Vagas de comunicação: coerentes ou absurdas?
Retração no mercado de trabalho torna a seleção mais competitiva para empresas, ao mesmo tempo em que profissionais se queixam de requisitos “inatingíveis” e condições injustas
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Karina Balan Julio
28 de fevereiro de 2018 - 7h00
A taxa de desemprego atual do Brasil – que beira 12% – e o mercado naturalmente competitivo do setor tornam cada vez mais difícil para profissionais encontrar empregos em agências, produtoras e outras empresas de comunicação. Em um contexto de crise, muitos profissionais se queixam de que algumas vagas voltadas para publicidade e comunicação têm apresentado requisitos “impossíveis”, como o acúmulo de diferentes funções em uma única posição.
Como uma crítica às vagas consideradas abusivas, os publicitários Daniel Alves, analista de marketing digital, e o diretor de arte Tiago Perrart criaram a página “Vagas Arrombadas”, no Faceboook. O termo soa chulo, mas já viralizou na internet como forma de satirizar vagas consideradas abusivas, com requisitos absurdos ou tarefas consideradas exploratórias.
“Muita gente aceita condições ruins. Existe o deslumbramento do universitário que sai da sala de aula buscando glamour, ou o do jovem que acha bacana a agência que tem vídeo game, ping pong, gato, pizza e cerveja”, diz Daniel
Com a ajuda de 200 mil seguidores, a página reúne anúncios de vagas encontradas nas redes sociais e sites de recrutamento com estas características. “Quando começamos, nossa intenção era apenas expor o cenário tragicômico que é o cenário para quem busca emprego”, conta Daniel.
De acordo com os fundadores, a área de comunicação é uma das que mais apresentam vagas com exigências que fogem à realidade dos profissionais da área, vagas com salários abaixo do piso e práticas que fogem à legislação.“Estas, aliás, vem em número bem maior do que imaginávamos”, contam.
A romantização do “ambiente descontraído”
Na avaliação de Daniel, o problema também está na romantização do ambiente teoricamente flexível das empresas de comunicação, que por vezes pode esconder práticas de trabalho pouco saudáveis. “Muita gente aceita condições ruins. Existe o deslumbramento do universitário que sai da sala de aula buscando o glamour do publicitário da TV; o jovem que acha bacana contar pros amigos como a agência dele é moderna – tem vídeo game, ping pong, gato, pizza e cerveja; mesmo ele sabendo que estes itens estão ali pelo fato de ele não ter hora pra sair”, avalia.
Já Tiago acredita que a flexibilidade das profissões de comunicação faz com que haja uma dificuldade geral do mercado em valorizar o profissional.”Há pouca valorização do profissional que posta em rede social, mexe no photoshop ou produz conteúdo. As áreas de comunicação e publicidade estão saturadas e, mesmo fora das empresas que trabalham diretamente com isso, num cenário de crise, o primeiro custo a ser cortado é justamente este trabalho. Tem muita agência que se aproveita disso e oferece vaga ‘arrombada’ pois sabe que alguém necessitado vai aceitar”, diz.A criação de uma vaga
A criação da descrição de uma vaga para um portal ou site de recrutamento, no entanto, não é aleatória. Vivian Vaz, Diretora de Recursos Humanos da Leo Burnett Tailor Made, explica que os RHs das agências costumam receber o job description dos próprios líderes.
“Eles descrevem o que esperam dos candidatos, quais os requisitos que eles devem atender para preencher a vaga. A partir disso, avaliamos os skills necessários para a função, além do perfil técnico e comportamental. Às vezes é possível flexibilizar algum skill técnico para desenvolvimento dentro da agência. Em outros casos, não podemos ignorar que a demanda que temos para determinada vaga exige conhecimentos e, por vezes, experiências indispensáveis para a realização da tarefa”, explica.
Virei publicitário, e agora?
Quando se trata de cargos criativos em agências, alguns fatores tornam as vagas ainda mais concorridas. Renata afirma que a crise fez com que uma quantidade maior de profissionais muito bem qualificados ficassem disponíveis, o que torna o ambiente mais competitivo e eleva a barra para os RHs. A incorporação de novas áreas ao negócio das agências, como UX, BI, desenvolvimento de plataforma e gerenciamento de projetos também mudam o perfil exigido.
Ainda vale a pena estudar publicidade?
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