Não tem mais volta  

22 de junho de 2025 - 7h30

Ver Cannes repleta de diversidade não tem preço, ainda mais em um momento com tantos retrocessos que tenho acompanhado atento e preocupado.

Fazendo um breve exercício, imagine este lugar sem: mulheres, negros, LGBTs, imigrantes, estrangeiros, neurodivergentes – ele simplesmente deixa de existir e fazer sentido – e é justamente para esse lugar que estamos rumando, caso não tomemos nenhuma ação.

Eu também tenho uma certeza absoluta: Você mesmo que está me lendo, está dentro de algum desses recortes ou de outros, então isso também é sobre você.

Sem gente, sem a gente, sem diversidade, sem imigrantes, sem mulheres, negros, LGBTs, neurodivergentes, não há criatividade. Não há Cannes Lions. Não há o que ser celebrado, porque não há história para ser contada.

Independente do seu apreço e preocupação por essas pautas, todos nós enquanto indústria, enquanto pessoas plurais, somos afetados e corremos o risco de não existir em um futuro próximo.

Já imaginou? Já se viu nesse lugar? Pois é para lá que estamos caminhando, quando ouvimos que delegações de determinadas nações passaram a repensar a sua vinda para o festival, por medo de não reentrarem em seu país, em meio a politicas imigratórias e com isso, todos nós estamos perdendo.

Agora imagine o mundo sem a criatividade – certamente não seria um bom lugar, porque é ela que ainda nos move quando tudo parece perdido.

E é por essas e outras, que tudo o que tem sido construído com impacto, intenção e determinação, não pode ser jogado para baixo do tapete, simplesmente porque não cabe, e simplesmente porque:

não
tem
mais
volta.

E você, de que lado está?