Refração e efervescência: o que o Grupo Boticário leva para Cannes

15 de junho de 2025 - 16h00

Em meio ao ritmo acelerado de um mercado criativo que muda o tempo todo, Cannes se destaca como um espaço onde ideias ganham corpo, discursos se reconfiguram e o impacto dos cases se torna ainda mais perceptível. É com esse espírito que o Grupo Boticário embarca rumo à edição de 2025, levando não apenas campanhas, mas pontos de vista. Porque, para nós, Cannes é muito mais do que um palco de premiações: é um espelho que reflete o que criamos e acreditamos.

Mais do que apresentar cases, queremos provocar novas interpretações e mostrar como temas já consolidados podem ganhar novas camadas simbólicas, seja por meio da inovação, da escuta ou do afeto. É nesse lugar entre a emoção e a estratégia que nossos projetos se posicionam.

Alguns cases que levamos na mala

Em “Les Sons d’O.U.i”, case de O.U.i Paris, transformamos fragrâncias em experiências sonoras. O desafio de experimentar fragrâncias em um ambiente digital foi o ponto de partida para algo maior: o som como ponte entre sentidos.

Com a ajuda do neurocientista Charles Spence, criamos composições musicais que ativam memórias e despertam emoções, traduzindo a essência de cada perfume em uma trilha exclusiva. Não nos limitamos em trazer a tecnologia pela tecnologia, mas buscamos aplicá-la com propósito, o que nos faz levar essa sinestesia a Cannes como símbolo do que acreditamos ser o novo luxo: experiências que tocam verdadeiramente.

Já em “EGEO Melancia”, de Boticário, o que faz a diferença é a concepção de um case que não nasce da tendência, mas sim de uma escuta ativa, capaz de criar oportunidades. Quando captamos pedidos espontâneos da comunidade por uma fragrância com notas de melancia, conseguimos transformar esse desejo coletivo em um produto concreto. Além de trazer respostas ao nosso público-alvo, trouxemos o consumidor para cocriar conosco, mostrando a potência de agregar à comunidade para construir ideias ousadas, plurais e criativas.

Nosso olhar para as relações humanas também reverbera em Cannes por meio de campanhas sazonais de “Boticário como Tormenta” (Dia das Mães 2024), “Instinto Paterno” (Dia dos Pais 2023), “Natal” (2024) e “Tentantes” (Dia das Mães 2025). Nessas narrativas, escolhemos o caminho mais difícil, mas também o mais necessário: olhar com delicadeza para o que é frágil, ambíguo e por vezes doloroso.

Falamos sobre adolescência, sobre vínculos em reconstrução, tentantes, relações, cuidado e parentalidade. Tratamos os afetos com o respeito que sua complexidade exige, sem romantizá-los. São peças que não apenas emocionam, mas convidam à reflexão; e é exatamente esse tipo de comunicação que esperamos ver ganhando mais espaço no festival e também nos caminhos traçados pelas marcas de maneira geral.

E quando falamos de inclusão, ela precisa ser prática! “Respeita Meu Capelo”, da Vult, redesenha um símbolo da conquista acadêmica para torná-lo verdadeiramente representativo e compatível a cabelos crespos, cacheados, trançados e volumosos. Um acessório que se torna manifesto, e que avança da passarela da comunicação para a política pública, inspirando até mesmo um projeto de lei, que pretende aumentar a inclusão no sistema municipal de ensino de Salvador, a capital com maior população negra fora da África.

Essa campanha e o case “Special Dates” – que reúne as campanhas sazonais de Dia das Mães (2024 e 2025), Natal (2024) e Dia dos Pais (2023) de Boticário -, foram indicadas à categoria Glass – The Lion for Change, voltada a trabalhos que enfrentam desigualdades e promovem mudanças culturais significativas. E é exatamente isso que elas se propõem.

É nesse ponto que Cannes deixa de ser só um festival e se torna um termômetro do nosso trabalho. Um espaço onde a criatividade pulsa, mas sempre conectado às urgências sociais, transformações culturais e os desejos mais profundos das pessoas. Em 2025, acredito que essa sensibilidade será ainda mais perceptível, por meio de olhares mais atentos ao que é diverso, para o que é verdadeiro e conecta as pessoas, para o que provoca um desconforto capaz de ditar mudanças e abrir novos caminhos.

Seguimos em direção à França com a certeza de que cada trabalho que apresentamos carrega não apenas execução, mas visão e convicção. Em um cenário onde tudo parece efêmero, o que permanece é aquilo que reverbera, seja por meio de uma melodia que revela uma fragrância, um produto criado por escuta ativa ou de um capelo que se adapta a todos os tipos de cabelos.

Nos vemos em Cannes, onde ideias ganham novas frequências e o futuro começa a ser narrado.