Gaúcha DCS encerra atividades
Agência controlada pelo WPP se envolveu em escândalo político em 2010
Agência controlada pelo WPP se envolveu em escândalo político em 2010
Alexandre Zaghi Lemos
27 de abril de 2013 - 9h30
Uma das mais tradicionais agências do Rio Grande do Sul, prestes a completar 30 anos de mercado, encerra suas atividades nesta quinta-feira 28. Fundada em Porto Alegre no dia 2 de dezembro de 1985, a DCS fecha as portas após enfrentar duro período de perda de contas e profissionais-chave, motivado por envolvimento em escândalo político e financeiro em 2010, no final do mandato da então governadora Yeda Crusius (PSDB).
Naquela ocasião, a DCS era comandada pelo Grupo WPP, que entrou na sociedade em 2001, e pelos sócios fundadores Antônio D’Alessandro (presidente) e Beto Callage (vice-presidente de criação) e figurava no ranking Agências & Anunciantes, publicado por Meio & Mensagem, como a maior agência do Rio Grande do Sul, tendo faturado R$ 101 milhões com compra de mídia em 2010 – o que representa alta de 60% em relação ao ano anterior.
Entretanto, em setembro daquele ano foi deflagrada a Operação Marcari, na qual a Polícia Federal, o Ministério Público Estadual e o Ministério Público de Contas fizeram uma intervenção no Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), na ocasião um dos maiores anunciantes da região e um dos principais clientes da DCS. Foram presos o então superintendente de marketing do Banrisul, Walney Fehlberg, e dois diretores de agências de publicidade que atendiam o banco: Gilson Storke, da SL&M, e Armando D’Elia Neto, diretor financeiro da DCS. Todos acusados de peculato e lavagem de dinheiro. As duas agências tiveram seus contratos cancelados. A SL&M também teve rescindido por parte da Ogilvy um acordo operacional que mantinham.
Desde então, a DCS entrou em rota descendente, sofrendo outro duro baque no final de 2011, quando o sócio Beto Callage resolveu deixar a empresa. Seu desligamento ocorreu paralelamente à abertura da DM9Sul, comandada por seu filho Márcio Callage, que, na ocasião, deixou a gerência de marketing da Olympikus para se associar ao novo projeto da DM9 e do Grupo ABC. Márcio levou para a DM9Sul o maior cliente da DCS, e que havia sido a conta inaugural da agência em 1985: o Grupo Vulcabras Azaleia, num pacote que incluiu as verbas das marcas Olympikus, Azaleia, Reebok, Dijean e Opanka. Outros clientes da DCS também resolveram abandonar o barco e seguiram para a DM9Sul, como Lojas Pompéia e Shopping Iguatemi Porto Alegre.
Antônio D’Alessandro ainda tentou salvar a empresa, mas não houve entendimento de propósitos com o Grupo WPP. Como isso, na segunda-feira 25 D’Alessandro comunicou sua equipe de cerca de 50 pessoas a decisão de fechar as portas.
Em seus melhores momentos, a DCS chegou a contar com filiais em Florianópolis e São Paulo. Manteve equipe de cerca de 150 funcionários e figurou no ranking das 50 maiores agências do País. Em seus 27 anos de vida, somou mais de 500 prêmios, incluindo um Leão de Prata em Cannes, exatamente no fatídico ano de 2010, e um Effie Awards.
Em 2001, os sócios executivos haviam vendido 40% da DCS ao Grupo WPP. Em 2005, a multinacional exerceu direito de adquirir mais um lote de ações, somando 61% do capital e assumindo o controle acionário da empresa, que se reportava financeiramente ao escritório da JWT de São Paulo.
Nos últimos anos, lhe restaram poucas contas importantes, como as de Tramontina e Vonpar Bebidas, fabricante e distribuidora da Coca-Cola. Sabendo do iminente fechamento da agência, a Tramontina começou a procurar uma nova parceira e resolveu entregar sua conta para a JWT, que irá montar uma pequena estrutura em Porto Alegre para auxiliá-la no atendimento compartilhado com a sede paulistana.
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