Burger King: os riscos planejados do marketing de oportunidade

Buscar

Burger King: os riscos planejados do marketing de oportunidade

Buscar
Publicidade

Comunicação

Burger King: os riscos planejados do marketing de oportunidade

Assim como fez o Habib´s, em 2016, marca conhecida pela irreverência, leva o tema político para a linha de frente de sua comunicação


1 de outubro de 2018 - 0h53

No início de setembro, em entrevista ao Meio & Mensagem, Ariel Grunkraut, diretor de vendas e marketing do Burger King Brasil, falou sobre o estilo irreverente da marca quando explicou o conceito de hackvertising. Na noite deste domingo, 30, durante o debate da TV Record, o Burger King aplicou todas as premissas deste conceito em um vídeo que trata de política.

Na ação, criada pela agência David e filmada em São Paulo, na semana passada, ao votarem em branco, pessoas davam a outros o direito de escolher o recheio do lanche: cebola e maionese. Nas redes sociais, as pessoas questionaram se esse tipo de ação seria permitida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Em tempos em que as marcas são cobradas por consumidores e grande público, em geral, por um posicionamento claro e nada em cima do muro, alguns casos recentes chamam a atenção.  O mais recente e emblemático foi o da Nike. E o Burger King mostrou a eleitores com forte tendência a votar branco ou nulo as consequências de se esquivarem da responsabilidade de escolher seus candidatos”, afirma Luiz Fernando Bernardo, head de conteúdo da Inbound Soul.

Apesar de o Burger King deixar claro sua neutralidade em relação a qualquer candidato, Bernardo alerta que são muitas causas que merecem respeito e têm espaço para marcas abraçarem. “Quando não concorda com a postura da empresa em torno de uma determinada causa, determinados públicos podem impor retaliações, como deixar de comprar produtos ou serviços. Possíveis resultados? A curto prazo, risco de queda nas vendas e até no valor de mercado da empresa. Só tempo irá dizer se a defesa de determinadas causas resistirá à pressão do público e acionistas”, afirma.

Uma das mensagens do vídeo do Burger King, publicado neste domingo, 30 (Crédito: Reprodução)

No início do mês, a Nike chamou para si os riscos ao  anunciar uma campanha com o jogador de futebol americano Colin Kaepernick. O atleta é motivo de polêmica desde 2016, quando começou a realizar diversas formas de protesto contra a violência policial do país dirigida a jovens negros. Entre as manifestações, estão sentar no banco ou ajoelhar no gramado durante o hino nacional norte-americano, tocado antes do início das partidas da NFL, liga de futebol americano.

Habib´s, Ragazzo e #fomedemudança

Em março de 2016, as redes Habib´s e Ragazzo apoiaram as manifestações que ocorreram na ocasião durante todo o Brasil. Nas redes, a marca usou a hashtag #fomedemudança, as lojas foram decoradas de verde e amarelo e distribuíram cartazes e bottons para quem queria se manifestar. “As grandes marcas, quando entram em assuntos polêmicos, devem buscar sempre a união e a inclusão, caso desejem se manter como marcas universais, ou seja, para todos”, afirmou Sílvio Crespo, diretor geral da SGC Conteúdo, sobre a atitude do Habib´s naquele ano.

À época, questionado pela revista IstoÉ se tinha medo da repercussão, Alberto Saraiva, fundador da rede, afirmou que não possuía receio algum quanto à atitude. “Não tenho receio de que as lojas sejam alvo de protestos ou de quebradeira de quem não concorda com a nossa visão. O Habib’s e o Ragazzo são lugares democráticos”, afirmou.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Burger King traz “Greg” de Todo Mundo Odeia o Chris para campanha

    Burger King traz “Greg” de Todo Mundo Odeia o Chris para campanha

    Em passagem pelo Brasil, Vincent Martella, brinca com sua popularidade no País em campanha do BK

  • Apenas 8% dos negros ocupam cargos de liderança no Brasil, diz pesquisa

    Apenas 8% dos negros ocupam cargos de liderança no Brasil, diz pesquisa

    Realizada pelo Indique uma Preta e Cloo, a pesquisa revela ainda que menos de 5% das lideranças das 500 maiores empresas do País são negras