“Temos que voltar a valorizar a propaganda”

Buscar

“Temos que voltar a valorizar a propaganda”

Buscar
Publicidade

Comunicação

“Temos que voltar a valorizar a propaganda”

Luiz Fernando Musa, CEO da Ogilvy, fala sobre as novas contratações de sua agência e frisa a necessidade do mercado repensar sua atuação diante de concorrências


22 de janeiro de 2016 - 9h11

A Ogilvy Brasil foi a agência que mais conseguiu gerar novos negócios e atrair importantes contas para sua carteira em 2015, de acordo com levantamento anual feito por Meio & Mensagem. Esse bom desempenho, no entanto, não livrou a agência de iniciar este ano com um importante desafio: reorganizar sua estrutura e negócios para absorver a perda da Claro, um de seus mais importantes clientes, que, há alguns dias, oficializou a entrega de sua conta publicitária para a Talent Marcel.

Para o CEO da Ogilvy, Luiz Fernando Musa, o desafio é grande, mas não impedirá a empresa de crescer. Com a expectativa de dar continuidade aos trabalhos feitos para os clientes neste ano, a agência foi atrás de novos talentos para preencher as lacunas deixadas com a saída de nomes como Arício Fortes e Daniella Gallo.

Ao comentar sobre a chegada dos novos contratados em entrevista ao Meio & Mensagem, o CEO, deixa clara a preocupação em escolher pessoas que tenham aderência à filosofia da agência. Ele também comenta a dificuldade que o País atravessa e confessa que o maior desafio atual da publicidade é evitar a fuga de talentos para fora do Brasil. Musa também critica a postura do mercado em algumas concorrências e negociações e alerta para a necessidade de manter a criatividade em um patamar elevado. Confira suas opiniões:

Contratação de Claudio Lima como líder criativo
“O Claudio fez parte da equipe da Ogilvy por quatro anos. Depois, assumiu a David e acabou indo para Miami. Ele foi o primeiro nome que pensei para assumir a criação. A negociação demorou porque ele me pediu um tempo para avaliar se valia a pena voltar ao Brasil. É uma decisão difícil, do ponto de vista pessoal. Mas ele decidiu voltar e tem um conhecimento muito grande sobre a cultura da agência, sobre nossa forma de trabalhar e, agora, ele traz uma importante vivência internacional. É um importante retorno para ele e para nós.”

Escolha de Flávio De Pauw para a mídia
"A indicação do nome de Flavio veio da própria Dani (Gallo, ex-diretora-geral de mídia da Ogilvy). Quando ela me disse que, por questões pessoais, queria sair da agência, pedi ajuda para escolher um novo profissional e, ao conhecer o Flavio, percebi que ele tem um perfil de liderança que combina com a estrutura de nosso departamento de mídia. A Ogilvy sempre teve uma mídia muito forte e ele nos ajudará a liderar a área, mantendo a nossa filosofia."

Papel dos novos líderes
"Eles não chegam para resolver problemas, mas para ajudar o ano ser ainda melhor. Desenvolvemos uma forte cultura no dia a dia da agencia, que não é hierárquica, mas sim apoiada em uma relação intensa com as contas e com as marcas de nossos clientes. A ideia é dar continuidade a isso, com uma visão tranquila e plena integração entre criação, mídia, atendimento e cliente. Todos atuam em conjunto."

Desempenho em 2015
"O começo do ano passado foi muito bom para nós. Desenvolvemos bons trabalhos e, posteriormente, tivemos uma performance em Cannes. Fizemos cases interessantes, como a campanha do urso da Coca-Cola para a Olimpíada do Rio. Temos muito orgulho do que fazemos e dos trabalhos que colocamos na rua."

Ano turbulento
"Não dá para negar, no entanto, que 2015 foi um ano bem difícil. Acredito que foi mais pesado do ponto de vista pessoal do que dos negócios. Analisamos muito o mercado, mas também é preciso pensar em nossa vida. Tivemos muita violência, falta de água, crise política e um mau humor generalizado, que acabou contaminando tudo. Esse é o grande desafio para o Brasil, agora: superar o mau humor e recuperar a confiança. Não acredito que 2016 vai ser fácil para ninguém, mas será um ano de muito trabalho."

Êxodo de talentos
"Não tenho a menor dúvida de que o maior desafio da comunicação brasileira é reter os talentos e convencê-los a ficar aqui. Ninguém mais quer ficar no Brasil, por diversas razões. O que mais ouvi de colegas, no ano passado, eram pedidos de ajuda para tentar conseguir posições de trabalho fora do País. Mas é justamente nessa hora que precisamos estar perto dos clientes, das pessoas, entender os desafios e acreditar em algo tangível. Temos que resgatar a confiança individual das pessoas."

Perdas e concorrências
A Claro foi uma perda muito significativa. Tivemos que fazer reajustes, mas isso não nos impedirá de dar continuidade aos trabalhos e crescer; É normal que, em um momento de crise, existam concorrência e uma busca por valores menores, mas temos que ter uma discussão mais ampla acerca de como isso é feito. Temos que saber o valor daquilo que fazemos e brigar no talento, de forma ética. Precisamos voltar a valorizar os negócios da propaganda. A discussão de preço e remuneração já vem ganhando mais espaço nas entidades da indústria, mas também é preciso valer na prática. Não adianta alguém subir no palco em algum evento do setor e posar de correto e depois, na prática, fazer tudo diferente. O vale tudo não é mais sustentável nas agências. Se estamos assim, hoje, é por culpa nossa.”

wraps

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Campanhas da Semana: montadoras apostam em personalidades

    Campanhas da Semana: montadoras apostam em personalidades

    Galvão Bueno, Tatá Werneck e streamers estrelam campanhas de marcas como Jeep, Citröen e Tupi

  • Mark Read, sobre WPP: “Esperamos ver crescimento no segundo semestre”

    Mark Read, sobre WPP: “Esperamos ver crescimento no segundo semestre”

    Holding encerra primeiro trimestre com queda de 1,6% na receita orgânica, resultado que estava, segundo o CEO, dentro do esperado