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Papel & Caneta divulga lista anual com 30 vozes da mudança

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Comunicação

Papel & Caneta divulga lista anual com 30 vozes da mudança

Coletivo apresenta 22 iniciativas que transformaram e impactaram a indústria da comunicação em 2023 e dá destaque para vozes do norte e nordeste


14 de dezembro de 2023 - 12h19

Chega o final do ano e, como ele, a lista anual do Papel & Caneta pelo sexto ano consecutivo. O coletivo anunciou nesta quinta-feira, 14, as 30 vozes que atuaram como agentes de transformação na indústria de comunicação ao longo de 2023. Ao todo, 22 iniciativas foram apontadas.

Papel & Caneta

(Crédito: Breno da Matta)

André Chaves, fundador do Papel & Caneta, dá destaque para vozes de fora do eixo Sul-Sudeste. Mais da metade dos membros do repertório é composto por indivíduos das regiões Norte e Nordeste. Como exemplo, ele cita o Saquinho Mídias Criativas (antigo Saquinho de Lixo). A empresa conta com seis nordestinos por trás das operações. Além disso, a lista traz três indígenas de atuações diferentes.

“Algo que gosto muito da lista é que ela sempre abre o espectro do que é transformação dentro do mercado. Não é só sobre agência”, cita Chaves. A curadoria deste ano não conta com tantos profissionais de agências como ocorreu em outros anos. Entre eles está Rita Almeida, head de estratégia da AlmapBBDO e condutora do projeto e “A Revolução da Longevidade”, e João Caetano Brasil, diretor criativo executivo da Grey.

Neste ano, portanto, a lista buscou dar luz a agentes que nem sempre são reconhecidos pelo mercado como agentes de transformação. É o caso do universo acadêmico. No ano passado, o projeto incluiu, pela primeira vez, estudantes universitários. Em 2023, a lista conta com nomes como José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, e o professor Walter Kamaruara.

O projeto tem realização da FlagCX, e, em mais um ano, apoio da Meta. Entrou como apoiador também o centro de inovação State, da Soko (que faz parte da FlagCX). O filme de lançamento foi produzido pela Magma, com direção de Daya Lima, e pela Pingado Áudio.

No último final de semana, o coletivo promoveu encontro entre todos os selecionados para que criassem conexões. A reunião rendeu fotos individuais e o vídeo oficial da lista de 2023.

Confira as 30 vozes selecionadas pelo Papel & Caneta:

Daniel Nardin

Daniel Nardin (Crédito: Divulgação)

Jornalista residente em Belém, lançou a Amazônia Vox em março a fim de criar uma rede de comunicadores do Norte do país, capacitar profissionais da região e combater a desinformação sobre a Amazônia. A plataforma funciona como hub de conexão com líderes comunitários, agentes públicos, jornalistas, pesquisadores e povos tradicionais.

Marina Bortoluzzi

Marina Bortoluzzi (Crédito: Breno da Matta)

Natural de Florianópolis e moradora de São Paulo, fundou a Women on Walls (WOW), plataforma de valorização, pesquisa, conexão, educação e financiamento para mulheres e pessoas não-binárias nas artes visuais. A equipe é 100% formada por mulheres e hoje a plataforma reúne artistas, curadoras, historiadoras, montadoras de exposição, produtoras, fotógrafas e comunicadoras.

Pedro França

Pedro França (Crédito: Breno da Matta)

Homem gay com nanismo formado em jornalismo e é envolvido com arte. Atua como diretor e roteirista com sua produtora, a Representa. Dirigiu clipes para artistas como Letrux e Liniker, além do documentário Corpolítica. Em agosto, lançou ao lado de Benedita Casé o primeiro videocast de pessoas com deficiência do Brasil, o PcDPod.

Alan Pereira, Daví Vosk, Luis Porto, Júlio Emílio, Sofía De Carvalho e Rodrigo Almeida

Alan Pereira, Daví Vosk, Luis Porto, Júlio Emílio, Sofía De Carvalho e Rodrigo Almeida (Crédito: Breno da Matta)

Nordestinos, criaram em 2018 a Saquinho de lixo. A página nasceu com foco em memes, mas nesse ano tornou-se Saquinho Mídias Criativas. O hub elabora roteiros, mapeia criadores de conteúdo e cria estratégias criativas e memes para marcas como Ambev, TikTok, Schutz e Coca-Cola. O intuito é criar conexões com as gerações Z e Millennial de forma divertida, leve e autêntica.

João Caetano Brasil e José Vicente

João Caetano Brasil e José Vicente (Crédito: Reprodução)

Ao perceberem que não havia pessoas negras trabalhando na área de criação, José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, e João Caetano, diretor criativo executivo da Grey, criaram o Cria da Quebrada. O programa de formação gratuito com foco em redação e direção de arte foi criado em parceria com a Zumbi, P&G e a Miami Ad School.

GG Albuquerque

GG Albuquerque (Crédito: Breno da Matta)

Jornalista, mora em Recife e faz doutorado na Universidade Federal de Pernambuco sobre tecnologias sonoras negras. Criou o Volume Morto, plataforma de crítica e pesquisa musical, para buscar abordagens diferentes sobre temas que são populares e não estão na grande mídia, como brega funk, cinema negro e som afroeletrônico.

Liliane Rocha

Liliane Rocha (Crédito: Breno da Matta)

Fundadora e CEO da Gestão Kairós, consultoria de sustentabilidade e diversidade. Em maio, a Gestão lançou o “Publicidade Inclusiva: Censo de Diversidade das Agências Brasileiras 2023”, em parceria com o Observatório da Diversidade na Propaganda. Entre os resultados da pesquisa, está a elaboração de metas até 2029 e a assinatura de um compromisso público em abril de 2023 em evento realizado no MPF.

Victor Israel

Victor Israel (Crédito: Breno da Matta)

Trabalhou em agência de publicidade em São Paulo, mas retornou à cidade natal, Manaus. Criou a Vem Norte motivado a lutar por mudanças no universo digital. A agência é especializada em criadores de conteúdos nortistas e conecta criadores de conteúdo da região com marcas e organiza encontros e mentorias para discussão de problemáticas que afetam a Amazônia, entre outros.

Erick Mendonça

Erick Mendonça (Crédito: Breno da Matta)

Também tem passagem por agências publicitárias e, em janeiro, apresentou a Corisco, plataforma de freelas e criativos independentes. O propósito é regulamentar o mercado freelancer e criar times fixos ou temporários para solucionar desafios de marcas e agências, indicando profissionais da área para cumprir a demanda de cada projeto.

Edivan Guajajara

Edivan Guajajara (Crédito: Breno da Matta)

Mora no Maranhão, território indígena arariboia. É designer, fotógrafo, co-fundador do Mídia Indígena e lançou oficialmente no Canadá seu primeiro documentário como diretor, We Are Guardians, em coprodução com a Appian Way Productions (produtora de Leonardo DiCaprio) e Fisher Stevens. Defende o quão fundamental é ter uma voz indígena por trás de uma produção que fale sobre a luta dos povos da floresta.

Jamily Silva

Jamily Silva (Crédito: Breno da Matta)

Fundou a SOMOS PRETA, agência baseada na Bahia composta 100% por pessoas negras e que trabalha com marcas como Itaú, Devassa, Coca-Cola, Neon e Amazon. Jamily mapeou creators do Norte e Nordeste para apontar novos talentos e potenciais que existem nessas regiões. Até o momento, a iniciativa levantou mais de 500 nomes.

Wes Xavier

Wes Xavier (Crédito: Breno da Matta)

Especialista em comportamentos de consumo periféricos e comanda a Vivência Lab, uma plataforma de tendências e consumo da Geração Z Periférica com conteúdos publicados no Instagram, TikTok e YouTube. Morador do Grajaú, na Zona Sul de São Paulo, lançou em colaboração com o Grupo Consumoteca o “Brasil Corre”, estudo nacional sobre o consumidor periférico que investiga as tensões e os pilares que formam os desejos desses consumidores no País.

Michel Couto

Michel Couto (Crédito: Breno da Matta)

Autodidata, acredita na publicidade como ferramenta de transformação social. É fundador da agência Formô, na comunidade do Morro da Cruz, na zona leste de Porto Alegre. Ao longo do ano, instalou painéis pelo morro a fim de conectar marcas com a comunidade e gerar renda para as famílias locais.

Ariel Nobre

Ariel Nobre (Crédito: Breno da Matta)

Diretor executivo do Observatório da Diversidade da Propaganda. Em janeiro, mês da visibilidade trans, redigiu cartas para 14 lideranças nas quais se apresenta como homem trans a fim de lembrar e questionar o que os líderes de agências e anunciantes têm feito para acolher a comunidade trans. Com um vídeo e mais de 100 páginas escritas a mão, fez com que duas das maiores agências do país entrassem em contato para saber sobre o tema e estabelecer mudanças práticas.

Walter Kumaruara

Walter Kumaruara (Crédito: Brena da Matta)

Educador, repórter, professor, articulista e morador de Santarém, no Pará. É fundador do Coletivo Tapajônico, coletivo de formação e informação que organiza seminários e festivais para formar influenciadores locais dentro de comunidades e aldeias. O objetivo é fazer com que jovens entendam sobre sua própria história e aprendam a gerar conteúdo por meio de plataformas digitais, curtas e rádios comunitárias.

Gabi Jacob

Gabi Jacob (Crédito: Breno da Matta)

Diretora de filmes desde 2011, tem mais de 50 projetos musicais gravados. Criou a Casa de Clipes para auxiliar jovens de diferentes realidades a ter acesso ao mercado do audiovisual e da música por meio de aulas teóricas sobre noções de direção, produção e direção de fotografia e vivências em sets.

Rita Almeida

Rita Almeida (Crédito: Breno da Matta)

Conduziu a pesquisa ‘A Revolução da Longevidade’, a fim de entender o contexto da falta de representatividade de pessoas com mais de 50 e 60 anos na publicidade. Desde o lançamento, participou de palestras, talks, podcasts e de um alinhamento com o Pacto Global da ONU. Em breve, o objetivo é lançar uma nova fase com metas.

Raphaella Martins

Raphaella Martins (Crédito: Breno da Matta)

Percebeu que encontrava amigas do mercado apenas para falar sobre uma pauta ou reivindicar melhores condições na indústria, então criou o Toda Última Quinta. A iniciativa consiste em encontros na última quinta de cada mês, organizados por ela pelo Instagram, para construir espaços de troca, afeto e conexão. O projeto acontece em uma realidade em que mulheres negras possuem somente 4,6% de representatividade no topo de grandes agências e marcas.

Simone Bispo e Luna Lima

Simone Bispo e Luna Lima (Crédito: Breno da Matta)

Lideram o grupo Publicitários Negros. Após quase um ano de conversas com Simon Cook, CEO do Festival de Cannes, o grupo conseguiu firmar uma parceria para levar 5 talentos negros do Brasil para o festival de 2023. A ação ‘PN em Cannes’ teve o apoio de marcas e profissionais negros do mercado que doaram recursos para a viagem. Durante o ano, também lutaram por mais acessos em diversos eventos do mercado publicitário.

Evandro Fióti

Evandro Fióti (Crédito: Breno da Matta)

CEO do Lab Fantasma, cantor, compositor e empresário. Em outubro, deu luz à fala pública sobre infração de propriedade intelectual, apropriação cultural e epistemicídio na publicidade. A atitude aconteceu ao expor campanha de uma marca que se apropriou do conjunto de elementos originais criativos do experimento social AmarElo, de Emicida, Fióti e Laboratório Fantasma, lançado em 2019.

Victor Eduardo e Marcella Peixoto

Victor Eduardo e Marcella Peixoto (Crédito: Breno da Matta)

Fundadores da Negritud&njoada, a primeira rádio audiovisual no Brasil com foco em entretenimento, cultura e música para a população preta. Já alcançaram mais de 600 mil pessoas com conteúdos no Youtube, Instagram e TikTok, bem como eventos presenciais e on-line. Fecharam parceria com a Asics recentemente e, em 2023, realizaram 12 ações para promover o trabalho de vozes negras de diferentes estilos e ritmos.

Cristian Wari’u

Cristian Wariu (Crédito: Breno da Matta)

Indígena do povo Xavante com ascendência Guarani Nhandewa, é criador de conteúdo desde 2017. Neste ano, lançou oficialmente a WARIU Etnomídia Indígena e transformou seu perfil pessoal em uma plataforma para unir vozes indígenas, discutir temáticas urgentes e formar novos comunicadores. Nasceu no território Parabubure, no Mato Grosso e, atualmente, cursa comunicação organizacional em Brasília.

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