Farra foca no branded content mais content
Produtora dos sócios André Brandt, Gui Cintra e Gui Vieira une conteúdo e publicidade aos produtos audiovisuais
Produtora dos sócios André Brandt, Gui Cintra e Gui Vieira une conteúdo e publicidade aos produtos audiovisuais
Amanda Schnaider
13 de setembro de 2022 - 6h00
O ano de 2020 não foi fácil para as produtoras. Um mapeamento realizado pela Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais (Apro) – que reuniu dados de registro de obras publicitárias da Ancine (Agência Nacional de Cinema), somado a informações complementares coletadas por uma pesquisa feita internamente com 49 produtoras associadas da Apro e representantes do time de produção de 20 agências no período – revelou que 99% das produtoras sentiram algum impacto refletido na redução de orçamentos devido à pandemia. Destas, 56% afirmaram ter tido projetos cancelados no período, sendo que 50% tiveram que reduzir o número de funcionários fixos de suas equipes.
Foi nesse contexto, entretanto, que a Farra nasceu. Em 2020, movidos pela experiência comum em televisão e entretenimento, os roteiristas André Brandt e Gui Cintra e o produtor executivo Gui Vieira uniram forças para lançar a produtora criativa no mercado. De acordo com os três sócios, a produtora entrega desde a concepção da ideia até o produto audiovisual finalizado.
O primeiro projeto da Farra foi o Boca a Boca, da criadora de conteúdo Bianca Andrade, mais conhecida como Boca Rosa, logo após sua saída do Big Brother Brasil. O trabalho, composto por uma série de lives com a participação de artistas e celebridades, conquistou o prêmio de “Live pra tudo” no MTV Miaw daquele ano, prêmio anual concedido pela MTV Brasil para homenagear os favoritos na cultura pop pelos brasileiros.
Segundo Brandt, esse primeiro projeto foi enxuto, mas com expectativas altas. “Termos nascido na pandemia também diz muito disso, porque conseguíamos fazer coisas muito boas com pouco. Enquanto as grandes produtoras tiveram que reduzir 60% e entender como fazer um negócio que custa R$ 10 milhões, com menos pessoas o set”, diz o roteirista.
Com a repercussão do Boca a Boca, a Farra começou a ser procurada por marcas que gostariam de fazer projetos de branded content, mas com grande foco no content. Uma delas foi a C&A, que queria fazer um programa no YouTube. Foi assim que nasceu o Tudo Combinado C&A, estrelado por Fernanda Souza, Fernanda Rodrigues e Giovanna Lancellotti, e que apresentava descontos especiais aos consumidores, além de falar sobre a influência da moda e da beleza nos mais diferentes universos. “Viemos do mercado de TV, do entretenimento. O mercado publicitário é uma coisa que abraçamos agora”, reforça Gui Cintra.
Gui Vieira enfatiza que a Farra só existe porque o mercado se transformou. Segundo ele, passou a haver uma conexão entre o mercado de entretenimento e o mercado publicitário. “O branded content nada mais é do que fazer conteúdo, que é o que a televisão faz com excelência, atrelando a publicidade nesse meandro”. Para ele, a maneira mais eficaz de se fazer branded content é justamente colocando o content, ou seja, o conteúdo em primeiro lugar. “Tem produtoras que são executoras, eu queria ser uma produtora criativa, queria investir em criação, sala de roteiro”, comenta.
Neste sentido, atualmente a Farra conta com 20 funcionários, dentre eles, sete roteiristas fixos, além de profissionais de produção, pós-produção, design, estratégia e até redes sociais. Além da equipe fixa, em maio, a produtora criativa inaugurou seu espaço físico no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Gui Vieira enfatiza que o espaço serve para socialização e que não o funcionário não é obrigado a ir todos os dias para o escritório, mas só quando realmente é necessário. “É um espaço para nos sentarmos, tomarmos uma cerveja no fim do dia, trocamos ideia. Tem uma sala de roteiro onde os meninos podem sentar para escrever junto, todo mundo olhando o mesmo documento e fomentando ideias”, ressalta. Para Brandt o espaço físico do trabalho ganhou um novo significado após a pandemia: “Antes era uma baia, agora tem que ser um lugar gostoso para valer a pena estar aqui e não na minha casa”.
O trio de sócios, junto com a equipe da Farra, busca se estabelecer como uma produtora criativa no mercado brasileiro, que entrega projetos relevantes, seja para internet, uma de suas especialidades, seja para séries, podcasts, programas de TV, filmes, e projetos de branded content para o mercado publicitário. “Antes tínhamos o farrafilms.com.br e mudamos. Hoje o nosso site é farra.media. Mudamos o nome do negócio porque queremos nos posicionar a longo prazo como uma media company também, não só uma produtora audiovisual ou uma casa de criação ou agência de publicidade”, comenta Gui Cintra.
Além da equipe fixa e da liberdade criativa, os sócios acumulam experiência em mídias como Globo, Band, Record, Netflix, HBO Max, Multishow, GNT e TNT. Com isso, em pouco mais de dois anos de existência, a produtora já acumula projetos feitos em parceria com plataformas como Disney+, Spotify, Globoplay, Star+ e TikTok. Entre eles estão: as campanhas de lançamento dos filmes da Disney Lightyear, com Marcos Mion, e Luca, com Claudia Raia; o especial fim de ano do TikTok, com Foquinha; o programa de Maurício Meirelles, Foi Mau; o Otalab, programa apresentado por Otaviano Costa; e o Posso Mandar Áudio, podcast apresentado por Dani Calabresa. O podcast, inclusive, já está ensaiando uma segunda temporada, segundo Gui Vieira.
Além disso, o mais recente lançamento da Farra é o podcast Supositório, do próprio André Brandt, original Spotify. No podcast, Brandt convida personalidades e celebridades, como Fábio Porchat, Maurício Stycer, Felipe Andreoli e Babu Santana, para falarem sobre suposições. O podcast, inclusive, atingiu a primeira posição de podcasts mais ouvidos no Spotify na semana de estreia. E a parceria com streamings não para por aí. O filme Compro Likes, de Brandt e André Moraes, também roteirista, assinado em colaboração com Ana Carol Machado e com direção de André Moraes, vai virar uma série do Star+ ainda neste ano. “Estou há quatro anos e meio esperando isso sair, senão fosse o streaming, ia estar na lista dos filmes da distribuidora para ir para o cinema, ia ficar mais uns quatro anos. É uma série que vai para o streaming e também já está com uma segunda temporada adiantada. O streaming moldou o jeito de consumir as coisas. Inclusive coisas que estavam prontas, eles readaptaram e deram futuro para um negócio que poderia ter acabado”, finaliza Brandt.
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