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“Falar sobre mulher não pode ser moda”

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17 a 21 de junho de 2024 | Cannes - França
Cannes

“Falar sobre mulher não pode ser moda”

Selecionada para participar do “See it, Be It”, em Cannes, neste ano, Débora Vasques, da Lew’Lara, fala sobre a questão da equidade na indústria


9 de junho de 2017 - 10h33

Deborah Vasques será a única brasileira a fazer parte do projeto na edição de 2017 do Cannes Lions (Crédito: Reprodução)

Lançado em 2014 como uma forma de levar mais profissionais do sexo feminino ao centro da criatividade global, desenvolver lideranças e ajudar a diminuir a desigualdade que ainda é grande em diversos graus de hierarquia da indústria da comunicação, o programa “See it, Be it” terá uma brasileira em seu time de 2017. Em 2015, Mariana Borga, diretora de criação da J.Walter Thompson, foi selecionada para o projeto.

A organização do Cannes Lions divulgou em maio os nomes de 15 profissionais, de diversos países, que farão parte do programa neste ano (que contempla uma viagem e ingresso ao Festival, além de uma agenda de debates, workshops e consultoria com profissionais da indústria da comunicação de todo o mundo).

Déborah Vasques, redatora da Lew’LaraTBWA, será a única brasileira do time. “Já tinha me inscrito, no ano passado, mas não cheguei a ser finalista. Acho que, neste ano, tanto o programa quanto a minha carreira passaram por mudanças, que permitiram com que, neste ano, eu pudesse ser selecionada”, conta a criativa.

Após ter preenchido a ficha de inscrição – que pedia informações sobre sua trajetória profissional e sobre sua visão acerca da equidade de gênero e representação da mulher na publicidade – Deborah foi selecionada para a próxima fase, que incluía uma entrevista com Madonna Badger, fundadora da Badger & Winters e uma das vozes mais atuantes na questão da equidade de gênero na comunicação, que será a embaixadora do “See it, Be it” em 2017.

“Foi emocionante conversar com a Madonna, que tem uma história incrível, não só no âmbito profissional mas na vida pessoal. Poder falar com ela sobre questões de representatividade feminina e coisas tão importantes já foi algo muito gratificante”, relembra. Posteriormente, o nome de Deborah – e de outras 14 criativas de diferentes países – foram selecionados para a jornada criativa do Festival deste ano.

Segundo a redatora, participar de uma iniciativa como essa é importante para mostrar que todas as questões femininas que envolvem a indústria não são modismos e que precisam ser discutidas – e tratadas – em profundidade. “Falar sobre mulher não pode estar na moda. É necessário que o assunto seja levantado, mas que exista uma continuidade e que a discussão se torne, de fato, algo presente na indústria constantemente. Como o tema está em alta em todo o mundo, temos de fazer o máximo para que a indústria o veja como algo sério e definitivo e não como um assunto que, mais tarde, será esquecido”, destaca.

Em campanhas de automóveis, por exemplo, sempre quando há um casal dentro do carro, é o homem que dirige. Ou, por exemplo, quando vamos falar de uma executiva, sempre é uma mulher loira, magra e de olhos verdes. Por que ainda fazemos isso?”

Com nove anos de carreira no mercado publicitário, Deborah nasceu em Minas Gerais e começou sua carreira na Filadélfia, agência de seu Estado. Depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na DM9Rio. Posteriormente, em São Paulo, fez parte das equipes da Africa e WMcCanna, até ingressar na Lew’LaraTBWA, em novembro de 2016. Em seu dia a dia, ela diz que procura aplicar a questão da equidade e da representatividade feminina em diversas situações. “Tento levar esse olhar para assuntos que, muitas vezes, não estão relacionados à questão da mulher. Em campanhas de automóveis, por exemplo, sempre quando há um casal dentro do carro, é o homem que dirige. Ou, por exemplo, quando vamos falar de uma executiva, sempre é uma mulher loira, magra e de olhos verdes. Por que ainda fazemos isso?”, questiona.

A profissional espera que a participação no “See it, Be it”, possa enriquecer tanto sua trajetória na publicidade como também na vida pessoal. “Pessoalmente, como mulher, é muito interessante fazer parte de algo assim e ver uma mudança acontecendo. Além disso, estarei ao lado de mulheres maravilhosas, que certamente irão compartilhar experiências de seus trabalhos e, juntas, poderemos trocar ideias e informações e tentar, em nosso dia a dia, conseguir melhorar para as mulheres tanto dentro da criação como também para a sociedade, em geral”, pontua. Veja a lista das demais participantes do “See it, Be it” em 2017:

Adebola Adegbulugbe, redatora da Insight Publicis, da Nigeria
Barbara Dzikanowice, diretora de conteúdo criativo da Happiness (da FCB), da Bélgica
Hannah Johnson, redatora e criativa da LA RED GmbH, da Germany
Jaki Jo Hannan, produtora de arte sênior da AMV BBDO, do Reino Unido
Kara Coyle, diretora criativa associada da Ogilvy & Mather, dos Estados Unidos
Lizi Hamer, diretora criativa regional da Octagon, de Cingapura
Maria Milusheva, diretora de criação da Noble Graphics TBWA, da Búlgaria
Marla Natoli, diretora de vídeo e mobile da AOL, do Canadá
Sakshi Choudhary, supervisora de criação da OgilvyOne Worldwide, da India
Satoko Takada, diretora de criação da McCann Toquio, do Japão
Shahnaz Ahmed, designer gráfica sênior da Livity e fundadora e diretora da Knit Aid, do Reino Unido
Shannon Crowe, redatora e crativa freelancer Copywriter / Creative Freelance (ex-criativa da Clemenger BBDO, de Melbourne), da Australia
Tahirah Edwards-Byfield , redatora sênior da AKQA, dos Estados Unidos

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