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A nova geração perdida

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Ponto de vista

A nova geração perdida


24 de janeiro de 2014 - 3h12

Sou apaixonada por entender, isso significa que sinto um prazer tão grande em encontrar a resposta quanto em procurar por ela. Entender também significa encontrar as perguntas e questioná-las durante o processo.

Foi o que veio a cabeça hoje enquanto eu assistia ao The Millenial Challenge no Live do World Economic Forum , uma sessão que me interessou por sua proposta de debater “como os setores públicos e privados podem endereçar a crise de desemprego que afeta jovens no mundo inteiro”.

Já são cerca de 74 milhões de jovens desempregados no mundo todo, cerca de 13% do total da população entre 15 e 25 anos. Entre eles, milhões considerados NEET’s (Neither in Employment, Education or Training). Além disso, segundo Guy Ryder, Director-General da Internacional Labour Organization (ILD) e um dos convidados, mais de 200 milhões de jovens homens e mulheres estão trabalhando por menos de 2 dólares por dia.

O motivo pelo qual esse assunto está em discussão no World Economic Fórum deste ano é a existência de um risco real de que todo esse quadro represente, no futuro, um nova “Geração Perdida” (termo imortalizado por Ernest Hemingway e que se referia a geração de jovens que lutou na primeira grande guerra) uma geração excluída, deixada de fora do mercado de trabalho.

Existem indícios desse cenário em vários países da Europa, onde esta questão é agravada pela existência de uma crise econômica sem precedentes. Foi na Europa que o ILD encontrou os mais altos índices de desemprego entre jovens: 34,4% na Itália, 38,7% em Portugal, 52,2% na Espanha e 54,2% na Grécia. Na Espanha, o termo Geração ni-ni (neither-nor generation) está sendo usado para definir centenas de jovens que não estudam nem trabalham e que parecem não se sentirem engajados ou estimulados por nada.

Vale a pena ler o que outra convidada do Fórum, Maria Fanjul tem a dizer a respeito. Ela é uma jovem empreendedora de 28 anos que, entre várias outras coisas, é co-fundadora do Chamberi Valley, uma rede que tem como objetivo criar um “entrepreneurial ecosystem” na Espanha.

Muita coisa foi dita durante 56 minutos. Muitas respostas foram colocadas na mesa: redefinir os objetivos e redesenhar os processos educacionais; estimular e apoiar o empreendedorismo; desenvolver programas de treinamento; desenvolver proteções sociais.

Muhtar Kent, Global CEO da Coca Cola Company propôs que governos, empresas privadas e públicas, universidades e sociedade civil sentassem na mesma mesa em busca de soluções. Por sinal, Muhtar Kent é um exemplo de como um CEO pode ser porta-voz de uma marca que possui uma crença e um propósito claros e tangíveis.

Muitas respostas foram colocadas na mesa em resposta a um problema que ainda não foi amplamente entendido. Não se preocupem com isso, está tudo certo, é assim mesmo que acontece: muitas vezes a pergunta surge na busca pela resposta ou quando damos de cara com ela.

Sou apaixonada por entender e isso me faz apaixonada por encontrar respostas que gerem perguntas e foi o que aconteceu hoje.

Uma delas tem a ver com o que está por trás de um mundo onde, na Espanha, um jovem de 26 anos não só convive com a atual escassez de oportunidades mas com o medo de um futuro – que ele não imagina distante – onde as empresas irão desconsiderá-lo e preferir alguém mais jovem e recém formado. Ao mesmo tempo, centenas de outros jovens parecem estar totalmente apáticos, um problema que parece geracional mas que também está relacionado com os estímulos disponíveis.

A outra pergunta tem a ver com entender como engajar um jovem que nem sempre se sente inspirado com o modelo de trabalho e de construção de carreira estabelecido. Ao mesmo tempo, tem a ver com engajar CEOs na ideia de que os atuais modelos organizacionais estão em descompasso com as mudanças que estamos vivendo e com as que estão por vir.

No final, mesmo que você não seja apaixonado por entender, é melhor pensar a respeito. Ninguém pode se dar ao luxo de ficar de fora desse fórum.

Ana Cortat é vice-presidente de planejamento na Agência Africa 

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