Quando – e como – as agências reabrirão nos Estados Unidos?

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Comunicação

Quando – e como – as agências reabrirão nos Estados Unidos?

Com a vacinação avançada no país, holdings e empresas repensam o retorno aos escritórios, mas modelo híbrido ainda deve prevalecer


6 de maio de 2021 - 13h25

(Crédito: Martin DM/iStock)

* Por Brian Bonilla, do Advertising Age

O avanço da vacinação nos Estados Unidos pode começar a mudar o panorama do trabalho da indústria da comunicação no país. Estimativas nacionais mostram que um a cada quatro residentes daquele país já estão totalmente imunizados contra a Covid-19 e a maioria dos estados deve ter cerca de 50% de sua população imunizada até junho. Em Nova York, a “casa” da Madison Avenue, tradicional área de redes e agências de publicidade, o governador Andrew Cuomo anunciou um plano de reabertura das atividades econômicas, assim como Nova Jersey e Connecticut.

As agências de publicidade estadunidenses, então, estão preparadas para voltar rapidamente aos escritórios? Ao que parece, várias delas estão pensando em retornar a partir de setembro e de forma gradual, começando com o retorno apenas alguns dias da semana. A manutenção de algumas medidas, como uso de máscaras, deve acontecer. As agências menores teriam capacidade de retornar aos escritórios de forma mais rápida, dependendo de sua localização. E, em alguns casos, o espaço físico que os funcionários encontrarão deverá ser diferente – com mesas individuais, espaços abertos e acomodações semelhantes às do home-office.

Antes de considerar o retorno aos escritórios, no entanto, as agências terão de revisar as regras locais para entender o que é ou não permitido, de acordo com Aaron Colby, advogado trabalhista, que conversou com a reportagem do Advertising Age.

“Uma vez que o retorno aos escritórios seja permitido, a próxima questão é: o empregador pode exigir que o funcionário volte? Claro, eles podem. Mas isso deve ser feito de forma equânime”, explica o advogado. Quando se trata de trabalhar de casa (home-office), “essa igualdade de condições não significa necessariamente que a empresa tenha que oferecer isso a todos, mas que ela tenha uma condição comercial legítima que explica as razões de ela não estar oferecendo a possibilidade a todos. E, como sempre, o empregador deve procurar oferecer uma acomodação razoável para os funcionários com deficiência, por exemplo”, complementa.

As empresas também podem exigir que os funcionários estejam vacinados para retornar ao trabalho, desde que isso esteja expresso em suas políticas. Isso só não deve valer se o funcionário tiver alguma condição médica ou religiosa que o impeça de ser vacinado, segundo o profissional. Nessa situação, a agência deve oferecer uma acomodação razoável, assim como equipamentos de proteção individual, garantindo que esse funcionário possa trabalhar de forma isolada e que não participe de reuniões ou de encontros em grupos – ou que, nesse caso, as demais pessoas da equipe também utilizem equipamentos de proteção individual. A empresa também deve permitir que esse funcionário continue trabalhando de sua casa e, se essas condições não forem possíveis, pode fornecer uma licença temporária.

“Em alguns estados, antes de tomar a decisão da licença, a empresa pode procurar, dentro da organização, se há alguma vaga mais adequada ao funcionário”, diz o advogado. “Uma pessoa que se recusa a tomar vacina sem o respaldo de uma declaração médica ou justificativa religiosa pode ser demitida pela empresa.”

A questão das holdings
O fato de as aberturas econômicas dependerem de regras locais torna mais difícil a situação das holdings, que possuem funcionários espalhados em diferentes cidades, estados e países. Se é seguro retomar as atividades m um estado, em outro a condição pode ser diferente.

“A medida em que partes do mundo começam a diminuir suas restrições, estamos avaliando como será o futuro do trabalho na Omnicom”, disse o CEO da holding, John Wren, durante uma conferência realizada recentemente. “Nossas lideranças locais estão trabalhando e coletando feedbacks dos funcionários e clientes para nos ajudarem a decidir como será o ‘novo normal’ – onde possamos atender nossos clientes efetivamente ao mesmo tempo em que nos conectamos com os colegas da maneira mais segura e flexível possível”, disse o CEO. Posteriormente, a companhia não quis fazer comentários adicionais.

Durante conferência do Interpublic, o CEO da holding, Phillippe Krakosky, disse que é mais provável que o retorno da empresa aos escritórios comece, de forma gradual, em setembro e que a companhia monitora as avaliações e opiniões de seus colabores ao redor do mundo. O CEO, no entanto, não deu mais detalhes do plano de retorno.
O Publicis Groupe usará a Marcel, sua plataforma de inteligência artificial, como uma ferramenta importante para o retorno de seus funcionários ao escritório. Através dela, os colaboradores poderão reservas mesas de trabalho e salas de reunião. Atualmente, cerca de 47 mil funcionários do grupo estão conectados à plataforma Marcel.

Janelas abertas
Para agências menores, como a Joan, a situação é menos complicada. A empresa, que possui cerca de 50 funcionários, incluindo freelancers, tem um plano de voltar ao escritório, em Nova York, com 100% da equipe em setembro. A empresa, que vem recebendo orientação jurídica da Davis & Gilbert para o processo, pedirá que os funcionários voltem ao escritório pelo menos três vezes por semana em um modelo de trabalho híbrido e acredita que os colaboradores esperam ansiosamente por esse momento, na visão de Jamie Robinson, cofundador e CCO da agência. “Pensamos que esses três dias permitirão que as pessoas tenham mais flexibilidade em suas vidas do que tinham antes em suas carreiras e que isso mantenha o espírito de colaboração.”

A agência foi transparente sobre sua decisão durante reuniões semanais realizadas com os funcionários, para esclarecer sobre eventuais dúvidas e anseios. A Joan recomenda – mas não exigirá – que todos os funcionários estejam vacinados. O fato de ser uma agência pequena acabou ajudando na situação. “Temos sorte de ter o tamanho e espaço certos para atender às restrições de capacidade e para manter o distanciamento ideal entre todos”, declarou uma porta-voz da companhia.

A respeito do distanciamento, a Joan implementou vários protocolos, como o uso de máscaras em áreas comuns, a proibição do compartilhamento de comidas e de refeições em grupos, a utilização máxima de duas pessoas por vez no elevador, limpeza duas vezes ao diária e a oferta de sanitizadores de mãos e lenços de limpeza para todos. As janelas permanecerão sempre abertas.

A agência independente de mídia Horizon reabrirá suas portas no dia 1º de julho e espera ter de 10% a 20% de sua equipe de trabalho se revezando em jornadas de três vezes por semana, até ter o retorno completo de todos, marcado para 14 de setembro, “somente com as orientações de uso de máscara e distanciamento social”, de acordo com Eileen Benwit, VP e chief talent officer da operação. “Assim que essas diretrizes forem estabelecidas permitiremos, àqueles que escolherem, continuarem trabalhando de forma híbrida”, disse.

A agência fez uma pesquisa com seus dois mil funcionários, que apontou que 60% desejam voltar ao escritório. Embora o retorno total esteja previsto para setembro, a agência irá negociar, caso a caso, com funcionários que eventualmente não queiram voltar. “É uma situação que pede empatia e proximidade”, diz a porta-voz.

Algumas agências começaram a transformar seus espaços de trabalho para tornar o retorno mais fácil. A agência TDA, localizada em Boulder, no Colorado, fez uma pesquisa com 25 de seus funcionários e 100% declarou que quer voltar ao escritório, mas de maneira híbrida, com o acordo de trabalhar em home office duas vezes por semana. Todos os funcionários da TDA estarão total ou parcialmente vacinados até o retorno ao escritório, de acordo com Jonathan Schoenberg, sócio e diretor executivo de criação. A agência espera retornar com metade de sua equipe até agosto e com a capacidade total “quando fizer sentido”. “Nesse meio tempo, estamos atualizando nosso espaço. As pessoas se acostumaram com o conforto de suas casas então, de certa forma, estamos competindo com o home-office”, disse o criativo.

A TDA irá seguir as orientações locais, criando mais espaços para as pessoas permanecerem no escritório, orientando reuniões via Zoom e criando maneiras para que cada um reserve seu espaço nas mesas. As atualizações no ambiente de trabalho também incluem a instalação de purificadores de ar, a colocação de mais plantas para purificar o ambiente e a construção de pátios com vista para as montanhas.

A agência Grow, com sede em Norfolk, reabrirá as portas para seus funcionários em um espaço totalmente novo. O CEO da agência, Drew Ungvarsky, liderou a criação de um novo campus no local, que abrigará outras empresas de criatividade e tecnologia. Cada inquilino terá seu espaço e poderá compartilhar aréas como um rooftop, um espaço de eventos, um estúdio de gravação de podcasts, salas de relaxamento e de amamentação, biblioteca, vestiários com chuveiros, locais para guardar bicicletas, etc.

A primeira parte do complexo será inaugurada no próximo dia 17, já com a presença de nove empresas – quatro das quais assinaram seu contrato de locação durante a pandemia – e abrigará outras empresas locais, como escritórios de arquitetura, organizações sem fins lucrativos, cafés e empresas de engenharia.

“Escolhemos um modelo menor porque, agora, não é necessário um espaço de eventos com capacidade para comportar a agência toda ou uma sala e que caibam 20 pessoas para uma reunião, que seria usada apenas três vezes por mês. Ter um espaço menor e compartilhar várias áreas com outras empresas faz sentido financeiramente e também, para o que pensamos como modelo de negócio futuro”, declarou Ungvarsky.

No ano passado, o CEO da agência fez uma pesquisa com os funcionários e 90% indicaram que preferiam um modelo híbrido de trabalho. No entanto, não há exigência de retorno ao escritório mesmo após a inauguração. “Para os funcionários interessados em trabalhar em nosso espaço, veremos os limites de capacidade e protocolos de segurança de adotaremos, seguindo as orientações de saúde de Virginia. Continuaremos permitindo que nossa equipe trabalhe em home office e da maneira que desejarem até que as autoridades de saúde digam que é possível que todos estejamos juntos e sem máscaras, até o momento em que faremos a transição para um modelo híbrido”, promete o CEO.

Novo modelo
Embora o movimento em direção a um modelo mais colaborativo tenha levado, nos últimos anos, as agências a investirem em escritórios mais abertos, com o compartilhamento de mesas e bancadas, a Covid-19 parece ter mudado esse panorama. Os dias de escritórios centralizados na capacidade podem estar contados, de acordo com Emma Armstrong, presidente da FCB em Nova York, que vê o escritório do futuro como uma ferramenta competitiva.

A executiva vem trabalhando em conjunto com a empresa de arquitetura CBRE para entender como a agência pode adaptar seu espaço atual para se tornar mais flexível, de modo que possa acomodar seus funcionários e entender quais partes de seu processo criativo devem continuar sendo realizadas em conjunto e quais podem ser feitas de forma isolada, de suas casas.

Por enquanto, ainda não há planos de uma remodelação do espaço, mas a agência e a empresa de arquitetura vem fazendo pesquisas junto aos funcionários para entender as demandas. O objetivo é criar um ambiente que permite que os funcionários trabalhem em diferentes disciplinas e requisitos nos quais se sintam confortáveis e entender as coisas que ainda faltam no espaço físico da agência, que possam trazer vantagens competitivas.

Guy Hayward, CEO global da Forsman & Bodenfors, espera ter um plano consolidado de retorno ao escritório de Nova York da agência no próximo mês, mas afirma que a abertura de outros escritórios ainda é incerta. “temos espaços em Ontario e Montreal, no Canadá, e eles estão em lockdown agora. Não podemos tomar as mesmas decisões para todos os locais. A situação na Suécia é parecida com a de Nova York, enquanto em Cingapura e na China, já voltamos ao normal”, explicou Hayward.

Uma das preocupações do executivo é manter um ambiente de trabalho bom e saudável mesmo com os modelos híbridos em vigor. Nos últimos meses, a FCB de Nova York tem realizado reuniões presenciais com grupos de cerca de 20 pessoas no escritório – e o restante participando de forma online – e isso tem acontecido de forma orgânica e deve ser utilizado como experimento para o novo modelo de trabalho.

“Tem sido interessante observar o comportamento. Enquanto as pessoas estão na sala de reunião, no Zoom, as pessoas no escritório estão usando máscaras. Mas quando elas se sentem em suas cadeiras e em seus espaços, as máscaras começam a ser retiradas, nos mostrando como é realmente trabalhar nos escritórios e em que devemos pensar”, contou Hayward.

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