Criadores pretos são menos contratados para campanhas

Buscar

Criadores pretos são menos contratados para campanhas

Buscar
Publicidade

Mídia

Criadores pretos são menos contratados para campanhas

Estudo realizado pela Squid, Black Influence, Sharp, Site Mundo Negro e YouPix mostra diferenças de pagamento e tratamento de diferentes raças no mercado de influência


1 de setembro de 2020 - 13h05

Para tentar entender a repercussão do debate sobre diversidade e igualdade de remuneração no mercado de criadores de conteúdo, a Squid, Black Influence, Sharp, Site Mundo Negro e YouPix se uniram para entrevistar 767 creators e traçar um comparativo da atividade. O resultado foi o relatório “Black Influence: Um retrato dos creators pretos do Brasil”.

 

Brancos são os que cobram mais por publicação em suas redes sociais; o valor é 12% superior do que o cobrado por pretos (Crédito: Humphrey Muleba)

A maioria (64%) dos influenciadores entrevistados já participou de uma campanha publicitária. Porém, ao dividir as respostas por raça, é pouca a diferença entre criadores pretos que já realizaram uma ação e que nunca o fizeram. Entre esse grupo, 47% declarou que nunca participou de uma comunicação publicitária. É a menor participação entre as raças e a quantidade de creators pretos que estiveram nas ações é 17% menor do que a média do total de respostas “sim”. Depois de pretos vem amarelos (41%), pardos (34%), brancos e indígenas (14%). Dos entrevistados, 0,9% são indígenas, 2,9% são amarelos, 17,1% são pretos, 22,3% são pardos e 56,8% são brancos.

(Crédito: Arte/M&M)

Quando conseguem uma participação em um projeto publicitário, a remuneração também se difere. O valor máximo recebido por um criador indígena, por exemplo, é 66% menor do que a média. O o ganho de um criador preto é 66% menor do que o ganho de um branco. A única raça que ganha mais do que a média é a branca, cujo valor máximo recebido em uma ação é 25% maior do que a média. No valor mínimo recebido, os indígenas superam a média em 43% e os brancos em 7%. Amarelos e pardos são os que recebem menos em relação a média de valores mínimos.

Brancos são os que cobram mais por publicação em suas redes sociais (R$ 564). Esse valor é 12% superior do que o cobrado por pretos (R$ 496); pardos cobram R$ 459; e amarelos R$ 436. A raça indígena foi retirada desta análise por conta da baixa amostra de respondentes.

(Crédito: Arte/M&M)

De acordo com Monique Evelle, sócia da Sharp, hub de inteligência cultural, a pesquisa confirmou a hipótese de que pretos e indígenas não são incluídos no mercado e que os criadores brancos sçao melhor remunerados. “Isso só reflete que a disparidade racial também está no contexto da influência e agora o mercado, a partir dessa pesquisa, não terá mais desculpas para tentar garantir equidade racial e de valores entre creators brancos e não brancos”, argumenta.

Apesar da maioria dos entrevistados não saber responder se já receberam menos do que outro criador de conteúdo pelo mesmo número de seguidores e engajamento, afirmam que sim: 38% dos pretos, 32% dos brancos, 31% dos pardos e amarelos e 17% dos indígenas.

Na percepção de Silvia Nascimento, diretora de conteúdo da plataforma Mundo Negro, ter pessoas negras envolvidas nos processos criativos e burocráticos das campanhas é a forma mais genuína de sanar tais desigualdades e questionar até que ponto as marcas estão comprometidas a contratar empresas de pessoas negras para ajudar nesse processo.

“Para mim, empresas como a Black Influence são o caminho. Nos Estados Unidos vemos agências “black owned” como a Burrell Communications, fechando campanhas incríveis com marcas importantes como MC Donalds, incluindo influenciadores e artistas negros nesses trabalhos que dialogam com a comunidade, e atraem a atenção de todos os públicos”, diz.

Percepção sobre mercado
Cerca de 71% dos indígenas e 64% dos criadores pretos não consideram o mercado de marketing de influência inclusivo. Pessoas amarelas são as que mais creditam o setor como inclusivo (por 86%), seguida por pardos e brancos (ambos 64%). Na soma geral, 60% dos respondentes considera o mercado de marketing de influência inclusivo.

Ao serem questionados se já foram alvos de discurso de ódio, criadores de conteúdo pretos e indígenas são os mais afetados. Cerca de 43% dos indígenas e 38% dos pretos entrevistados afirmam que sim. Enquanto isso, os menos atingidos são brancos (32%), pardos (31%) e amarelos (23%). Entre as formas de discurso de ódio, o racismo é o mencionado como primeiro lugar em 60% das respostas.

Isabela Ventura, CEO Squid, contextualiza que, mesmo sendo um mercado novo na indústria da comunicação, não era de se esperar que o setor de criação de conteúdo e influenciadores fosse equilibrado nesse sentido, tendo em vista, inclusive, que pesquisas apontam que pretos não se sentem representados pelas marcas.

“O mercado publicitário foi construído com base em nichos. Aprendemos a nichar tudo: consumidores, gerações. Essa sempre foi a lógica da publicidade: dividir, segmentar, compartimentar tudo que for possível. Porém, se por um lado isso contribuiu, para o desenvolvimento desse segmento e da otimização de investimentos, por outro lado criou e reforçou estereótipos e preconceitos”, analisa.

**Crédito da imagem no topo: FG Trade/iStock

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • BBB 25 receberá apenas inscrições em duplas

    BBB 25 receberá apenas inscrições em duplas

    Globo anuncia que as inscrições para a temporada do reality no próximo ano serão feitas apenas por duas pessoas que tenham um laço afetivo

  • Disney une Disney+ e Star+ em um só streaming em junho

    Disney une Disney+ e Star+ em um só streaming em junho

    Nova plataforma terá seções das marcas Disney, Pixar, Marvel, Star Wars e National Geographic, além de novos planos de assinatura