Assinar

Dez fatos de 2013 para esquecer

Buscar
Publicidade
Marketing

Dez fatos de 2013 para esquecer

Se o ano trouxe muitos fatos memoráveis, também há aqueles que ninguém deseja que se repitam


20 de dezembro de 2013 - 8h30

1. A espionagem nada secreta do governo americano

Em 6 de junho, reportagens nos jornais The Guardian e Washington Post revelaram informações sobre o trabalho de espionagem da National Security Agency (NSA), órgão vinculado ao Ministério da Defesa americano. O vazamento, articulado graças ao contato dos jornalistas Glenn Greenwald e Laura Poitras com o ex-analista de inteligência Edward Snow­den, se destacou pela falta de limites do nível de invasão da agência americana. Os meios interceptados eram variados: telefones fixos, celulares, mensagens de fax, contas de e-mails, chats, redes sociais, ligações em VoIP, históricos de navegação, arquivos na nuvem, CPUs e até mesmo videogames. Os alvos também foram amplos, de diplomatas a pessoas comuns, passando por autoridades como a presidente Dilma Rousseff e executivos da Petrobras. México, Alemanha, China, nações árabes e países da América Central foram outras vítimas do monitoramento. Agências de aliados americanos, como Canadá e Reino Unido, também estavam associados ao esquema. Sobrou também para as empresas de tecnologia como Facebook, Google e Apple, obrigadas a ceder informações dos usuários de seus serviços em condições ainda não esclarecidas. A maior parte dos 200 mil documentos vazados até dezembro de 2013 referia-se aos três últimos anos, embora o Guardian afirme que só foi publicado 1% de todas as informações coletadas por Snowden.

wraps

2. A emboscada do Iron Maiden à Heineken

São 28 anos de história, 1.120 atrações, 1.070 horas de música e mais de US$ 495 milhões investidos na marca Rock in Rio, mas a 13a edição, realizada no Brasil em 2013, apresentou um fato inédito: marketing de emboscada de um artista. No encerramento do show do Iron Maiden, o vocalista Bruce Dickinson soltou a pérola “a cerveja servida aqui é tão ruim que tive de trazer a minha” enquanto mostrava uma garrafa de Trooper, cerveja lançada neste ano pelo grupo inglês. Além de caçoar da Heineken, que pagou R$ 23 milhões para patrocinar o evento, a banda impulsionou o lançamento do rótulo no País — a importadora On Trade trouxe o produto da cervejaria inglesa Robinson’s para o Brasil em agosto, um mês antes do festival. O inusitado merchandising mostrou que não são apenas nos grandes eventos esportivos, como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, que organizadores e patrocinadores devem ficar alertas à concorrência.

wraps

3. Ficou feio para os artistas

Lutar com palavras é a luta mais vã, ensinou Carlos Drummond de Andrade. Esse trecho do poema “O lutador” poderia embalar a polêmica luta contra as biografias que artistas estão travando contra escritores. A briga não é recente. Em 2007, Roberto Carlos proibiu o livro Roberto Carlos em Detalhes, do jornalista Paulo César de Araújo, por meio de ação na Justiça. A justificativa: invasão de privacidade. Em 2012, a Associação Nacional dos Editores de Livros entrou com ação contra artigo do Código Civil que acaba por obrigar a autorização prévia das biografias. A entidade alega inconstitucionalidade. Em outubro passado, a associação Procure Saber, formada por artistas como Caetano Veloso e Chico Buarque, fez novas defesas da determinação de autorização, mas foram conduzidas de modo questionável por Paula Lavigne, presidente do grupo. Além disso, Chico Buarque escreveu, em artigo, que jamais dera entrevista a Araújo, material que fazia parte do livro proibido. O jornalista comprovou, com um vídeo, que a entrevista de fato acontecera. O músico se desculpou, mas a crise de imagem já estava instalada. Roberto Carlos tentou intervir, colocando seus advogados à frente da discussão. Um artigo de Caetano, no entanto, levou o Rei a sair da associação. O Supremo Tribunal Federal ainda não se pronunciou a respeito da questão de inconstitucionalidade alegada pelos escritores.

wraps
4. O Projeto de Lei da “Família Margarina”

Segue em trâmite na Câmara dos Deputados, aguardando designação do relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), um projeto de lei (5921/2001) que regulamenta a publicidade infantil e obriga as marcas a utilizarem apenas modelos tradicionais de núcleo familiar em seus anúncios. De acordo com o parágrafo 4o do artigo 6o do projeto, “a família é a base da sociedade e, quando exibida na propaganda comercial, institucional ou governamental, deverá observar a unidade familiar prevista no artigo 226, §3o da Constituição Federal”. Na prática, a medida determina que só poderão aparecer em propagandas famílias formadas por homem e mulher. Famílias de pais solteiros, que criam seus filhos sozinhos, ou de homossexuais, formadas por dois homens ou duas mulheres, estariam vetadas pela norma. O deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ) afirmou que o projeto quer transformar aqueles que não têm “família de margarina” em sujeitos “sem família alguma”. “Será que essa é a forma de tornar as pessoas mais tolerantes com o próximo e menos preconceituosas? Ou será que é apenas uma forma de reforçar os preconceitos e a intolerância contra crianças sem o nome do pai ou da mãe no documento?”, questionou, via redes sociais.
 

5. A capa polêmica da Rolling Stone

Quem diria que uma grande publicação como a Rolling Stone divulgaria em sua capa um rapaz suspeito de comandar um atentado que matou três pessoas e deixou cerca de 260 feridas? O ataque aconteceu durante a maratona de Boston em abril deste ano. A capa da edição de agosto da revista, que tem o costume de retratar astros da música e da cultura pop, causou revolta entre os leitores nos Estados Unidos. Eles consideraram o ocorrido uma falta de respeito. O acusado pelo atentado, Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos, ganhou ainda um perfil na mesma edição. Com a chamada “The Bomber”, a reportagem procurou demonstrar “como um adolescente popular e promissor nos estudos acabou se tornando um monstro”. Hostilizada nas redes sociais ao divulgar a capa, a Rolling Stone disse que durante dois meses a repórter Janet Reitman, que assina o texto, entrevistou fontes e coletou informações para construir o perfil de Tsarnaev e que a publicação segue seu compromisso em realizar uma cobertura jornalística séria sobre relevantes fatos políticos e culturais. Além das reclamações, a revista perdeu o apoio de lojistas como Tedeschi Food Shops, CVS, Walgreens, Roche Bros., Cumberland Farms, Stop & Shop e Shaw’s, as quais afirmaram que não comercializariam a edição. De acordo com The Boston Globe, a rádio WBOS ofereceu ingressos de shows para quem jogasse a Rolling Stone em um lixo da emissora.
 

6. O ataque à sede do AfroReggae

Com um trabalho sólido em comunidades cariocas há 20 anos, o Grupo AfroReggae se viu em uma encruzilhada este ano. Em julho, uma pousada montada pela ONG, localizada no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, sofreu um ataque e a sede da organização no mesmo local foi alvo de um incêndio criminoso e também atingida por tiros de fuzil. Inicialmente, José Junior, fundador do Afro­Reggae e coordenador da ONG, decidiu deixar o local para preservar a segurança de seus colaboradores e funcionários. Após uma movimentação da sociedade, com o apoio de nomes como o apresentador Luciano Huck, a atriz Cissa Guimarães e o humorista Hélio de La Pena, e o lançamento da campanha “Somos todos AfroReggae”, que invadiu as redes sociais, Júnior reconsiderou sua decisão. Outro ataque, dessa vez a uma das sedes do grupo na Vila Cruzeiro, foi realizado em agosto. Júnior declarou em sua página no Twitter que “os atentados fazem parte da estratégia dos covardes que querem mostrar o que não têm: força”.

wraps
7. PlayStation 4 joga contra o bolso do brasileiro

Quando foi lançado, em novembro, o PlayStation 4 da Sony registrou vendas de um milhão de consoles, somente no primeiro dia, nos Estados Unidos e no Canadá — onde o aparelho custava o equivalente a R$ 839. Um consumidor canadense comprou e quebrou o aparelho em protesto (sem explicar exatamente o porquê), logo ao sair da loja, mas o gesto certamente não se repetirá no Brasil, uma vez que o preço do console por aqui é de R$ 4.000, o mais caro do mundo. A justificativa da companhia japonesa é de que a cascata de impostos sobre produtos importados no País obriga a empresa a praticar o preço exorbitante. A própria Sony não espera grandes vendas do PS 4, tanto que não fez nenhuma ação especial para o lançamento no Brasil, onde o aparelho chegou às lojas em 29 de novembro — sem jogo nenhum disponível para compra. A Sony anunciou que tem planos de fabricar o aparelho localmente, mas não especificou quando isso acontecerá.
 

8. A imprensa vira vítima dos protestos

Os gritos das manifestações que eclodiram em várias cidades do Brasil neste ano podem ser considerados deveras difusos, mas um alvo foi sempre comum: a imprensa. A atuação e a credibilidade das emissoras foram colocadas em xeque durante os protestos. Record e Globo tiveram carros incendiados, jornalistas do calibre de Caco Barcellos foram hostilizados e impedidos de cobrir passeatas e a revista Veja foi queimada em um dos atos. Em meio a esse turbulento cenário, um estilo de jornalismo surgiu das ruas: repórteres infiltrados no meio do povo, dividindo-se entre agentes e narradores daqueles fatos, tendo a internet como principal canal de distribuição do conteúdo. Personificada na agência de notícias Mídia Ninja, essa nova imprensa pode ter seu futuro ainda incerto, mas conseguiu mostrar que muitos olhos e ouvidos estão cansados daquilo que sempre foi dito e mostrado pela chamada mídia tradicional — esse ensinamento não deve ser esquecido.
 

wraps
9. A decepção de Adnet na Globo

Fazer parte do elenco da Rede Globo é sinônimo de atingir o ápice da carreira para muitos artistas. Assim parecia ser com Marcelo Adnet, anunciado como a grande contratação de 2013 após seduzir os espectadores, com o humor inteligente e a versatilidade que apresentava na MTV. O talentoso humorista, no entanto, encerra o ano com a sensação de não ter mostrado a que veio na grade do canal de maior público do Brasil. Após a frustrada experiência de protagonizar O Dentista Mascarado — seriado massacrado pela crítica e decepcionante em audiên­cia —, Adnet ainda estrelou um quadro para homenagear os 40 anos do Fantástico e fez participações especiais em outros programas da casa. Nada, porém, que estivesse à altura da genialidade mostrada na MTV. A Globo ainda não revelou as missões do artista para 2014. Espera-se, no entanto, que seja dado a Adnet o espaço certo para mostrar porque é considerado um dos maiores nomes da nova geração do humor nacional.
 

10. Instabilidade volta a rondar grade do SBT

Embora tenha conseguido estabilizar sua grade de programação, o SBT, em alguns momentos deste ano, parece ter voltado aos velhos tempos em que atrações eram tiradas do ar, confundindo o público. Com receio de perder audiência após o fim de Carrossel, em julho, a emissora anunciou a reprise da trama poucos dias depois do último capítulo ter ido ao ar. A medida não pegou bem e a promessa foi desfeita na sequência. No mês seguinte, no entanto, novamente veio a ordem de reprisar a novela da Professora Helena, exibição que foi posteriormente interrompida por conta da audiência insatisfatória. Para preencher a faixa vespertina, foi montado rapidamente um programa jornalístico, que deveria seguir os moldes do extinto Aqui, Agora. O programa também não deu certo e, em nova mudança, foi retirado do ar. As tentativas e experimentos sempre foram estratégias presentes no DNA do SBT. É necessária, porém, cautela para não manchar a imagem conquistada no mercado nos últimos anos.

Bárbara Sacchitiello, Bruna Molina, Fernando Murad, Igor Ribeiro, Lena Castellón, Roseani Rocha e Teresa Levin 

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Copa do Mundo: Fifa anuncia os países-sede das edições de 2030 e 2034

    Copa do Mundo: Fifa anuncia os países-sede das edições de 2030 e 2034

    Competição será dividida entre Espanha, Portugal e Marrocos, com jogos também na Argentina, Uruguai e Paraguai em 2030 e Arábia Saudita será a sede em 2034

  • Granado compra a marca Care Natural Beauty

    Granado compra a marca Care Natural Beauty

    Compra da marca de cosméticos sustentáveis simboliza mais um passo na ampliação da atuação da Granado no segmento