Vila Madalena e a boemia corporativa

Meio & Mensagem
27 de agosto de 2012 - 12h25

Vinte anos atrás, o bairro paulistano da Vila Madalena deixou seu quase ocaso para passar a ser definida como “o bairro boêmio” de São Paulo. Ali, bares simples ofereciam cervejas a bom preço — e atraíam alunos da Universidade de São Paulo (USP), que estudavam do outro lado da Marginal Pinheiros. Eles se misturavam aos moradores da região, uma classe média que havia se fixado no bairro décadas antes.

O clima descontraído e os aluguéis baixos chamavam jovens universitários, galerias e artistas independentes e o perfil da região começava a mudar. Nos últimos cinco anos vêm surgindo bares e restaurantes mais sofisticados, bem distantes dos botequins que reuniam jovens com pouco dinheiro no bolso nos anos 1990. Muda, também, o perfil do morador: a construtora Ideia Zarvos espalha pelo bairro projetos de arquitetos famosos, como Isay Weinfeld, e surgem no horizonte prédios de até 25 metros de altura (o limite permitido por lei de zoneamento no miolo da Vila), de fachadas descoladas e bem diferentes dos espigões neoclássicos do restante da cidade.

Parte desses prédios mistura residências e escritórios ou apenas plantas comerciais com formatos menos óbvios. A atratividade do bairro aumenta para empresas de médio porte: há uma boa oferta de serviços, uma estação de metrô próxima e o trânsito — apesar de ter piorado muito nos últimos anos —ainda é melhor do que no Itaim Bibi ou na Vila Olímpia. Os empreendimentos comerciais emprestam do bairro o charme artístico de 20 anos atrás e os resquícios da boemia que ainda exala dos bares — agora mais chiques — do entorno.  

Essa combinação traz, por sua vez, agências e produtoras. Outro diferencial para esta concentração na região é o fato de que muitos sócios e executivos de empresas do mercado de comunicação elegeram o bairro (ou o vizinho Alto de Pinheiros) também como endereço residencial.

Isso, somado à bela oferta de praças, bares e restaurantes, derruba qualquer chance de tirarem suas agências da Vila Madalena que, além de “boêmia”, se tornou polo da chamada economia criativa. Levantamento do Meio & Mensagem chegou a mais de 50 endereços de agências e produtoras – algumas delas estão destacadas no mapa abaixo.