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Afinal, qual é a estratégia da Alezzia?

Na contramão da bandeira de igualdade de gênero levantada pela indústria da comunicação no mundo, empresa de móveis consegue repercussão com posicionamentos polêmicos


9 de fevereiro de 2017 - 18h50

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A empresa de móveis e objetos de decoração Alezzia, com sede no Rio de Janeiro, não era conhecida por boa parte do público até o final do ano passado, quando sua estratégia de divulgação foi questionada por um grupo de consumidores.

Em dezembro do ano passado, uma jovem criticou a página da marca no Facebook pelo fato de exibir seus móveis e objetos de decoração por meio de ensaios fotográficos com modelos de biquíni, em meio a paisagens de praia ou campo. Receber críticas na internet é algo que se tornou até comum para a maior parte das empresas que atuam em um cenário de exposição e interação contínua com os consumidores. O que chamou a atenção, nesse caso, foi a maneira como a rede de móveis reagiu às acusações de machismo.

Em vez dos tradicionais pedidos de desculpa ou dos esclarecimentos de que a ação não teve a intenção de ofender –atitude comum para a maior parte das marcas que se veem envoltas em polêmicas – a Alezzia não apenas reafirmou que seu conceito era exatamente aquele como desafiou as pessoas que não concordavam com sua postura de comunicação. Como muita gente ameaçou avaliar a empresa de forma negativa no Facebook, a fabricante de móveis tentou criar uma campanha prometendo doar quantias em dinheiro para instituições de caridade se sua nota geral continuasse alta.

Desde então, a marca ganhou a atenção do público e passou a levantar a bandeira do “politicamente incorreto” sob o argumento dos direitos à liberdade de expressão e de comunicação. Nesta quinta-feira, 8, o nome da Alezzia voltou a circular nas redes sociais pelo envolvimento da marca em um novo episódio: a Alezzia demonstrou solidariedade e ofereceu um estágio a Gabriel Vaz, rapaz cuja história ganhou as redes sociais nesta semana. Ele foi demitido da Cantareira Construtora e Imobiliária, localizada na cidade de Maringá, no Paraná, após a empresa ter descoberto diversas postagens nas quais ele usava imagens de seu cotidiano no trabalho para criticar feministas e mulheres.

“Achamos o rapaz criativo e ficamos sensibilizados com a situação”, disse a marca à reportagem de Meio & Mensagem, que procurou a Alezzia para saber mais de sua controversa estratégia de marketing.

Contra o politicamente correto
Sem atribuir suas declarações a um porta-voz – com o argumento de ser uma empresa “coesa” – a Alezzia parece estar bem confortável e satisfeita com os resultados da estratégia de ir na contramão de toda a indústria global de comunicação. Desde dezembro, quando levantou a bandeira contra o que chama de “politicamente correto” e lançou o “Desafio Alezzia”, a marca afirma, em seu blog, ter ampliado em 50% suas vendas. A quantidade de visitas na página da marca no Facebook cresceu mais de 1000%. “O Brasil mostrou de forma avassaladora que o tempo do “politicamente correto” acabou e que a liberdade de expressão é o melhor caminho para fazermos um país mais justo e mais igual”, diz a marca, em seu blog.

A marca assume já ter sido alvo de críticas antes da polêmica de dezembro do ano passado, mas nada que gerasse tamanha repercussão. De acordo com a empresa, a ideia de responder a crítica da usuária do Facebook com um desafio foi casual. “Como uma visitante disse que ia baixar a nota e propôs fazer uma doação com o cupom que oferecemos a ela, nós também nos sentimos no direito de fazer uma doação para equilibrar a balança”, explica a empresa à reportagem.

Inspiração na Benetton
Defendendo valores como lealdade, disciplina, criatividade, ousadia e equilíbrio, a Alezzia diz ter como inspiração a grife italiana Benetton, cuja publicidade nos anos 80 e 90 ganhou fama mundial pelo uso de imagens impactantes e por tocar em temas considerados tabus, como direitos humanos, questão racial e HIV.
Defender o politicamente incorreto em um momento no qual o debate sobre os estereótipos de gênero e machismo estão em alta no Brasil e no mundo é uma estratégia que a Alezzia vem usando como diferencial. Sobre as iniciativas das demais marcas e empresas, que vem tentando incluir o tema da igualdade e se conectar com as discussões femininas presentes na sociedade, a marca faz uma crítica. “Nós achamos que elas devem fazer isso se é realmente o que acreditam do fundo do coração. Se estão apenas seguindo uma moda, deveriam abandonar essa estratégia”, sugere a Alezzia.

Postada nessa quarta-feira, 8, a mensagem na qual a marca oferece trabalho para o estagiário demitido por machismo já possui 8,5 mil curtidas e mais de 1300 comentários – muitos deles com elogio à postura da Alezzia. Além de dar continuidade às campanhas de doações à instituições sociais de acordo com o volume de suas avaliações positivas, a marca já tem pela frente outra missão em sua comunicação: tentar mudar as regras da atual lei trabalhista.

Em seu blog, a Alezzia defende uma série de alterações nas regras de contratação de funcionários. E por que razão uma empresa de móveis quer interferir nessa causa? “Nossa fanpage no Facebook é o canal que encontramos para conversar com os brasileiros e trocar conhecimento. De forma alguma queremos usar esse meio de comunicação apenas como uma ferramenta de vendas. Todos esses acontecimentos nos ensinaram que é importante uma empresa ser ativa politicamente e defender suas idéias”, explica a Alezzia, em seu blog.

E para as pessoas que discordam totalmente do tom e da proposta de comunicação e marketing da marca, a empresa também tem sua resposta. “Nos achamos que elas estão certas. Se é isso que elas acham tem mais é que se posicionar mesmo. Somos a favor da anarquia da comunicação. Todos falam o que quiserem e recebem as respostas seja ela qualquer.”

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