Noite de glória, dias de luta

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Opinião

Noite de glória, dias de luta

Se há um setor com flexibilidade, autonomia e capacidade para criar soluções tanto para os clientes quanto para o próprio negócio, nas situações mais adversas, é o da comunicação


12 de dezembro de 2016 - 10h49

caboré

Foto: Reprodução

Caso alguma pessoa sem acesso a informações sobre o desempenho da economia brasileira nos últimos anos caísse de paraquedas na cerimônia de premiação do Caboré 2016, teria sérias dificuldades em acreditar que o País atravessa a mais severa recessão de sua história recente.

Como já é tradicional, em sua 37a edição o maior evento da publicidade nacional reuniu os principais empresários e executivos da indústria da comunicação em encontros animados e rodas de conversas nas quais, se não foi completamente barrada na porta de entrada principal do Citibank Hall, a palavra crise, quando mencionada, vinha sempre acompanhada de um olhar positivo quanto a 2017.

Foi uma noite destinada ao reconhecimento: dos premiados em cada uma das 13 categorias e de todos os indicados, cuja excelência no trabalho ganhou os holofotes desde a revelação dos nomes, em setembro, mas, especialmente, da força desse mercado, que se renova e se reinventa com velocidade cada vez maior, na busca por relevância na estratégica relação entre marcas e consumidores.

Quem subiu ao palco para receber a tão desejada coruja retribuiu com gratidão. Como Paula Nader, do Santander, vencedora dentre os profissionais de marketing, que agradeceu “às pessoas que param para ouvir o que tenho para dizer, mas, mais do que isso, àquelas que me fazem parar para ouvir e entender o que podemos fazer melhor”. Ou Guilherme Jahara, da Fbiz, apontado como o Profissional de Criação do ano, que enalteceu “quem não votou em mim, pois eu estava concorrendo com profissionais incríveis, que admiro muito”, numa referência aos criativos Bruno Prosperi, da AlmapBBDO, e Renato Simões, da Wieden + Kennedy.

Momentos como a premiação do Caboré são importantes, pois nos fazem acreditar em dias melhores, independentemente do viés da economia. Porque é isso que nos move todos os dias: a esperança de que há um futuro promissor a ser avistado logo após os obstáculos que se erguem à nossa frente. Esse clima de otimismo e compromisso precisa ser estendido para muito mais do que algumas horas de um dia.

Não dependemos de um único produto nem temos capital imobilizado em máquinas. Nossas melhores ferramentas são livres, resilientes e facilmente adaptáveis a novas missões: criatividade e pessoas dispostas a fazer hoje melhor do que ontem

É verdade que há componentes do ambiente de negócios (como instabilidade política, realidade macroeconômica, condições burocráticas) que não podemos alterar diretamente, com as próprias mãos e simplesmente sendo positivos em termos de pensamento e atitude.

Mas, se há um setor com flexibilidade, autonomia e capacidade para criar soluções tanto para os clientes quanto para o próprio negócio, nas situações mais adversas, é o da comunicação. As amarras de indústrias tradicionais e ultra-dependentes de um portfólio limitado de ofertas não podem nos prender.

Não dependemos de um único produto nem temos capital imobilizado em máquinas. Nossas melhores ferramentas são livres, resilientes e facilmente adaptáveis a novas missões: criatividade e pessoas dispostas a fazer hoje melhor do que ontem.

Talvez seja esse o grande motor da esperança emanada em uma noite emblemática como a da segunda-feira, 5 de dezembro: a consciência de que sempre existirão portas abertas para quem trabalha com o propósito de fazer a diferença, criando, servindo e inovando.

Se é certo que 2017 será mais um ano de muita luta, também não restam dúvidas de que é para isso mesmo que estamos aqui.

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