprego, em comparação aos 10,5% dos homens. Inclusive, essa lacuna não diminui nas últimas décadas (2005-2022), como era esperado. A situação é pior em países em desenvolvimento, onde a taxa de mulheres que não conseguem emprego chega a 24,9%, muito maior que a dos homens, de 16,6%.
O mesmo estudo aponta que responsabilidades pessoais e familiares, incluindo o trabalho de cuidado não remunerado, afetam desproporcionalmente mais as mulheres. Por essas razões, muitas não conseguem encontrar um emprego, ou ainda, essas tarefas as impossibilitam de procurar e de iniciar um trabalho a curto prazo. Por isso, as taxas de desemprego, muitas vezes, excluem essas mulheres em idade ativa, uma vez que para ser considerado desempregada, a pessoa precisa atender essas duas últimas características: procurar ativamente e urgência para iniciar. Dessa forma, muitas mulheres que precisam de um trabalho não são incluídas nesse índice.
As desigualdades de gênero no âmbito do trabalho não se limitam ao acesso a oportunidades. Apesar de homens e mulheres serem vulneráveis a empregos de baixas qualidades, elas são mais afetadas por certos tipos de trabalhos inadequados. Como por exemplo, elas podem ajudar seus familiares nas tarefas domésticas ou ainda em suas empresas, ao invés de serem consideradas como uma funcionária propriamente.
Logo, essas condições impactam diretamente os ganhos destas mulheres. De acordo com o estudo, para cada dólar que um homem ganha, a mulher recebe 51 centavos. Do mesmo modo, em países mais pobres, elas chegam a ganhar 29 centavos. Essa disparidade decorre tanto da falta de emprego, quanto das diferenças salariais entre homens e mulheres.
Em suma, o estudo levanta a necessidade de se reavaliar a metodologia usada para o cálculo das taxas de desemprego, uma vez que as condições excluem certas dificuldades que as mulheres enfrentam. Enquanto os índices de desemprego entre homens e mulheres são semelhantes no mundo, a perspectiva de “subutilização” feminina demonstra como elas são muito mais impactadas pela falta de emprego. Nesta ótica, inclui-se as mulheres que precisam de um salário, mas são impossibilitadas de buscar ativamente ou de iniciar o quanto antes. Consecutivamente, essas condições são mais marcantes em países subdesenvolvidos.
As estimativas apresentadas destacam a magnitude das disparidades de gênero, ressaltando a importância de aumentar a participação geral das mulheres no mercado de trabalho. Não se trata somente de abordar as diferenças salariais, mas de expandir o acesso às oportunidades para os 15% de mulheres que entram na taxa de subutilização, além de endereçar a precariedade das condições de trabalho que elas enfrentam.
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