Onde vamos assistir ao jogo do Brasil?
No Palais, provavelmente ainda veremos menos atletas femininas do que homens
No Palais, provavelmente ainda veremos menos atletas femininas do que homens
13 de junho de 2019 - 15h36
Esta era das perguntas mais ouvidas pela Croisette nas vezes que minha ida a Cannes coincidiu com uma Copa do Mundo – de futebol masculino, claro. Talvez ainda falte um bocado para a Copa do Mundo de Futebol Feminino se igualar em proporções, mas este ano foi batido o recorde de ingressos vendidos, com entradas para as principais partidas se esgotando em 48 horas.
Pela primeira vez todos os jogos serão transmitidos pela Globo e nossa seleção ganhou um uniforme desenhado especialmente para ela. A Adidas igualou a premiação a do torneio masculino (conquista que ainda não se vê nos salários, a propósito). Guaraná Antartica fez um belo movimento, chamou outras marcas para o jogo, e empresas como Boticário, Gol e Lay’s toparam entrar. Movimento da sociedade, que movimenta as marcas, que movimenta a indústria, que movimenta a comunicação, que ajuda a movimentar a sociedade.
E no Palais? Provavelmente ainda veremos menos atletas femininas do que homens estrelando campanhas, mas certamente serão mais do que antes. E entre elas, a genial Billie Jean King Your Shoes, das minhas favoritas. Sem contar outros trabalhos que abordam questões de gênero, como Viva la Vulva e Hidden Flag. Aliás, dos quatro finalistas brasileiros em Glass, dois tratam do peso de uma realidade ainda tão desigual. Trabalhos que serão avaliados por um júri 48% feminino – elas são 8 entre os 22 jurados brasileiros. E este tema me interessa: sim porque sou mulher, sim porque igualdade deveria ser um princípio, e sim porque as brasileiras são responsáveis pela decisão de compra em 96% dos lares. Temos que saber falar com elas e para isso, temos que ouví-las e entender o que as emociona.
Estudando a programação, vi fotos de rostinhos femininos na maioria dos painéis e serão muitos os encontros sobre questões de gênero, um deles inclusive diário: o Badass Women (marque lá no app para não perder nenhum). Vai ter até um lounge só para discutir igualdade, o Female Quotient (apareça por lá também). Bom, e quanto aos nomes de criativas nas fichas técnicas dos Leões? Talvez também ainda sejam menos do que a gente gostaria, mas muito mais do que antes, espero. Como espero esbarrar com você na 3af à noite para torcer pela Seleção.
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