Assinar
Publicidade
Opinião

Paris foi das mulheres

Apesar dos avanços, a cobertura e a percepção do desempenho das atletas femininas ainda precisam evoluir para refletir o valor real de suas conquistas


5 de setembro de 2024 - 9h28

A atleta Carolina Santiago celebra mais uma medalha de ouro em Paris (Crédito: Silvio Ávila/ CPB)

Nesse mês, é impossível não refletir sobre o desempenho das mulheres brasileiras nas Olimpíadas e Paralimpíadas, com muitas histórias inspiradoras e recordes quebrados. Nos Jogos Olímpicos, foi a primeira vez que a delegação tinha mais mulheres que homens (163 contra 126) e fizeram bonito. Dos 20 pódios brasileiros, as mulheres conquistaram 12 deles. Nas Paralimpíadas, elas também fizeram história, com 45,9% do total de atletas, um recorde de todas as edições do evento, e já estão em sua melhor campanha.

Quem não se emocionou com a Rebeca Andrade, que superou Simone Biles e se consolidou como uma das maiores ginastas da história do País, como a atleta com mais medalhas? Quem não gritou quando Beatriz Souza ganhou o ouro no judô? E suas lutas foram marcadas por uma calma invejável.

E a surfista Tati West, que foi a primeira mulher brasileira a ganhar medalhas na modalidade? E a dupla brasileira de vôlei de praia, Ana Patrícia e Duda, que conquistaram o ouro com um jogo impecável? E o time brasileiro de futebol, que chegou à final, mesmo com todas as dificuldades, e ficou com a medalha de prata em um momento que tiveram uma nova chance de ganhar dos Estados Unidos?

Apesar de todo o êxito, fomos testemunhas de acontecimentos bem peculiares que jamais deveriam sequer existir. Um ótimo exemplo foram os dezenove minutos de acréscimo em um jogo de futebol entre Brasil e França, algo que não aconteceria na modalidade masculina. As performances de ginastas e surfistas, que têm avaliações subjetivas, são outros exemplos.

Nos últimos anos, o esporte feminino no Brasil tem mostrado um avanço significativo, com atletas brasileiras se destacando em diversas competições internacionais e alcançando resultados notáveis. No entanto, apesar desses avanços, a cobertura e a percepção do desempenho ainda precisam evoluir para refletir o valor real de suas conquistas e desafios.

As atletas brasileiras têm se destacado em modalidades variadas, desde o futebol até o atletismo, passando pelo vôlei e pela natação. Nomes como Marta, com sua habilidade e liderança no futebol, e Ana Marcela Cunha, com seus triunfos na natação em águas abertas, são apenas alguns exemplos do talento que o país tem. Esses desempenhos não só colocam o Brasil em evidência em cenários internacionais, mas também inspiram a nova geração de atletas.

Apesar dos êxitos, as atletas brasileiras enfrentam desafios significativos. A desigualdade de investimentos em relação ao esporte masculino, a falta de infraestrutura adequada e o menor apoio midiático são questões persistentes. Além disso, a visibilidade e o reconhecimento das conquistas femininas muitas vezes são eclipsados por uma cobertura que privilegia o esporte masculino.

Para que o esporte feminino brasileiro possa continuar a prosperar e alcançar novos patamares, é crucial que a percepção pública e a cobertura midiática mudem. Além de ser urgente uma maior valorização das conquistas das atletas, com cobertura proporcional ao seu impacto e importância. A mídia desempenha um papel fundamental na construção da narrativa esportiva e deve amplificar as histórias e os sucessos das mulheres no esporte.

Além disso, é fundamental investir mais em infraestrutura e apoio financeiro para o esporte feminino. A disparidade de investimentos entre os gêneros ainda é significativa e precisa ser abordada para garantir que as atletas tenham condições adequadas para treinar e competir em alto nível.

Acho que ficou bem claro em Paris que o Brasil tem talento e potencial em várias modalidades esportivas. No entanto, para que esses talentos possam se desenvolver plenamente e alcançar o reconhecimento que merecem, é essencial que haja uma mudança na forma como o esporte feminino é percebido e apoiado.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Da IA ao open health: como executivas estão inovando o setor de saúde

    Da IA ao open health: como executivas estão inovando o setor de saúde

    Lideranças da Eurofarma, Grupo Sabin, Roche Farma, Weleda e ViewMind revelam como estão moldando o futuro do segmento no Brasil

  • As mulheres por trás das agências de marketing de influência

    As mulheres por trás das agências de marketing de influência

    As lideranças femininas das maiores agências de influenciadores do Brasil falam sobre o crescimento do mercado e seus desafios