Multinacional sim, gringa não
Com liderança em dose tripla no atendimento, JWT quer conquistar mais clientes locais e projetos além de propaganda
Com liderança em dose tripla no atendimento, JWT quer conquistar mais clientes locais e projetos além de propaganda
Felipe Turlao
11 de dezembro de 2012 - 11h22
A JWT completa a série de mudanças na estrutura de liderança promovidas por Ezra Geld desde que assumiu o cargo de COO em setembro de 2011. No movimento mais recente, a agência contrata Clineu Junior, ex-Loducca, e estabelece uma trinca de líderes para o setor de atendimento.
Além dele, compõem a estrutura Carol Escorel, contratada junto à iProspect em setembro, e Luciana Rodrigues, que está na agência desde 2003 e que foi promovida. Antes, a agência tinha apenas uma diretora-geral, Fernanda Antonelli, que ficou 15 anos na empresa e hoje atua na AlmapBBDO como diretor de serviços a clientes.
O cargo dos três é de diretor de negócios, uma nomenclatura que traz um novo significado para a própria atuação do atendimento. “Sentia que o setor, com o tempo, acabou se tornando muito mais reativo do que ativo. Com essas novas lideranças, esperamos ter um papel mais próximo ao negócio do cliente, seja entendendo suas necessidades, seja analisando que outros serviços poderemos oferecer a eles”, aponta Geld.
Para atender às demandas de negócios, ele quer estabelecer equipes paralelas e dinâmicas lideradas pelos três, mas compostas também por mais um líder de atendimento, considerado uma espécie de braço direito, além de um profissional de planejamento e um de mídia. “Ao mesmo tempo em que exercem suas funções técnicas atuais, esses profissionais deverão determinar as necessidades de negócios dos clientes e indicar oportunidades”, explica.
Geld diz que fez, recentemente, um levantamento sobre todos os serviços que a agência pode oferecer, e notou que, por falta de iniciativa da própria empresa, muitos deles não são disponibilizados para clientes que buscam o serviço em outras agências. “Muitas vezes, eles não nos veem como possíveis fornecedores de soluções como search e business intelligence, por exemplo”, analisa. Desta forma, Geld espera aumentar a faixa de faturamento da agência proveniente de serviços de marketing. “Continuamos sendo uma agência de publicidade, claro. E este será sempre nossa maior receita. Mas queremos ter mais receitas de outros segmentos”, aponta.
Com a reforma no atendimento, Geld conclui a série de mudanças que afetou as outras áreas da agência. Mesmo as que ele considera mais “equilibradas”, mídia e planejamento, tiveram suas novidades. A agência contratou, por exemplo, Isabella Mulholland, como diretora de planejamento no setor liderado pelo head of strategy Fernand Alphen, além de Carla Raimondi, diretora de conteúdo.
Na mídia, setor que o próprio Geld liderava anteriormente, houve a promoção de Aline Moda, como diretora geral de mídia e Ricardo Medeiros, como diretor de planejamento de canais.
No caso da criação, a mudança também foi brusca e marcou a ascensão de Ricardo John, contratado em agosto de 2011 junto à Giovanni+DraftFCB. Ele chegou dias após a saída do CCO Mário D´Andrea, que acabou se tornando sócio da Fischer & Friends. John se tornou diretor executivo de criação, mesmo cargo ocupado por Roberto Fernandez, profissional que estava na casa desde 2006. Em agosto de 2012, Fernandez migrou para a Ogilvy e John assumiu como CCO. Hoje, ele, Geld e Alphen compõem o quadro de três principais lideranças da agência.
Além disso, a criação foi reforçada há algumas semanas com a chegada de Fabio Simões para o recém-criado cargo de head of art. Na prática, Simões será dupla de John, mas com cargo em patamar inferior.
Outro nome de destaque contratado foi o diretor de criação Erick Rosa, que voltou ao Brasil após anos na Europa, onde teve como último cargo o de diretor executivo de criação da Leo Burnett Lisboa, onde ganhou 11 Leões em Cannes. Também chegaram para exercer a mesma função Santiago Dulce e Hernan Rebaldería, dupla que passou por agências como Del Campo Nazca S&S e Santo, em Buenos Aires, e que estavam na Wieden+Kennedy de São Paulo. “A nossa expectativa é de implementar maior criatividade. Já mostramos que temos capacidade em diversas campanhas, inclusive algumas globais para HSBC, Ford, Johnson&Johnson e Microsoft”, aponta John.
Outra peça importante contratada é o CIO Mauro Cavalletti, responsável pela integração criativa das agências do grupo JWT no Brasil. Além da JWT, o grupo tem a Agência Casa, liderada pelo CEO Guilherme Gomide, e o braço de search marketing i-Cherry, do CEO Alexandre Kavinski.
Com a nova equipe, Geld acredita que a agência, que cresceu 10% em 2012, além de diversificar suas receitas na esfera de serviços de marketing, também pode ampliar a quantidade de clientes locais. Hoje, 50% das receitas vem de empresas brasileiras, como Pernambucanas, Coca-Cola (cujo atendimento não é fruto de alinhamento internacional), Gomes da Costa e Bridgestone.
“Queremos mostrar que somos multinacionais, mas não somos gringos”, define. A meta de Geld em termos de novos negócios para 2013 é bem clara: ele quer ter um grande cliente de capital 100% nacional. Nesse sentido, as antenas do reformado setor de atendimento serão essenciais para buscar oportunidades.
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