CNN quer ampliar cobertura de negócios e alcançar outras plateias

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CNN quer ampliar cobertura de negócios e alcançar outras plateias

Há menos de um mês como CEO da operação, Renata Afonso fala dos planos de aumentar a presença multiplataforma e trazer mais público ao canal de notícias


9 de junho de 2021 - 6h00

No dia 13 de abril, pouco tempo depois do fundador do canal, Douglas Tavolaro, ter anunciado sua saída da CNN Brasil, o veículo comunicou à imprensa que sua nova CEO seria Renata Afonso, jornalista que, nos últimos 14 anos, liderou a operação da TV Tem, afiliada da Globo no interior de São Paulo.

Renata Afonso assumiu o posto de CEO do canal de notícias no último dia 17 de maio (Crédito: Divulgação)

Em 17 de maio, Renata sentou na cadeira de comando do canal de notícias, que completou um ano de operação em março deste ano. Ainda no período de imersão nos processos, equipe e modo de operação do canal, a executiva conta que está procurando entender melhor o do dia a dia do veículo para definir o rumo de sua gestão. Apesar disso, Renata já definiu alguns pontos que gostaria de aprimorar, como a ampliação do espaço dado à cobertura do mundo dos negócios, da indústria agro e de soft news.

Nesta entrevista, a CEO fala sobre suas pretensões à frente do canal, destaca o desafio de atuar em meio a um cenário que combina turbulências políticas com a pandemia de Covid-19 e fala sobre os planos de alcançar um público mais amplo e com formas diferentes de consumir conteúdo. Veja:

Meio & Mensagem: O que você já conseguiu fazer nesses primeiros dias como CEO?

Renata Afonso: Estou conversando muito com as pessoas para entender os processos e conhecer tudo, mas já consegui fazer algumas avaliações, a partir das impressões que já tinha, como espectadora do canal e, depois, de conhecer já a operação internamente. Ainda como espectadora, sentia falta de mais variedade nos assuntos da grade. O momento político pede uma cobertura muito forte e isso, por sua vez, faz com que o canal tenha boa parte do hard news ancorado no cenário político. Mas assim que o ambiente do País melhorar um pouco, acho que há espaço para crescer em outros aspectos. Vejo oportunidade de crescer, por exemplo, na parte de negócios. A CNN tem que ser a fonte de tudo aquilo que está acontecendo no mundo dos negócios; as pessoas tem que ligar na CNN para saber o que está acontecendo e se informar em relação a isso. Há alguns outros temas que são importantes que abordemos tanto no soft news quanto no hard news, sob diferentes aspectos. Sinto, por exemplo, de uma agenda de agronegócios. Há pouca notícia de um setor tão importante como esse, que leva o Brasil para a frente e que ainda é bem pouco representado, não apenas nos jornais da CNN, mas no Brasil todo. Na parte de soft news traremos informações mais diversas, desde culinária até viagens, como já trouxemos agora, com documentários, séries especiais, programas de entrevistas, tudo sempre com muita informação, porque essa é a pegada da CNN. Na parte de hard news, entraremos também com temas mais variados. O Brasil é tão positivo em uma série de aspectos e as vezes isso acaba fica esquecido.

M&M: Que diferencial, perante a concorrência, você acredita que a CNN Brasil conseguiu criar perante o público nesse pouco mais de um ano de existência e que deva ser preservado?

Renata: Muita coisa tem que ser preservada e aprimorada na CNN, essa é uma batalha diária. Tenho muito orgulho da pluralidade do canal CNN, da busca incessante por mostrar os dois lados é uma busca obstinada, uma perseguição diária e é muito difícil fazer isso. A busca pelo contraponto, por dar uma notícia e mostrar o contraponto em seguida, dar espaço para que não apenas os jornalistas e analistas falem, mas os principais personagens da cena política, do mundo dos negócios. Enfim, dar voz ao empresariado, aos políticos, aos médicos. Isso é muito importante e algo que vou reforçar no canal: trazer pessoas especializadas para tratar de determinados assuntos.

M&M: O cenário político nacional e o atual momento de pandemia representam um desafio maior para sua gestão e para o canal?
Renata: Sem dúvida. Nenhum grande gestor hoje não está se sentindo desafiado pelo momento que o Brasil está vivendo. E nosso caso, em que a matéria-prima é a notícia, ao mesmo tempo em que isso é muito rico, porque a oferta de notícia é muito grande, tanto pela situação política quanto pela pandemia e isso nos dá muito subsídio para trabalhar, ao mesmo tempo é muito desafiador na questão macro de qualquer empresa como também na forma de cobrir esses assuntos. Entender, por exemplo, os estágios de uma pandemia e da população diante dela é uma coisa sensível. Tivemos em um primeiro momento, a necessidade de entendimento do que era a doença, quais cuidados tomar, como sair, etc. Essa sensibilidade de como abordar os assuntos é algo que temos que ter e isso transcende a pandemia, a política e qualquer notícia. Por sua vez, vejo um papel importante da CNN tanto na pandemia quanto no cenário política. A CNN não é espectadora na história, ela será protagonista dessa história e vai fazer parte desse movimento do Brasil de 2020 para a frente.

“A CNN não é espectadora na história, ela será protagonista dessa história e vai fazer parte desse movimento do Brasil de 2020 para a frente” (Crédito: Divulgação0

M&M: Recentemente tivemos um episódio de agressão a um profissional da CNN Brasil (o repórter Pedro Duran foi ofendido por manifestantes no Rio de Janeiro, no dia 23 de maio). Como você vê a imagem que o público, de forma geral, tem do canal? De que forma a emissora é percebida pelo público e como é possível melhorar essa imagem?

Renata: O maior ativo da CNN é a nossa marca. Essa pluralidade, de ser um microfone aberto aos dois lados, tornou a CNN um canal com uma pluralidade muito grande. Isso é muito importante ao canal e é um grande ativo. Sobre a situação da agressão, não a vejo como uma agressão à CNN. Vejo que a imprensa e o jornalismo, como um todo, estão sendo agredidos. Não vejo as agressões aos jornalistas de outros veículos como sendo algo direcionado ao veículo, especificamente, mas ao jornalismo, de forma geral. A imprensa está sendo atacada, infelizmente e, agora, foi com um jornalista da CNN. Gostaria que isso não acontecesse com nenhum veículo, pois não tem a ver com a imagem específica de um veículo ou outro, mas se trata da incompreensão do trabalho da imprensa para uma pequena parcela da população e que se reflete de forma agressiva aos jornalistas e trabalhadores que estão ali e merecem respeito.

M&M: A CNN teve um desempenho, em termos de negócios, considerado satisfatório pelo canal em seu primeiro ano de atuação. Foram realizadas parcerias com mais de 200 anunciantes. Como é possível continuar atraindo marcas ao canal?

Renata: Ainda estou engatinhando nesse assunto mas vejo muito potencial para os anunciantes na CNN. Ninguém fala com o público com o qual a CNN fala da forma como a CNN fala, essa é a questão. O público é muito selecionado e não há um veículo que atinja esse grupo tão qualificado da forma como a CNN atinge e isso abre uma oportunidade muito grande para as marcas. É importante para as empresas estarem presentes em um canal que fala com esse público para a criação e desenvolvimento de sua própria marca. As parcerias da CNN com as marcas foram muito felizes neste primeiro ano, conseguimos construir bastante e vejo milhares de outras possibilidades de parcerias porque a CNN não é apenas um canal de TV paga. Ela será muito maior do que isso porque estaremos em todas as plataformas nos relacionando com esse público e tentando atingir ao máximo essa audiência qualificada que buscamos. Seremos a solução de marca para o negócio do cliente, tanto no digital quanto na TV por assinatura, no streaming. Queremos ser uma solução de trabalho de marca para os clientes.

Pouco antes de deixar o canal, o Douglas Tavolaro chegou a falar sobre os planos de entrada no streaming. Podemos esperar esse lançamento em 2021?

Renata: Há muitas coisas que vocês podem esperar para este ano. Mas as coisas precisam ser feitas não com tanta velocidade e mais com planejamento para que elas sejam duradouras e de longo prazo. Então, sim, teremos muita coisa esse ano, mais ainda em 2022 e continuaremos tendo porque a tecnologia se renova e o trabalho é um ato contínuo. Estaremos sim, em outras plataformas, mais presentes do que estivemos até então.

Os públicos consomem notícias de formas diferentes e temos que ter a sensibilidade de entregar formas diferentes. Sem dúvida nenhuma a CNN será maior do que ela é hoje e vamos ampliar nossa audiência com a credibilidade que temos

M&M: Você citou a importância da audiência qualificada, mas você vê oportunidades de ampliar a audiência e fazer com que a CNN seja vista e consumida por mais pessoas?

Renata: Não tenho a menor dúvida que sim e a questão é forma de dar a notícia. Os públicos consomem notícias de formas diferentes e temos que ter a sensibilidade de entregar formas diferentes. Sem dúvida nenhuma a CNN será maior do que ela é hoje e vamos ampliar nossa audiência com a credibilidade que temos. Teremos novos produtos digitais e vamos abranger mais os serviços para os públicos diferentes do que temos hoje.

M&M: Sempre que há uma troca de gestão existe uma expectativa em relação aos novos rumos da empresa. Sua gestão será de continuidade em relação ao trabalho anterior ou de mudanças?

Renata: Acho que tem as duas coisas. Vamos continuar o que é bom e mudar os pontos que acho importante serem mudados, sobretudo em relação à expansão. Daremos continuidade ao que acho que está certo, iremos transformar o que acho que pode ser aprimorado e, o mais importante, iremos expandir. Alguns pontos da CNN precisam ser trabalhados, como um olhar mais cuidadoso para as faixas horárias, entender o que o público gostaria de consumir naquele horário, mas sempre buscando a imparcialidade, ouvindo os dois lados. Esse é o mantra da CNN.

M&M: Ainda é raro vermos um veículo de mídia sendo comandado por uma mulher. Como se vê nesta posição e de que forma mais mulheres também podem ocupar esses espaços?

Renata: Uma coisa que me chamou muito a atenção é que vejo que temos mulheres em cargos importantes em veículos de mídia, claro que ainda de forma tímida perto do que poderia ser e, sem dúvida alguma, acho que a mulher está ganhando espaço e fico muito feliz de ser uma das poucas mulheres a estar nessa posição e ajudando a abrir espaço para que outras mulheres tenham menos dificuldades do que nós tivemos. Mas, acho que o mais chamou a atenção, no meu caso, foi o fato de ser uma mulher tocando hard news, falando de política, de planos de economia e tocando um canal que trata desses assuntos. Meu papel é importantíssimo perante outras mulheres inclusive nesses temas. Não acho que minha contratação chamaria tanto a atenção se eu tivesse, por exemplo, tocando um canal de comportamento. O que chama a atenção é o fato de eu estar comandando um canal de notícias e, nisso, realmente, as mulheres ainda tem pouco espaço.

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